Cap. 34 - Nunca Vemos o Começo ou o Fim

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Pov Lauren Jauregui

─ O que está olhando?

Murphy deitou a cabeça no meu colo, seus olhos grandes castanhos me encaravam. Eu fiz carinho em seu lugar preferido atrás das orelhas, e ele soltou um suspiro.

─ Caramba. Seu bafo fede, amigão. ─ Pelo menos pensei que fosse do Murphy. Era possível que na verdade fosse o meu.

Fechei meu notebook e tirei os óculos para esfregar os olhos. Como eu ia contar para ela?

Estive enclausurada em meu apartamento por dois dias, não tinha tomado banho, mal tinha
comido e me sentia completamente derrotada.

Camila deve ter entendido a deixa de que eu a estava ignorando, já que não havia mais mandado mensagem desde o dia anterior.
Percebi o quanto estava louca por ela quando debati comigo mesma pela centésima vez que nunca iria contar. Não seria uma decisão difícil se não tivesse tanto a perder. E eu a perderia. Como ela poderia confiar em mim depois de descobrir que nos conhecemos há quinze anos? De saber que eu havia mentido para ela por meses? Que eu tinha tomado algo sagrado dela ─ a amizade de um padre em quem ela confiava ─ e a manipulado pela tela do confessionário toda semana.

Se contasse para ela, eu a perderia. Inferno, eu não confiaria em ninguém que fizesse esse tipo de merda.

Mas se não contasse, tudo que tivemos e tudo que viríamos a ter seria baseado em ainda mais mentiras.

Eu estava sendo egoísta tentando justificar o fato de nunca contar para ela, dizendo a mim mesma que a magoaria duas vezes se falasse tudo. Eu sabia que ela se importava comigo. Estaria reabrindo feridas antigas que duvidava que ela quisesse relembrar. Por que não
deixar tudo adormecido?

Havia uma coisa que eu não conseguia suportar ─ não queria ser mais uma decepção para ela.

Ela merecia mais que isso. Caralho.

Ela merecia alguém melhor que eu. Puxei meu cabelo depois de passar as mãos por ele.

Contar a verdade e perdê-la ─ ao mesmo tempo em que a magoo.

Mentir na cara dela e tentar seguir em frente com aquela mentira sempre entre nós.

Apesar de eu ter perdido dois dias debatendo essa questão, no fundo, sabia que não havia uma escolha de verdade. Eu não conseguiria continuar mentindo para ela.

O único consolo era que, assim que passasse a me odiar, seria mais fácil para ela seguir a vida. Pelo menos, seria mais fácil para uma de nós. E se eu resolvesse seguir com aquela mentira, apenas estaria sendo egoísta.

Peguei o celular ao mesmo tempo que ele se iluminou. Não havíamos tido contato em mais de vinte e quatro horas, então o timing da mensagem dela foi impecável.

Camila: Que tal um caldo de galinha? Posso ir aí depois do trabalho.

Olhei para o meu celular por um tempo, hesitante. Uma coisa era viver no corredor da morte, mas outra era ter a data da sua execução marcada. Antes que eu conseguisse ter "colhões" para responder, uma segunda mensagem chegou.

Camila: Saio do trabalho às 20h.

Não queria que ela dirigisse à noite quando estivesse brava ou chateada. Era hora de eu ter colhões.

Lauren: Vou para a sua casa, lá pelas 21h.

Depois de tomar um banho, resolvi levar Murphy para uma longa caminhada para clarear a mente e matar um tempo. Tínhamos
andado um quarteirão e meio quando me veio um pensamento na cabeça.

CAMREN: Encontre Uma Moeda (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora