Assim que saí de sua casa meu corpo se fez abatido. Um decepção enorme instalada em meu peito e a culpa era minha. Como eu pude achar que ela entregaria o irmão? Amélia já tinha deixado tudo bem claro para mim e aquele tinha sido o estopim. Estava cansado de esperar que ela abrisse os olhos, já tinha dúvidas se ela o faria algum dia. Ao mesmo tempo, me perguntava que tipo de pessoa eu seria se largasse sua mão e deixasse que ele abusasse dela como fazia.
Foi então que decidi me dar um tempo. Liguei para Alicia, pedindo que adiantasse a minha viagem ao congresso e por coincidência, Ju me mandou mensagem na mesma hora. Movido por sentimentos que eu não sabia identificar, a convidei para me acompanhar e ela logo aceitou.
Antes que eu me desse conta já estávamos em Brasília, perfeitamente instalados no quarto do hotel chique. E tendo uma mulher como aquela na minha frente, perfeita e exuberante, eu só pensava em Amélia. O único rosto que dominava a minha mente, que me atormentava em cada lugar que eu olhava era o dela. Conseguia ver as expectativas no olhar de Ju, mas soube que não seria capaz de alcançar nenhuma.
- Estou um pouco cansado da viagem, podemos dormir? - perguntei, calmo, tentando convence-la de que realmente era puro cansaço.
- Claro, sem problemas.
Ela tinha uma presença boa e leve. Era muito consciente e compreensiva, o que só me fazia questionar ainda mais o motivo de não sentir nada por ela. Certo, eu amava Amélia, mas depois de tudo como eu ainda podia ficar preso a ela? E mesmo assim, apenas a ideia de tomar outra mulher fazia meu estômago se contorcer.
Ju foi ao banheiro e voltou poucos minutos depois, em um pijama de tecido leve e amarelo, que destacava muito em seu corpo. Era realmente lindo e eu não sentia nada. Nem sequer um pingo de atração.
Bufei e me joguei na cama, com uma bermuda e uma camisa que tinha colocado enquanto ela se trocava. A ouvi dar uma risadinha leve e me senti péssimo. Eu a tinha chamado e, querendo ou não, criado uma expectativa. A cama afundou do meu lado e senti o cheiro marcante de seu perfume. Não era nada doce e era bem agradável, mas não era o cheiro dela.
(...)
- Você quer me contar o que está te afligindo? - ela perguntou, no dia seguinte, enquanto jantávamos.
Não havia conseguido nem tomar coragem para beija-la. Me parecia errado, embora não fosse. Tinha passado todo o dia tentando ser agradável e mantendo distância ao mesmo tempo. Sendo a mulher inteligente e madura que era, ela logo perceberia. Não parecia chateada, o que me dava um grande alívio, pelo contrário, estava sorrindo e sendo amigável comigo. Achava que nem eu conseguiria ser tão maduro.
- Desculpe, eu não estou sendo a melhor das companhias, não é?!
- Não - confirmou e riu em seguida. - Mas não estou chateada. Vai me falar o que está acontecendo?
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Preciosa Devoção
RomanceArt. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Amélia P...