Saí de uma audiência com a cabeça estourando. Tinha passado a semana toda estudando o caso, vendo o que eu poderia fazer contra as provas que existiam contra o meu cliente, mas todo o esforço tinha valido a pena. O caso estava ganho, o que era ótimo para mim de todos os ângulos possíveis.
Tinha planos de ir direto para o meu apartamento, mas uma mensagem de minha mãe exigindo que eu fosse jantar em sua casa. Eu, tendo muito amor a minha vidinha pacata, concordei com o seu pedido.
No almoço, fui até um restaurante/bar encontrar com Diogo, que era, comprovadamente, o mais chato dos meus amigos.
- Por um segundo me questionei se tínhamos marcado para hoje mesmo - ele me alfinetou assim que me sentei ao seu lado no balcão.
- Talvez não tenhamos marcado. Acho que era amanhã e por uma coincidência do destino nos encontramos aqui - arqueei uma sobrancelha ao olha-lo. - Talvez algo esteja querendo me dizer que você é o amor da minha vida.
- Você não tem noção do quanto eu peço a Deus para que você perceba isso logo - dramatizou.
- Eu entendo, o meu cabelo é irresistível.
Ele riu e eu aproveitei a brecha para pedir um uísque ao barman.
- Você vai beber a essa hora?
- O que mais se faz em um bar?
- Eu me pergunto como você consegue ser um advogado de respeito.
O barman me entregou o pedido e eu meneei com o copo para o lado ao mesmo tempo que sorri. Incrivelmente, aquilo era o que eu mais ouvia desde antes da faculdade.
"Um advogado precisa ser sério"
"Como você quer ser um advogado se não leva nada a sério?"
"Acha que vai se formar com essas atitudes em uma carreira como essa?"
E bem, eu tinha me formado e estava muito bem.
- Prioridades - disse, simplesmente.
Naquele momento uma mulher com os cabelos tingidos de vermelho passou pro trás de mim me olhando descaradamente. Sorrindo, beberiquei o líquido forte de meu copo.
- Alguém expremeu um morango na cabeça dela? - Diogo questionou encarando a moça.
- Parece mais com uma cereja. Mas é uma ótima cereja.
Ele revirou os olhos antes de retrucar.
- E a Melanie?
- O que tem? - ele ficou me encarando como se eu fosse uma criança. - O que? Eu nunca tive nada sério com ela, você sabe.
- Sim, mas também sei o quanto a mulher morre por você.
- Está exagerando - ele ergueu as sobrancelhas. - Ela não é para mim. Não acho que seja uma pessoa ruim, ela só... vazia demais.
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Preciosa Devoção
RomanceArt. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Amélia P...