CAPITULO ONZE

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A história toda estava muito estranha

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A história toda estava muito estranha. E eu tentava não ficar ofendido por tamanha subestimação da minha inteligência. Ver Amélia seguindo em direção a um beco escuro me despertou ainda mais vontade de saber o que estava acontecendo, então a segui. Aquilo não era certo, eu não devia espiona-la. Mas ela escondia algo e eu queria mais do que tudo saber o que era. Desliguei os faróis do carro e saí, indo em silêncio até o beco, ficando atrás de uma parede para que não me vissem. Estava muito escuto, o que dificultava a minha visão de longe, mas consegui ver dois homens e ela, no meio deles. Pelas sombras, o que estava de frente para mim me pareceu familiar. Bastante familiar. Mas eu jamais o reconheceria com tão pouca iluminação.

Fiquei até que eles fizessem menção de sair dali, por mais preocupação com ela do que curiosidade. Depois segui para o meu carro rapidamente e dei partida, com uma pulga atrás da orelha. Amélia era muito fechada, tinha aparecido machucada e claramente não fora porque caiu em cima de uma mesa de vidro, ela não sabia mentir tanto quanto achava e depois eu a via conversando com dois homens estranhos em um beco escuro. O que eu devia pensar?

Mal consegui dormir pensando naquilo. Meu corpo estava pilhado. No dia seguinte, saí bem cedo de casa, não me atrasando nem um minuto. Amélia estava sentada na porta quando cheguei, tinha outros curativos nos machucados.

- Bom dia - cumprimentei.

Assim que me viu, se levantou em um pulo e passou as mãos pela calça. Estranhei automaticamente. Ela estava... nervosa?!

- Oi, como está?

- Bom dia! - Alicia disse, nos alcançando antes que eu pudesse responder. Abriu o escritório e entramos. A mais velha ligou o ar condicionado e foi até sua mesa.

Amélia ainda me encarou por alguns segundos, antes de piscar e ir ocupar seu lugar. Fui para a minha sala, me roendo de vontade de voltar lá e perguntar o que ela tinha com aqueles homens. Mas sabia que não teria como falar com ela antes do almoço, eu não perguntaria nada na frente de Alicia e mesmo se perguntasse, ela não responderia. Sequer tinha certeza de que responderia para mim, mas ainda tinha esperança. Principalmente depois dos acontecimentos do dia anterior.

Assim, tive que esperar. O relógio parecia de brincadeira com a minha cara. Estava em câmera lenta, eu podia jurar. Sabendo que quanto mais eu prestasse atenção naquilo, mais demoraria. Então comecei a trabalhar. Dei uma olhada em todos os casos que eu tinha, apenas para confirmar o que eu tinha que fazer primeiro. Acabei tao entretido, que quando olhei para o relogio novamente já eram quase uma hora da tarde.

Então me levantei, decidido a confronta-la. Abri a porta de minha sala, sem poder negar que estava nervoso. Tínhamos erguido algo bom no dia anterior e eu estava com medo de estragar tudo com o questionamento. Mas eu tinha que perguntar.

- Amélia, a Alicia já...

Talvez tivesse sido o momento mais constrangedor da minha vida. Talvez devesse ter sido.
Assim que cheguei na recepção, já comecei a perguntar se minha secretaria já tinha saído, apenas para ter certeza, mas fui interrompido. Por mim mesmo. Ao escorregar vergonhosamente em alguma coisa e cair para trás. Aquejei com a dor do impacto, sentindo toda a extensão da minha coluna reclamar e minha cabeça latejar. Por um momento, considerei ficar pelo chão mesmo, assim não teria que encarar a minha dignidade que, ao contrário de mim, não tinha condições de se levantar.

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