Cap. 32 - Medo de Compromisso

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Pov Camila Cabello

Após dez minutos, os alunos estavam começando a ficar inquietos.

Mandei mensagem para Lauren, depois resolvi que era melhor iniciar a aula ou os alunos começariam a ir embora a qualquer minuto.

Havia uma agitação na boca do meu estômago. Ela ainda não havia respondido à mensagem que eu mandara na noite anterior, quando
cheguei da casa da minha irmã, apesar de conseguir ver que ela a tinha lido.

Dei aula por um tempo, depois fiz uma pausa para tocar algumas músicas que iríamos analisar. Enquanto a música preenchia a sala,
verifiquei meu celular atrás do púlpito. Nada! Mesmo assim, a mensagem sobre a aula também tinha sido lida.

A princípio, estava preocupada que Lauren tivesse passado muito mal, talvez até ido ao hospital ou algo assim. Mas se ela podia ler
minhas mensagens, por que não conseguiria responder?

Passada quase uma hora da aula de noventa minutos, eu estava tão distraída que a encerrei mais cedo. Lauren não ficaria feliz com isso, porém essa não era minha principal preocupação. Ansiosa, liguei para ela antes mesmo de a sala ter se esvaziado por completo.

Tocou uma vez e caiu na caixa-postal.

Quando um celular está desligado, vai diretamente para a caixapostal. Quando alguém não consegue atender, toca várias vezes até cair na caixa-postal. No entanto, quando vai para a caixa-postal depois de um toque, o receptor está recusando a ligação.

Que porra era essa?

Deixei uma mensagem: "Lauren, é a Camila. Estou preocupada com você. Não responde minhas mensagens e não apareceu para dar
aula. Pode, por favor, me falar se está tudo bem para eu não começar a ligar para os hospitais como uma maluca?"

Quis ir até seu apartamento e ver como ela estava, mas precisava estar no trabalho em uma hora, então não haveria tempo suficiente
para ir e voltar. A terça também era o único dia em que eu trabalhava sozinha. Abria o bar para Charlie porque ele ia ao mercado e visitava
o túmulo de sua esposa toda semana, como um relógio. De jeito nenhum eu ia interromper isso porque minha namorada não atendia minhas ligações.

Ela é mesmo minha namorada? Durante todo o trajeto até O'Leary, me peguei discutindo comigo mesma sobre tudo e qualquer coisa em
relação a Lauren. Um pequeno obstáculo já fez com que a minha mente entrasse em um frenesi de conclusões paranóicas. Até o
momento em que estacionei o carro, já havia superado todas elas.

Ela não estava me evitando, simplesmente não se sentia bem.

Felizmente, quando olhei meu celular, essa teoria foi por água abaixo.

Lauren: Estou ne sentindo melhor. Obrigada por me cobrir na aula.

É isso? Sem nenhuma explicação? O nó que esteve em meu estômago durante toda a manhã se transformou em raiva. Eu merecia
mais que isso. Joguei o celular na bolsa, abri a porta da frente do O'Leary e comecei meu ritual de abertura no piloto automático.

Acendi as luzes, liguei o forno nos fundos, tirei tudo da lava-louça e levei o primeiro engradado de copos para guardar atrás do bar, antes de contar o caixa. Pontualmente ao meio-dia, acendi a placa de aberto. Em seguida, verifiquei meu celular de novo. Nada.

As horas se arrastaram depois disso. Dinah apareceu às quatro ─ uma hora antes de seu turno iniciar ─ para me ver e eu estava
prestes a ter uma explosão verbal. Ela se sentou no bar. Havia apenas um cliente na outra ponta do balcão, um policial aposentado,
amigo de Charlie, que não falava muito e só pedia cerveja de hora em hora.

─ Então você ainda está viva? ─ ela perguntou. ─ Pensei que talvez tivesse sido fodida até a morte pela professora brava.

Dinah deu uma olhada na minha cara e sua expressão ficou triste.

─ Ah, não. O que aconteceu? Aquela babaca te traiu? Ela é casada? Porque vou sair atirando na bunda dela.

Suspirei.

─ Não, não é nada disso.

─ Então o que é?

─ Gostaria de saber.

Então, continuei a vomitar tudo para minha pobre amiga, contando todos os detalhes dos últimos dias. Bom, nem todos os detalhes ─ as
partes do sexo incrível guardei para mim ─ mas contei tudo que poderia ser relevante.

─ Acha que ela ficou com o pé atrás porque a levou para a casa de Sofia? Algumas pessoas têm esse medo ridículo de conhecer a família,
porque acham que é o último passo antes de serem arrastados para a igreja.

─ Imagino que poderia ser... apesar de não achar que seja isso. Ela não hesitou ou mostrou qualquer preocupação sobre ir comigo, e nos primeiros dez minutos ou mais depois que chegamos, ela estava bem.

─ O que aconteceu entre a chegada de vocês e o momento em que ela disse que não estava se sentindo bem e fugiu?

─ Nada mesmo. Repensei sobre isso várias vezes. Estávamos sentadas na sala de estar, olhando álbuns de foto.

Olhei para o vazio ao visualizar nós três ─ eu, Sofia e Lauren ─ sentadas no sofá. Fotos. Rabinhos de cavalo. Mamãe morrendo.
Benny. Devia saber que algo daria errado só de mencionar aquele homem.

Então tive uma ideia. Lauren poderia ter ficado irritada porque menti sobre ter um padrasto? Era tão insignificante que não conseguia imaginar que fosse isso.

─ Álbuns de foto da família? Ela fugiu porque se sentiu pressionada.

─ Mas eu não a pressionei. Ela tinha pedido para ver uma foto minha de quando era pequena.

─ Não importa. ─ Ela deu de ombros. ─ Ela é gamofóbica.

─ Não acho que seja isso.

─ Bom, então talvez ela estivesse mesmo doente? Talvez tenha ido ao banheiro de sua irmã, ficado com caganeira e não quisesse entupir a privada.

Enruguei o nariz.

─ Você precisa mesmo falar desse jeito?

Dinah deu de ombros.

─ Quer que eu justifique o fato dela ter fugido para que você finja que ela não tem problemas com compromisso ou não?

Sinceramente, tudo que eu queria era me livrar daquele sentimento de insegurança. Se Lauren realmente tivesse problemas com compromisso e uma visita à minha irmã a tivesse deixado com o pé atrás, eu conseguiria lidar com isso. Tudo que eu precisava era de honestidade.

* * *

CAMREN: Encontre Uma Moeda (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora