Capítulo 19

148 25 6
                                    

Fico em estado de alerta. Cochilo na poltrona de frente pra cama. Mas desperto na primeira verificação da enfermeira.Laura também tem uma noite ruim.

Acorda com dor, a enfermeira vem e lhe dá mais remédio. Uma hora depois ela continua agitada. 

Vou até a cama dela, e Laura geme baixinho com dor. 

Chamo a enfermeira novamente, ela aplica um pouco mais de remédio.  Mas Laura continua chorando baixo. 

- Laura...o que é?

Ela não responde nem abre os olhos.

Chamo a enfermeira novamente.

- Tem algo errado!

- Não é dor...já dei todo o remédio que o médico deixou prescrito. É mais que suficiente, nem o senhor sentiria dor com essa dosagem. 

- Mas ...

Olho pra ela agitada, chorando baixo, quase um lamento.

- Não é físico...

a enfermeira me encara com um olhar de compaixão, que me diz que ela tem ideia do que Laura passou.

- Você pode dar algo que a acalme?

ela acena e volta com um calmante leve. Algum tempo depois Laura finalmente parece dormir um sono profundo.

Acaricio seu cabelo e volto a sentar. Não durmo mais, mas observo seu  sono. 

Isso se repete por três noites, na quarta ela já parece mais calma. Daniel acredita que aos poucos ela vai processando os traumas e que no sono ela revive algumas coisas, memoriza outras e esquece outras tantas.

Eu torço apenas para que ela esqueça as memórias ruins.

As noites melhoram, mas isso não quer dizer que os dias sejam menos desafiadores. 

Laura é terrivelmente teimosa. 

Terrivelmente mesmo. Daniel me alertou mas eu não esperava tanta resistência. Ela parece querer desafiar cada ordem, cada passo do tratamento. 

Se nega a comer,se nega a levantar. Daniel ri. Na maior parte do tempo. Ontem deu uma bronca nela. A qual ela retrucou e agora está pior que antes, mais resistente ainda.

Prefiro não discutir.  Reveso com o pai dela algumas horas do dia, mas não deixo o hospital. Não esqueci de Vicent.

Depois da briga com Daniel nem o pai dela está aguentando. O encontrei na porta do quarto.

- Ah Logan...

Ele faz uma careta de resignação e vai embora. Eu respiro fundo antes de entrar.

duas enfermeiras fazem o possível para tirar Laura da cama. 

elas querem que Laura vá ao banheiro. A sonda já foi tirada, e o fisioterapeuta disse que ela deveria levantar.

Depois de cinco minutos e muitos nãos dela. Eu vou até a cama. Passo a mão pela nuca e outra pelas joelhos dela. Com a maior delicadeza possível. Ainda sim ela grita com a dor pelo movimento.

- Posso levar você até o banheiro ou você vai ir sozinha?

Ela mia um não e eu a solto devagar.

Laura chora. As enfermeiras a acompanham. Eu vou até a janela, mas continuo a ouvir seu choro.

Me parte o coração. ela sente muita dor, e eu gostaria de poder tirar isso dela, se pudesse pegaria para mim sua dor.

Fecho os olhos.

Quando Fechei Meus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora