CAPITULO DOIS

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Saí de uma audiência com a cabeça estourando

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Saí de uma audiência com a cabeça estourando. Tinha passado a semana toda estudando o caso, vendo o que eu poderia fazer contra as provas que existiam contra o meu cliente, mas todo o esforço tinha valido a pena. O caso estava ganho, o que era ótimo para mim de todos os ângulos possíveis.

Tinha planos de ir direto para o meu apartamento, mas uma mensagem de minha mãe exigindo que eu fosse jantar em sua casa. Eu, tendo muito amor a minha vidinha pacata, concordei com o seu pedido.

No almoço, fui até um restaurante/bar encontrar com Diogo, que era, comprovadamente, o mais chato dos meus amigos.

- Por um segundo me questionei se tínhamos marcado para hoje mesmo - ele me alfinetou assim que me sentei ao seu lado no balcão.

- Talvez não tenhamos marcado. Acho que era amanhã e por uma coincidência do destino nos encontramos aqui - arqueei uma sobrancelha ao olha-lo. - Talvez algo esteja querendo me dizer que você é o amor da minha vida.

- Você não tem noção do quanto eu peço a Deus para que você perceba isso logo - dramatizou.

- Eu entendo, o meu cabelo é irresistível.

Ele riu e eu aproveitei a brecha para pedir um uísque ao barman.

- Você vai beber a essa hora?

- O que mais se faz em um bar?

- Eu me pergunto como você consegue ser um advogado de respeito.

O barman me entregou o pedido e eu meneei com o copo para o lado ao mesmo tempo que sorri. Incrivelmente, aquilo era o que eu mais ouvia desde antes da faculdade.

"Um advogado precisa ser sério"

"Como você quer ser um advogado se não leva nada a sério?"

"Acha que vai se formar com essas atitudes em uma carreira como essa?"

E bem, eu tinha me formado e estava muito bem.

- Prioridades - disse, simplesmente.

Naquele momento uma mulher com os cabelos tingidos de vermelho passou pro trás de mim me olhando descaradamente. Sorrindo, beberiquei o líquido forte de meu copo.

- Alguém expremeu um morango na cabeça dela? - Diogo questionou encarando a moça.

- Parece mais com uma cereja. Mas é uma ótima cereja.

Ele revirou os olhos antes de retrucar.

- E a Melanie?

- O que tem? - ele ficou me encarando como se eu fosse uma criança. - O que? Eu nunca tive nada sério com ela, você sabe.

- Sim, mas também sei o quanto a mulher morre por você.

- Está exagerando - ele ergueu as sobrancelhas. - Ela não é para mim. Não acho que seja uma pessoa ruim, ela só... vazia demais.

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