Capítulo 23

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Quando deixo meu lugar, ao lado da sua porta, já sei que dormir vai ser difícil. Eu deveria ao menos tentar dormir um pouco, depois de dias em um hospital, dormindo em uma cadeira. Minha cama é realmente convidativa. Mas é para a academia que vou.

preciso drenar todo veneno que tenho em mim agora. Quero matar Vicent. E sinto o quão poderoso é esse sentimento. Poderoso, mas escuro. 

Minha natureza não é pacífica. E raiva e ódio são péssimos conselheiros. 

Me exercito enquanto os pensamentos fluem.  

Quando termino já é bem tarde. 

Vou olhar Laura antes de ir para o meu quarto. E aí estou perdido. 

O sono inquieto dela, me faz ficar. Paro na porta mesmo. Não quero acordá-la. 

Essa mulher...tem algo de diferente nela. Não consigo definir... se na personalidade, na aura, espírito, sei lá. Algo magnético.

Penso em uma frase que li uma vez, e que na época não fez sentido nenhum para mim. 

"Estarei aí até que não me tenhas mais e te terei mesmo se não te tiver".  Se bem me lembro é algo que Federico Moccia escreveu. 

Faz todo sentido agora.

Daqui onde estou sinto ela. Onde quer que eu esteja vou tê-la comigo. Mesmo que ela não me aceite. Ainda vou tê-la em mim.

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Consigo dormir apenas depois do dia amanhecer. 

Recebi a enfermeira que ficará com Laura. Passei todas as instruções que Daniel me deu. E só então consegui fechar os olhos e dormir.

Quatro horas bem dormidas e estou disposto. Passei tantos dias sobrevivendo com cochilos, que quatro horas parecem uma vida. Não sou de dormir muito de qualquer forma. E quero ir verificar Laura antes de me prender ao trabalho.

Tomo um banho rápido e antes de qualquer outra coisa vou ao quarto de Laura.

Ela não parece disposta. Não quis sair do quarto ou tentar levantar. E parece bastante sonolenta, talvez pelas medicações.

Insisto para que ela desça para almoçar. Mas não tenho sucesso. Ofereço mudá-la para o primeiro andar, para incentivar que ela saia da cama.

- Podemos preparar o quarto de baixo.

- Não. Tudo bem.

Volto durante a tarde para vê-la, mas ela estava dormindo. Segundo a enfermeira foi o que ela fez o dia todo.

Eu sei que ela recém saiu do hospital e de uma situação delicada. Sei que a alta foi feita cedo, e Daniel não queria isso, ela ainda não estava bem para ter alta.

Mas ainda sim... tenho um mau presságio. Laura é uma pessoa comunicativa e alegre. Ela está fechada.  A enfermeira me diz que ela não quis conversar ou fazer nada. Apenas dormir.

No dia seguinte não consigo vê-la acordada em nenhuma das vezes que vou ao quarto.

Daniel ligou e me avisou que enviou um fisioterapeuta que ele confia para iniciar a terapia com Laura. 

Nem mesmo isso funciona. Na segunda sessão ela se recusa a continuar.

Eu escuto tudo do corredor. Cada lamento. Cada palavra ríspida que ela dirige a enfermeira, ao fisioterapeuta, e até a Martha. Com o humor cada vez pior durante o dia, o sono dela também está mais agitado.

Quando Fechei Meus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora