Capítulo 17

205 27 5
                                    

Depois de três pasteis e três xícaras de café me sinto melhor.

Ligo para Katherine, informo que houve um acidente com Laura. E passo algumas diretrizes para a empresa durante minha ausência. Depois mando uma mensagem para que Bruce me traga algumas roupas e meu computador.

Em seguida ligo para a polícia e falo com o investigador que está cuidando do caso. Ele me assegura que estão caçando Vicent mas que não há notícias ainda.

Já se passaram muitas horas, Vicent teve muito tempo para escapar. Mas existe alguém que pode achá-lo.

Por último. E o que eu não gostaria de fazer. Ligo para Lucca Fontelli.

- Ora, ora...sempre um prazer McGregor.

- Preciso que você ache alguém. Pelos seus meios.

- Para você pedir isso...o que houve?

Conto a ele o que Vicent fez.

- Bastardo! Bella Laura...

- Preciso achá-lo.

- Vou me informar e retorno quando souber de algo. Me ligue se precisar de algo McGregor. A família tem uma dívida com você.

Desligo e caminho agora para o quarto de Laura. O pai dela, Daniel e mais dois médicos estão no quarto.

- Logan. Venha. Este é Dr. Gregory, neurologista. E este é Dr. Joseph, traumatologista e reumatologista. Cumprimento os dois médicos, o primeiro jovem e o segundo já mais velho.

- Após acomodar Laura, viemos reavaliar. É bom que você chegou e já houve tudo.

Depois de explicar algumas coisas mais técnicas, o neurologista diz que Laura realmente tem um inchaço no cérebro, confirmado pela tomografia.Mas que não parece ser grave e já está reduzindo. Mais dois dias e eles vão refazer a tomografia para avaliar.

- Existem sequelas?

- Podem existir, só saberemos melhor depois de repetir o exame e quando ela acordar.

O segundo médico tem um diagnóstico mais complicado. Laura teve uma fratura grave, além disso o corte foi profundo e afetou a musculatura e rompeu um tendão.Ele mostra algumas radiografia e explica, que ao que parece após a fratura Laura tentou se mover, sentar ou levantar, o que piorou o quadro.

Não consigo evitar o desespero que me toma a cada palavra deles. Agarro com toda a força que tenho o ferro da cama, para me manter parado e continuar a ouvir.

Imaginar Laura, machucada tentando escapar de Vicent me traz uma onda de violência, que mal consigo conter.

É Daniel quem conclui.

- Por enquanto temos que esperar. Vamos repetir os exames, e teremos mais informações. Esperamos que ela acorde nas próximas quarenta e oito horas, vamos ver como o corpo dela reage.

Os médicos saem e Daniel vem até mim.

- O que houve?

- Nada.

- Claramente. A forma carinhosa que você segura esse ferro me diz bem isso.

A piada dele me irrita mais ainda e prefiro sair de perto.

- Logan...olha..

- Você parou pra pensar no que deve ter acontecido? Como deve ter acontecido? Ela tentou fugir, depois de machucada....eu...

- Sim eu já pensei. E acredite, como médico eu sei bem o que ela sentiu, o que passou. Se você soubesse os detalhes iria se sentir bem pior.

Olho para minhas mãos. E me sinto um incapaz. Tive milhares de chances de evitar tudo isso. Eu poderia ter feito algo, ter contado quem ele era, ter falado com ela quando ele a agrediu, talvez ....maldito...

caminho de um lado para o outro no quarto.

- Logan escute. Isso não a ajuda. Não podemos mudar o passado. Concentre-se no agora. Quando acordar, a realidade vai ser dura pra ela. Ela vai precisar de nós e se quiser fazer parte disso, se acalme.

Daniel sai em seguida. O pai de Laura, vem até mim. Apenas coloca a mão no meu ombro e acena com a cabeça.

- Vou comer e dormir. Quando eu voltar, você vai.

Concordo.

Aguardo ele sair para então me sentar em uma cadeira em um canto. Antes de ir até Laura quero acalmar meus sentimentos. As palavras de Daniel rodam pela minha cabeça. Não quero saber os detalhes. Com certeza não quero.

Imaginar o terror dela, o que Vicent disse, o que fez...foram horas lá, e nós não sabíamos de nada. Depois de quase uma hora, consigo afastar os pensamentos assassinos, e clarear a névoa vermelha que pairava na minha mente.

Vou até Laura. Para prometer.

- Não vou sair do seu lado. Até que você exija isso. Me perdoe...por não salvá-la dele.

Levo uma cadeira até o lado da cama. E esse é meu novo porto.

Deixo o quarto apenas quando o pai dela está. E apenas para tomar um banho e comer. Bruce trás roupas limpas a cada dois dias. 

diferente do que Daniel e o corpo médico previa Laura não acordou dois dias depois. Nem dois dias depois disso.

Quando chegamos no décimo dia, Daniel veio ver como ela estava, e não pude me conter.

- Quando ela acordará ?

Ele não responde, talvez pelo meu tom ríspido. Estou cansado, sem paciência, e quase desesperado com a falta de reação de Laura. Tudo o que eles dizem é que é o tempo que o corpo dela precisa.

Daniel faz menção de deixar o quarto sem me responder, e não consigo frear meus passos. agarro ele pelo jaleco branco e o coloco na parede.

- Me diga! quando ela vai acordar?

Meu tom é assassino. E assim que falo me arrependo. Mas a frustração está me consumindo.Não haáraiva no olhar dele pra mim, nem uma sombra de irritação. 

Daniel apenas aguarda eu soltá-lo.

Volto a caminhar pelo quarto, me sentindo um animal em uma gaiola pequena.

-Logan...eu sei, tá? Eu sei...mas do ponto de vista médico é isso. Ela deveria acordar. Temos que aguardar. dia a dia ela vem melhorando, oxigenação, hematomas tudo...ela vem melhorando.

Então por que? Por que ela não acorda? 

- Logan, pare de andar pelo amor de Deus! Pare! E escute!

- Não preciso escutar nada Daniel.

Bruce chega nesse momento trazendo a mala com as minhas roupas.

- Olha, aproveite e vá com o Bruce. Vá pra casa Logan, descanse ao menos um dia. 

Sento na cadeira próxima da janela.  Frustrado e cansado. Enjaulado e preocupado.

- Você ir agora, não diminui em nada o que você já fez, todos os dias que você esteve aqui. 

Daniel quer ajudar. Mas ele não entende.

Vejo na rua, a três andares abaixo, um carro chegar ao estacionamento. Um senhor desce e vai até o outro lado do carro. Abre a porta do passageiro e estende a mão. Desce então uma senhora, com bastante dificuldade para caminhar. Os dois são idosos, mas ele a ampara. Não pode deixar de fazê-lo.

Também não posso. 

- Eu não estive lá quando ela precisou. Mas estarei quando ela acordar.

-Você salvou ela, se não fosse por você eu não teria chegado a tempo naquele endereço.

- Eu não posso ir. Não consigo.

Daniel me olha em silêncio, e depois balança a cabeça. Em seguida deixa o quarto.

Bruce troca as malas e faz o mesmo. Ele ficava mais nos primeiros dias, tentava conversar. Mas confesso que meu humor tem piorado e não quero conversar. Bruce respeita isso.

Voltamos a ficar nós dois. Laura placidamente em um sono muito longe de mim. E eu, no que parece uma eterna vigília.

Votemmmm!! Se estão gostando!

Nosso ogro gentil....alguém com pena?





Quando Fechei Meus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora