Nos despedimos dos dois com abraços e promessas de outras visitas e logo saímos com o carro. A tensão em meus ombros foi lentamente se transformando em uma enorme vontade de rir e antes que me desse conta, estava gargalhando sem nenhum motivo. Theo me olhou sorrindo e logo começou a rir também.
- Ei, para onde estamos indo? - perguntei, ao ver que ele não seguia o caminho do apartamento.
- Você vai ver.
Era um parque. Theo estacionou e me guiou até lá. Não um parque de diversão, cheio de brinquedos e coisas do tipo. Apenas um parque. Com grama, um campo grande, alguns canteiros de flores pelos cantos, um lago raso e uma ponte curvada de madeira que atravessava a água de uma extremidade a outra. O céu estava escuro, bem escuro, pois já se passava da meia noite e as estrelas brilhavam como vagalumes ao redor da lua cheia.
Uma luz branca forte iluminava o parque.- O que estamos fazendo aqui?
- Vim te matar e desovar seu corpo - disse forçando uma voz sombria.
Me deixei gargalhar quando fez menção de me agarrar e entrei na brincadeira, correndo na direção oposta. Em algum momento Theo me alcançou, envolveu as mãos em minha cintura e me virou para ele, tirando os fios castanhos de meu cabelo do meu rosto, delicadamente, um a um.
- Sei que aqui não fica muito cheio. Achei que poderia fazer bem um pouco de ar - contou.
- É realmente impossível não se apaixonar por você, não é?!
Ele deu de ombros, com a expressão convencida que eu conhecia tão bem.
- Você que está dizendo, não eu.
Ele deu um beijo em meus lábios e nos levou até a pequena ponte. Nos sentamos na beirada, com os pés livres em cima do lago. Foquei no silêncio daquele lugar por um tempo. Combinou com o silêncio que havia em mim. Ventava um pouco e eu sentiria frio, se não fosse a mão de Theo junto a minha, me deixando ciente de sua presença e praticamente imune ao vento gelado.
- Gostei muito de jantar com a sua família hoje - comentei e ele se virou para avaliar meu rosto.
- Eles gostaram muito de você também. Minha mãe já gostava, inclusive.
- Vocês têm uma interação incrível.
Pela visão periférica, vi que ele sorria e seus dedos fizeram uma leve pressão nos meus. Eu não estava triste pela relação dele com a família, mas podia imaginar que ele pensasse que aquilo me trazia memórias ruins.
- Você faz parte da família agora. - assenti, sabendo daquilo. - Como eram seus pais?
Meu estômago estremeceu. Me preparei para a melancolia, para a tristeza e solidão, mas não vieram. Não fui atingida por nenhum sentimento ruim, só... só um formigamento, um calor no peito. Uma empolgação e... felicidade.
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Preciosa Devoção
RomansaArt. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Amélia P...