Pov Lauren Jauregui
Quinze anos atrásUma menininha como ela não deveria sair de bicicleta sozinha.
Nesta semana, eu aguardei fora da igreja, no banquinho escondido à frente da estátua de Maria, cujo propósito, provavelmente, era que
as pessoas pudessem rezar em paz, e não perseguir garotinhas de dez anos.Se alguém tivesse ideia da maluquice que eu fazia aos sábados, poderia pensar que eu era uma maldita molestadora de crianças.
Minha amiguinha trancou a bicicleta do outro lado da igreja e olhou em volta, para ver se alguém estava observando, antes de entrar
correndo. Escondi-me, porém não sabia se ela tinha me visto ou não.Nem fazia ideia do que eu estava procurando – mas pelo menos sabia que ela tinha chegado até ali sozinha.
Esperei alguns minutos antes de entrar, para que ela se acomodasse em seu lado da cabine. No entanto, quando entrei na igreja, encontrei-a ajoelhada em um banco perto do confessionário. A cabeça estava apoiada em suas mãos unidas.
Ela deve ter sentido que alguém a observava, porque, depois de um minuto, ergueu a cabeça e olhou em volta. Felizmente, olhou para
o outro lado antes de se virar para minha direção, me dando tempo de colocar a cabeça para trás do pilar.Que porra estou fazendo?
Estava me escondendo de uma garotinha que eu tinha absoluta certeza de que vivia um tipo de ambiente abusivo em casa e fingindo ser um padre para que eu pudesse... resgatá-la?
Vendo que a barra estava limpa, a garotinha se levantou e foi até o confessionário. Como fizera na semana anterior, ela abriu o lado do
padre em vez do paroquiano. Mas, desta vez, não entrou. Em parte bloqueado pela porta que ela mantinha aberta, eu não conseguia ver
exatamente o que ela estava fazendo. Porém, do jeito que seu corpo se dobrou na cintura e ela ergueu e abaixou o braço, pensei que
poderia ter jogado alguma coisa lá dentro. Então, abriu a outra porta e desapareceu.O que será que ela está aprontando?
Curiosa, segui diretamente para a cabine, mas estava do mesmo jeito que encontrara nas últimas seis semanas. Havia a cadeira de
veludo vermelho, uma cruz dourada na parede... e era isso. Então, vi uma moedinha bem atrás da perna esquerda da cadeira. Quase não vi. Inclinei-me e a peguei. Ela falou antes que eu pudesse me sentar.─ Me abençoe, padre, porque eu pequei.
Enquanto brincava com a moeda de cobre escuro entre o polegar e o indicador, comecei a falar.
─ Me conte seus pecados.
Seu humor estava melancólico naquela semana. Não tinha nenhuma história engraçada para contar sobre Tommy e, apesar de ter ficado do outro lado por longos vinte minutos, não tinha realmente falado muito.
─ Como foi a escola essa semana?
─ Não fui por três dias.
─ Por que não? Ficou doente?
─ Não.
─ Então por que não foi à escola?
─ É pecado faltar à escola?
─ Não, na verdade. Mas deveria ir. Educação é muito importante. ─ Aparentemente, naquele dia, eu estava canalizando minha mãe em
vez de o padre. ─ E você pode se meter em encrenca se não for. Sabe o que é vadiagem?─ Não.
─ É quando você está ausente da escola ilegalmente.
─ Então uma coisa pode ser ilegal e não ser pecado?
Aonde ela queria chegar?
─ Bom, desobedecer a lei criada pelo estado de Nova York é diferente de desobedecer a lei de Deus. Por que não foi à escola?
─ Porque estava esperando minha irmã.
─ Onde ela estava?
─ Não sei. Ela fugiu na semana passada. Mas, antes de partir, ela me disse que voltaria e me pegaria quando encontrasse um novo lugar para morarmos.
─ Então você faltou à aula?
─ Fingi ir pela manhã e, então, voltei para casa depois que Benny saiu. Não queria perdê-la se ela voltasse enquanto eu estivesse na escola.
─ Sabe por que sua irmã fugiu?
Ela ficou quieta por um bom tempo. Então, finalmente disse:
─ Acho que foi por causa do Benny.
Aquilo pareceu ser a frase mais vaga do ano.
─ O Benny saiu para procurar sua irmã?
─ Não. Ele grita muito com ela quando chega em casa do trabalho. Mas aí dorme no sofá, que tem o cheiro dele.
─ Você precisa ir à escola. Conversar com um professor. Contar o que está acontecendo em casa.
─ Não. Não quero que minha irmã tenha problema.
─ Não vai ter.
─ Não sei...
Comecei a pensar se não era hora de ir à polícia. Mas o que eu diria? "Oi. Sou um falso padre, e vocês precisam procurar um cara
chamado Benny e uma menininha magricela que tem uma bicicleta azul?"─ Qual é o seu nome?
Ela ficou quieta de novo.
─ Tenho que ir.
─ Espere! ─ Estava virando a moeda durante todo o tempo em que ficamos conversando e de repente parei. ─ Você deixou cair alguma moeda?
Com a voz baixa e quase melódica, ela disse:
─ Encontre uma moeda, pegue-a e terá sorte o dia todo.
Então, a porta se abriu e se fechou quando ela saiu.
O que quer que estivesse acontecendo na vida daquela garotinha, ela entrava escondido para jogar moedas no chão para que o padre
encontrasse e tivesse sorte. Inacreditável!* * *
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CAMREN: Encontre Uma Moeda (G!P)
FanfictionEncarei a canalha que enganou minha melhor amiga, do outro lado do bar. Despejei meus xingamentos em cima dela e, ao final, percebi o grande equívoco. Ela entendeu como um flerte! Com vergonha, saí sem me desculpar e achei que jamais a veria novame...