epílogo: começos, meios e fins

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Os dias na escola passaram depressa.

E tedioso.

Nossa rotina que beirava a exaustão de tanta coisa que tinha para fazer, mudou e passou a ser até mesmo maçante. Acho que o fato de minha mente estar sob o meu controle ajudou muito nisso, afinal, quando você para de pensar muito os problemas simplesmente somem.

Provavelmente mais de 65% das coisas que se passavam na minha cabeça só se tornaram realmente um problema porque eu dava atenção demais.

Mas hoje foi diferente.

Antes mesmo do meu beijo caloroso em Chaeyoung fora das paredes do nosso quarto, já rolava um burburinho sobre nossas demonstrações de afeto nada convencionais para duas amigas. Esse fato foi informado por mim por Nayeon, que me disse faz alguns dias. Eles rolam desde maio — sim?! —, e a menina só não me disse porque, bem, eu não lidaria com isso de uma maneira muito "tranquila". Não como lidei agora.

E, Deus, depois do beijo e no outro dia, que aparecemos andando de mãos dadas pelo corredor extenso do internato, o boato foi confirmado de uma maneira tão suave quanto uma pedrada num vidro barato.

Confesso que por conta disso, fiquei bem nervosa quando eu e Chaeyoung estávamos conversando perto dos armários hoje, dividindo uma Coca-Cola e uma fatia de torta que compramos de Sooyoung. Mais um dia normal na YoungSan, se não fosse pelo fato de que Jieun passou por nós.

Ela ia continuar no seu caminho, direto e nos ignorar, mas algo em sua cabeça a fez voltar andando de costas, encarar nós duas e dizer:

— Quero vocês na minha sala no começo do quarto horário.

Son até parou de sugar o canudo.

E o meu olho visivelmente tremeu, ao mesmo tempo que um pedaço de frango entalou na minha traqueia.

Por isso, estávamos eu e Chaeyoung estagnadas em frente ao gabinete da diretoria, morrendo de medo de estarmos prestes a sermos expulsas do internato ou algo assim. Chaeyoung, meio que para me relaxar, durante todo o caminho para a sala bateu as mãos no meu quadril, ou ficava fazendo gracinhas como enfiar as mãos dentro da minha blusa. Ainda que o motivo de estarmos indo para lá era justamente essas nossas ações, aquilo me fez ficar mais tranquila.

Isso mudou quando paramos em frente a diretoria, é claro.

— Vão expulsar a gente, Chaeyoung. Meu Deus!

Foi o que gritei num sussurro no momento em que já estávamos na sala de espera esperando por Jieun. Mordi a ponta da minha unha, a perna balançando num ritmo rápido. A secretaria não estava nem um pouco interessada em prestar atenção em nós.

— Claro que não Mina! Não podem fazer isso! Acho que o máximo devem nos trocar de quarto. — senti o coração pesar e cocei a calça, um biquinho formando nos meus lábios. A morena se inclinou sobre meu corpo, tocando os lábios no meu ouvido. — Poderia ter menos chances se você não gemesse tanto! — Arregalei os olhos, coração batendo alto.

— Para com isso! — dei um tapa na coxa da menina, e no mesmo instante Jieun entrou na sala, apressada. Levantamos num pulo, as minhas bochechas coradas com o olhar julgador da secretaria para a gente.

A diretora provisória sorriu pra gente, antes de franzir o cenho.

— Cadê as outras?

Encarei Chaeyoung, e ela me encarou.

— Outras?

Meu Deus. A mulher acha que estamos num relacionamento poligâmico?

— É! O resto da Us?

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