Fui contra tudo em mim ao deixar as duas mulheres no escritório para ir almoçar com Melanie. Mas o que eu poderia fazer? Estava marcado, mesmo sem o meu consentimento. E se eu não saísse para espera-la, ela iria entrar e um encontro entre Melanie e Amélia era algo que eu queria adiar um pouco. Precisava conversar com a loira e deixar estritamente claro que ela não devia fazer qualquer tipo de insulto.
Seu carro bege parou bem na minha frente e ela abriu os vidros, destrancando o automóvel ao olhar para mim.
- Oi, amor.
Me sentei no banco do carona e bati a porta, ela não perdeu tempo e deu partida.
- Como você está? - perguntei, simpático.
- Hoje eu estou cheia de coisa para fazer, isso está me matando - ela soltou a marcha e segurou minha mão. - Mas eu tive que separar um tempinho para você. Meu dia parece errado quando não te vejo.
- Eu também estou cheio de coisa para fazer, não podemos demorar muito.
A vi revirar os olhos e, o mais discretamente que consegui, soltei minha mão de seu aperto.
- Quando te conheci você era mais divertido, sabia?
Sim, eu sabia. A maioria das mulheres que se envolviam comigo sofriam do mesmo mal. Acontece que as coisas caiam na rotina, não eram mais emocionantes e como não havia nenhum sentimento, a sensação de novidade acabava rápido, assim não tendo nada para manter aquilo. E eu acabava desanimado e desesperado para arrumar um jeito para terminar com tudo.
- Só estou com muitos problemas para resolver no escritório - inventei, para não fazê-la se sentir mal.
- Uh, fiquei sabendo que você pegou aquele caso que está passando na televisão. Estou tão orgulhosa.
- Sabe que eu não estou defendendo a vítima, não é?
- Só de você estar nesse caso já é incrível. Vai ficar ainda mais conhecido!
- É incrível mesmo.
Depois de alguns minutos ela estacionou em frente ao restaurante em que tinha a reserva e saiu me puxando até lá dentro. A cadeira que ficaria do outro lado da mesa, na minha frente, ela trocou para se sentar ao meu lado. Fez o pedido sem consultar a minha opinião e se voltou para mim depois, agarrando meu braço.
- Senti falta de ficar assim com você. Parece que faz uma eternidade - suspirou.
- Não faz nem uma semana, Melanie.
- Você pode parar de falar comigo como se não estivesse gostando de estar aqui? Eu não sou idiota, Theo.
Suspirei ao ver a mágoa em seu rosto. Eu não tinha o direito de magoa-la.
- Eu sei que não. Eu só estou estressado, desculpe.
- Bem, de qualquer forma, vai ter uma festa lá em casa na próxima semana, meus pais que estão organizando.
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Preciosa Devoção
RomanceArt. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Amélia P...