- O que nós vamos fazer? - perguntei a Gabriel, sentada na poltrona de casa.
Ele estava deitado no sofá, com o antebraço cobrindo os olhos. Não parecia dar a mínima. Haviam bandidos atrás dele, de novo, e ele não parecia dar a mínima.
- Gabriel!
- O que você quer que eu diga, Amélia? Temos que pagar, é isso. Pede um adiantamento para o seu namorado.
- Ele não é meu namorado e eu não vou pedir adiantamento nenhum.
Afundei o rosto entre as mãos e suspirei. Eu tinha um mês para conseguir dez mil reais ou viriam atrás de Gabriel. Eu ganhava menos de mil no bar, alguns trocados fazendo faxina nos finais de semana e meu salário com Theo não chegava a dez mil nem dobrado.
- Você precisa falar com eles... tentar estender esse prazo. Gabriel, mesmo que todo o meu salário cobrisse essa dívida, o que faríamos com as contas da casa?
- Eu não sei. Você vai ter que dar um jeito.
- Eu? Você fez isso! Não pode simplesmente jogar nas minhas mãos e esperar que eu resolva isso sozinha.
- Eu vou sair - falou, simplesmente se levantando e batendo a porta ao passar por ela.
Eu estava ferrada.
No dia seguinte, fui cedo para o trabalho, era o último dia da semana de teste e com aquela dívida, eu não podia me dar ao luxo de largar um trabalho daquele. Alicia chegou um pouco depois de mim e Theo meia hora atrasado.
- Quando estiver livre, vá até a minha sala, por favor - ele pediu a mim, depois de nos cumprimentar.
Depois de terminar o que estava fazendo, decidi não adiar aquela conversa, peguei minha bolsa e entrei no escritório de Theo. Ele dirigiu o olhar para mim e rapidamente largou tudo o que estava fazendo.
- Sente-se, por favor - pediu e eu o fiz.
- Hoje é o último dia - comentei.
Ele sorriu, mordendo o lábio inferior. O que foi horrível para mim, já que lembranças indesejadas de nós dois em seu carro me invadiram. Meus lábios formigaram com a lembrança dos seus, quentes. Fechei os olhos com força, tentando expulsar aquilo de mim.
- Eu realmente espero que não - ele disse, me fazendo olha-lo novamente. - Tomou sua decisão, não foi?
Assenti, me sentindo muito nervosa. Talvez continuar ali, trabalhando com ele, principalmente depois de tudo, fosse a pior decisão que eu já tinha tomado em minha vida.
- Vou continuar trabalhando com você.
- Também espero que seus motivos sejam única e exclusivamente a minha companhia adorável.
Soltei uma leve risada, me perguntando quando eu tinha começado a me sentir tão a vontade com ele. Até mesmo Dylan reclamava por quase nunca me ver sorrindo, mas Theo arrancava um sorriso meu a cada cinco minutos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Preciosa Devoção
RomanceArt. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Amélia P...