Capítulo 12

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Construí tudo que tenho  a partir do zero. Com muito controle, e friamente pensado. E minha vida tem sido assim.Controlada.

Estou sempre no comando de tudo. Das demandas, dos problemas. Meu pai era um descontrolado. E dou tudo de mim para ser diferente dele. 

Controlar as emoções, as reações me deixa um passo a frente em qualquer lugar. Em uma reunião ou uma negociação. 

Não tenho sangue frio. Longe disso. Laura é a prova de que meu sangue é bem quente. E basta vê-la para ele ferver.

Não é sangue frio, é apenas controle emocional. Imprescindível nos mares em que eu navego. Mas Laura...

Sinto ruir, um pouco do meu verniz. Ela me desafia, mexe com meus sentidos, meu controle esteve por um fio na ultima reunião que a vi, quando ela foi cobrada por um outro gerente.

Coisa banal, corriqueira em reuniões. Uma cobrança de uma área pra outra, uma certa competitividade é normal. O homem foi ríspido mas não desrespeitoso. Mas percebi que ela não esperava. Ficou sem resposta, uma coisa rara.

Li em seus olhos que ela estava sentida de não ter entregue o trabalho perfeitamente. Contemplei a ideia de dispensar a reunião, puxá-la para o colo e tranquilizá-la.

quando percebi a reunião tinha acabado.Era uma reunião importante. E eu perdi, ocupado em observar Laura. E pensar em loucuras.

Embarquei dois dias depois para Argentina, para lidar de perto com os problemas da filial de buenos aires. E para pensar. 

Meu tormento é Laura estar em algum relacionamento com Vicent. Se eu tivesse aberto o jogo desde o começo com ela, talvez os cenários fossem outros hoje. Preciso focar na empresa e nos problemas que enfrentamos atualmente. E Laura é uma distração. Enorme.

Mas eu a quero. É mais que um desejo, todos meus instintos a querem. De uma forma completamente absurda eu sei que ela é minha. E ao mesmo tempo sei que sou o cara errado pra ela. Laura precisa de calor, delicadeza, e eu não tenho isso para oferecer. 

Depois de duas semanas, colocando nossa filial e minha cabeça no lugar, tudo o que sei é que o problema é muito maior do que eu esperava em Buenos aires e que eu  Quero proteger Laura de Vicent.

Talvez ela não aprecie minha companhia.Talvez ela não goste de mim realmente. Talvez apenas me despreze. Mas, eu quero protegê-la.

Volto para casa em um voo durante a madrugada. Não consigo dormir mais do que duas ou três horas desde que os problemas começaram na empresa. Nunca dormi muito, em média cinco ou seis horas. Mas minhas horas de sono diminuíram consideravelmente  e Martha notou isso. Por isso não é novidade que ela insista para que eu durma assim que chego.

Mas sei que não vou conseguir. Decido sair pra correr. Talvez o cansaço físico ajude.

Como moro de frente para o Central Park, apenas atravesso a rua e inicio uma marcha constante. Deixo a música fluindo e meus pensamentos se esgotando.

Depois de quase quarenta minutos de exercício, de longe reconheço Vicent de costas. Ele fala com alguém que não enxergo. Não desvio meu caminho e conforme me aproximo identifico Laura com ele.

Por um segundo penso em desviar, mas então enxergo o rosto dela.

Que merda aconteceu??Sinto meu pulso acelerar tão rápido que chega a doer. Ela tem um roxo próximo da boca. Não posso evitar a raiva de ferver dentro de mim.

MAS QUE PORRA ACONTECEU?!

Laura me vê, e algo muda em seu rosto. Medo?

Mas que porra, não tenha medo de mim! Arranco os fone e me aproximo a passos rápidos dela. quando Vicent se coloca na frente, eu entendo tudo.

Esse lixo bateu nela. Não acredito que ele se atreveu a isso. Minha vontade é simplesmente encher vicent de socos. E eu poderia. Mas pela expressão de Laura isso só a assustaria mais, e não quero dar mais motivos para que ela pense que sou o selvagem que aparento.

- O que você fez?

- Não lhe devo satisfação McGregor.

A você me deve, e vamos acertar nossas contas. Pode ter certeza seu lixo.

- Saia da frente.

Vicent não se move, e então Laura me surpreende.

- Vicent por favor.

Por algum motivo ele acata o pedido dela e se afasta.Não consigo formular direito o que gostaria de dizer.

- Laura.

Ela se encolhe sob meu olhar. Claramente com vergonha. Aperto meus punhos para não puxá-la pelo braço e arrastá-la para longe dele.

- Vamos Laura.

Vicent começa a fazer exatamente o que é a minha vontade. Afastar Laura.

A linguagem corporal dela me diz que ela não está segura e nem a vontade com aquilo.

Decido colocar em palavras o que eu sinto.

- Você pode vir a mim a qualquer momento.

Ela ouve. Parece confusa. Tenta processar o que eu disse.

 Mas deixa-se ser levada.

Ah Laura. O que você está fazendo? Não posso acreditar que ela está aceitando uma agressão...Ela sempre fez questão de me enfrentar em qualquer situação que achasse injusta ou errada, agora que é diretamente com ela...o que está havendo?

Fico por um bom tempo parado no mesmo lugar. Enquanto as pessoas passam, seguindo suas vidas. Sinto que a minha parou, de repente. Abruptamente.

Ver Laura machucada, envergonhada, frágil,me quebrou de uma forma que não pensei que fosse possível.

Me dou conta de que não há mais nada aqui dentro que seja meu, ou que esteja sob meu controle. Não sobrou nada...MEU...Ah Laura...

Venha a mim. Por favor venha. Você tem um porto seguro aqui. Apenas venha.



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Ogro de bom coração ...owwwwnn...se ela soubesse....

Quando Fechei Meus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora