O ver ali foi como um passo em direção de tudo desmoronar. Ele não devia saber daquilo. Não devia saber da minha vida pessoal. Mais alguns passos e ele chegaria em Gabriel. Não podia.
- Está brincando comigo? - perguntei, rancorosa quando ele deu a entender que queria que a minha vida fosse de sua conta.
- Como eu poderia?
Soltei meus pulsos de seu aperto e me afastei, passando as mãos pelo rosto e jogando os cabelos para trás.
- Eu preciso voltar para lá - me virei para ele. - Mas essa conversa não acabou!
- Que horas você sai? Posso te esperar.
- Vai para casa, Theo.
- Amélia...
- É sério - interrompi, minha voz saindo trêmula -, vai para casa.
- E você vai ficar aqui sozinha? No meio desse monte de homens bêbados?
O olhei, muito brava com tudo. Com ele, com a situação, até comigo.
- Eu não sou indefesa e eu não estou em apuros. Não precisa bancar o príncipe para cima de mim. Vai para a casa!
- Que horas você vai embora?
Revirei os olhos, desistindo daquilo. Virei as costas e voltei a entrar no bar. Meu chefe me olhava de cara feia do caixa, mas ignorei e voltei ao meu trabalho.
Theo ignorou tudo o que eu falei e entrou no bar, se sentando em uma mesa mais afastada. Não estava na minha ala, então a outra menina foi atende-lo. As horas se passavam e ele não ia embora. Pedira apenas uma água e não tirava os olhos de cima de mim, parecia um falcão.No final do expediente, meu chefe me puxou para uma área mais reservada.
- Você sabe as regras sobre namorados no trabalho.
- Eu sei, mas ele...
- Sabe as coisas que podem acontecer e o que namorados ciumentos fazem. Eu vi o que ele estava prestes a fazer naquela hora e pode ter certeza, qualquer briga daquele homem aqui dentro vai resultar na sua demissão. Está liberada.
Bufei e segui para a saída, sem querer saber se ele estava vindo atrás de mim.
- Você sempre vai embora andando? É perigoso a essa hora - escutei sua voz atrás de mim. - Aliás, sempre sai a essa hora? Que horas você dorme?
- Achei que tivesse deixado claro que era para você ter ido embora - respondi, sem olhar para trás e sem parar de andar.
- Você pode não querer, mas eu me preocupo com você.
- Não precisa.
- Amélia!
Me virei, possessa.
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Preciosa Devoção
RomanceArt. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Amélia P...