A tarde, Theo saiu para a tal reunião e me deixou em seu apartamento. Arrumou tudo para que ficasse um ambiente ótimo para eu dormir e eu o fiz. Dormi como uma criança.
Acordei um tempo depois com a campainha tocando e pensei por muito tempo se deveria ignorar a moleza em meu corpo e ir atender ou ficar ali deitada e mandar a pessoa para o quinto dos infernos. Por fim, decidi que não podia ignorar, podia ser importante. Levantei devagar, vi o horário no relógio da parede e me perguntei que horas Theo voltaria. Me esgueirei ate a porta principal e abri, meus olhos ainda se acostumando com a luz, mas não estavam irritados o suficiente para não enxergar a feição de surpresa e ódio no rosto de Melanie.
- O que você está fazendo aqui? - perguntou, com um tom de voz agudo.
Suspirei, odiando o momento em que decidi me levantar da cama.
- Theo não está aqui.
- Não foi isso que eu perguntei - ela passou por mim, adentrando o apartamento. - O que você está fazendo aqui?
- Melanie, isso não é da sua conta. Não se preste a esse papel e não me faça me submeter a isso.
- Inacreditável - ela riu com escárnio. - Está dando para ele, como uma vadia, para garantir seu emprego de merda e quer vir me falar sobre se prestar a um papel?
Era o cúmulo do absurdo estar doente e ainda ter que escutar as baboseiras que aquela mulher falava. Preferi me manter em silêncio. Deixei a porta aberta e me encostei na parede, cruzando os braços e a encarando. Não iria discutir.
- Vai ficar aí com essa cara cínica para cima de mim? Eu soube desde o primeiro momento que você estava de olho nele. Desde que derramou aquele maldito vinho em mim.
Suspirei, perguntando a Deus quando ela iria se cansar daquele circo e iria embora.
- Você não vai falar nada?
Bocejei, mas de forma alguma para provocar ela. Eu tinha acabado de acordar e estava resfriada, era absolutamente normal estar cansada.
- Você é uma cobra - acusou. - Fica se fazendo de boa menina, fica aí se fazendo de sonsa, me fazendo perder o controle para no final a inocente ser você e eu a maluca.
Seria muito ruim espirrar na cara dela e passar a doença?
- Mas o Theo não vai cair nessa sua ladainha, sua pobretona. Ele merece mais do que uma mulher que não tem onde cair morta. Ele não é burro, sabe que está com ele só pelo dinheiro e não vai cair nessa!
Deus, ela não iria parar nunca?
- Vai embora daqui! - gritou.
Emitindo som pela primeira vez em algum tempo, eu gargalhei. Ali eu quis provoca-lá. E obtive sucesso. Melanie grunhiu e jogou um dos vasos de vidro que estava na mesa no chão. Ela era louca.
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Preciosa Devoção
RomanceArt. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Amélia P...