esperas, brownies e retornos

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De todas as coisas que eu pensei que aconteceriam neste ano, sem qualquer dúvida, ter Park Jihyo em meu quarto não era uma delas.

Mas, ela está aqui, ao mesmo tempo que eu fazia um rabo de cavalo em meus cabelos castanhos e longos. Sentada na cama, a garota observava tudo no quarto em silêncio, enquanto a minha própria colega de quarto não voltava da sala de informática.

Com uma indiscrição não recomendada para alguém como eu, meus olhos estavam fixos na morena, pelo reflexo do espelho. Por mais que minha atenção estivesse nela, os meus dedos trabalhavam em um penteado que começava a tomar forma em meus fios de cabelo. Park me ignorava; tinha as pernas presas em um jeans colado, enquanto a jaqueta da escola azul realçava seus traços. A blusa de uniforme prensava seu par de seios, e por conta disso, os dois botões da camisa polo estavam abertos. 

Ao lado de Jihyo, sentada na escrivaninha de Chaeng, estava Sana. A menina mexia no celular, digitando algo com as unhas decoradas minuciosamente com flores. O cabelo estava preso em um rabo e eu fico chocada com o tanto que Minatozaki Sana ficava bonita apenas... Existindo.

Não é à toa que a garota é modelo.

Assim que terminei a trança, virei para Park Jihyo, que roía umas das unhas, parecendo pensativa. Parei, pensando se deveria perguntar para ela o que a afligia, visando que sua perna também batia repetidas vezes no chão. Entretanto, como sempre, fiquei quieta, me levantando e indo até a cômoda, onde guardei todos os pertences que eu havia usado na minha higiene matinal. Ao contrário do que pensei, a primeira pessoa que puxou papo comigo foi Sana. Na real, achava que ela me odiava por não ter concordado participar da mobilização para trazer Joohyun de volta.

— Uh, você gosta de Michael Jackson? — ela perguntou de repente, girando na cadeira e parando virada para mim. Tombou a cabeça para o lado de uma forma tão adorável que eu tive vontade de morrer de amor.

— Sim — falei tão baixo que nem sequer sei se ela escutou.

— Minha mãe adorava — estranhei o verbo conjugado no passado. Abri a boca para questionar algo. Mas a acastanhada completou: — Ela morreu. — arregalei os olhos.

Minha boca se abriu, espantada, porque eu sinceramente não esperava por isso. Entretanto, antes que eu sequer pudesse me desculpar pela memória que poderia ser um gatilho de tristeza para si, Jihyo começou a rir.

Sana... — a Park continuou rindo, abaixando a cabeça e tampando o rosto com as mãos.

— Hey! Não ria da morte da minha mãe! — Sana resmungou, mas notei um sorrisinho travesso nos seus lábios.

Ok...

Isso é estranho?

— Eu... Desculpa? — falei, com um quê de hesitação. Não ia questionar as risadas delas. Talvez estivesse debochando de mim. Engoli em seco, sentando na cama.

— Sana é adotada — Jihyo murmurou, elevando o rosto para me encarar. Meu queixo caiu, mais uma vez, como se eu compreendesse a situação.

Wow. Isso é realmente... Eu não esperava por isso. De verdade.

Continuei calada.

Sana, balançando na cadeira e mexendo nas unhas, tombou a cabeça no encosto, me olhando de longe.

— Meu pai Junghyun, me falou que quando conseguiu finalmente a minha guarda, a diretora do orfanato disse que tinha uma carta e um DVD comigo, quando fui deixada lá — olhou para o teto, a mente viajando nas lembranças. — Aparentemente meu pai biológico japonês que a escreveu, e nela falava que minha progenitora havia falecido no parto e não tinha condição de me criar sozinho... Então, ele estava deixando o DVD favorito do cantor favorito da minha mãe comigo — sorriu. — Era o álbum de Bad.

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