CAPITULO TRINTA E NOVE

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Me recusei a falar alguma coisa

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Me recusei a falar alguma coisa. Forcei a melhor expressão neutra que tinha e o encarei firme. Marcos andou lentamente, com as mãos no bolso até se sentar na ponta da cama. Seu olhar correu lentamente pelo meu corpo e eu contive os arrepios de terror.

- Gostei da roupa.

- O que você quer?

Um sorriso de lado brotou em seus lábios e os olhos negros brilharam. Ele gostava daquilo. Daquele jogo maldito. De me aterrorizar.

- Pensei que tínhamos uma dívida.

- E eu já disse que vou pagar, mas não vejo como poderei arrumar dinheiro aqui.

Ergui uma sobrancelha. Talvez não fosse a ideia mais inteligente provocar um bandido acorrentada, mas nem em mil anos eu o deixaria perceber o quanto eu estava com medo. Como a base de minha coluna tremia.

- Não, querida. Seu pagamento será de outra forma.

Forcei um sorriso esnobe. Quase mordendo o lábio para evitar que tremesse.

- Você não vai tocar em mim.

Sua cabeça inclinou e ele me encarou com algo parecido com curiosidade. Suspirou e se levantou, dando a volta na cama até ficar atrás de mim. Senti sua mão em meu pescoço, afastando meus cabelos para o outro lado e sua respiração me atingiu ali.

- Não do jeito que você está pensando, boneca.

Cerrei os dentes, apertando o maxilar com ódio. Ele fazia de propósito. Me deixava na expectativa, me deixava com medo. Em um acesso de raiva, eu pulei da cama, me inclinando um pouco sobre ela quando as correntes me puxaram, então um grito de frustração saiu de minha garganta. Ele riu.

- Fiz uns contatos novos. Estão começando uma fórmula nova de uma droga, mas preciso de alguém para testar - explicou com os olhos brilhantes.

Resfoleguei. Um tremor passou por todo o meu corpo. Eu seria a cobaia. Olhei ao redor mais uma vez, procurando desesperadamente uma saída, mas apenas me certifiquei de que estava dentro de uma caixa de metal. Meus olhos queimaram, as lágrimas querendo sair, mas me recusei a chorar na frente dele.

- A primeira dose chega amanhã - avisou. - Vou mandar alguém te trazer comida por hoje.

Acompanhei seus passos enquanto ele saia do quarto, leve como se não tivesse feito nada de errado. Quando a porta de aço se fechou, esperei menos de um minuto para deixar que o desespero se alastrasse por mim. Puxei as correntes, com um fio de esperança de que podia solta-las, mas apenas machuquei meu pulso. As lágrimas caíram enquanto eu lamentava. Era impossível dizer quanto tempo tinha se passado até que eu me acalmei um pouco e sentei na cama, encolhida. Logo depois, um outro homem entrou, com um prato marrom e uma gororoba estranha e a deixou na ponta da cama, me lançando um sorriso doentio antes de sair.

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