Capítulo 4

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Ainda com o coração a mil e um nó entalado na garganta, Cass suspirou quando a imagem do castelo reapareceu no horizonte. Estava escuro e a estrada, ainda que iluminada, parecia sombria demais. Sem dizer nada, Luke desceu do carro e forçou o portão da muralha, fazendo-o deslizar e dando passagem para o sedã vermelho. Ele preferiu seguir a pé pelo caminho arborizado.

Quando chegou ao portão principal, estava aberto e o sedã estacionado em uma das vagas da garagem sem porta. Luke não estava de bom humor, mas não podia culpar Cass por ficar mexida, é claro que seria um choque para qualquer um descobrir que a pessoa que amara e a quem tivera certeza de estar morta, estivesse bem viva. Mas não deixava de ser doloroso vê-la sofrendo por outro.

Luke passou pelo corredor dos arcos como um furacão e logo que chegou à segunda estação, o pátio principal do castelo do viking ruivo, deparou-se com algo que definitivamente deixava seu humor ainda pior. Lancelot saindo da piscina. O ruivo estava nu, andando em meio ao vapor que saía da água. Aquele maldito viking convencido e pelado...

Cass olhou-o com desprezo, mas o brutamontes não se deu ao trabalho de retrucar. Como o jaguar ardiloso e ferino que parecia, foi até à imortal que pegou a toalha da espreguiçadeira e jogou em seu peito.

— Seu maldito bretão... — Cass berrou. — Ele estava vivo esse tempo todo!

— Eu tentei dizer.

— Tentou uma ova! Se não fosse por você... — respirou fundo.

Os olhos verdes de Cass diziam muito mais de sua ira do que as palavras. Depois de algum tempo sob o olhar de ódio dela, Lancelot enrolou-se na toalha.

— Preciso de dois quartos, não saio daqui até achar o medalhão... —a fúria explicita na voz. — Se você estiver tentando me enganar, vou fazer uma coisa que há muito tempo desejo.

Lancelot sorriu.

— Um dia vou matar você... — Cass sibilou, afastando-se em seguida.

Luke seguiu Cass para dentro do castelo. Lancelot providenciou dois quartos sem questionar e ofereceu uma refeição aos dois. O americano comeu calado, mas Cass enfiou-se debaixo do chuveiro do quarto e depois mergulhou sob as cobertas grossas e quentes. Não pregou o olho a noite inteira e não voltou para procurar o medalhão antes de o dia raiar.

Na manhã seguinte parecia outra pessoa. Seu olhar ainda exibia os traços da noite mal dormida e das prováveis lágrimas derramadas sobre o travesseiro, mas se ela não diria nada, não seria Luke que ousaria tocar no assunto.

Fez café e esperou.

Quando Lancelot acordou, vestiu uma calça de moletom e uma camiseta de manga curta preta. Ser um imortal amaldiçoado tinha lá suas vantagens. Por mais que a Escócia fosse tomada por frio cortante, ele não morria nem sofria as consequências de se expor ao frio, como se a baixa temperatura não o alcançasse. Desceu as escadas sem fazer barulho e chegou bem a tempo de ouvir Luke resmungando sobre sua maldita sorte de sentir tanto frio numa terra como aquela.

— O que tem de ruim nestas terras? — Lancelot perguntou, entrando na cozinha e deparando-se com os dois bebendo café forte.

— O que tem de ruim? Além do frio de matar? — Luke ironizou.

Lancelot deu de ombros.

— É só ligar o aquecimento. O disjuntor fica no porão.

— Você sabia que não tem café na dispensa? Por sorte tínhamos nossa reserva no carro... — Cass questionou, aparentemente com o humor renovado. — Desde quando você só come congelados?

A maldição de Arthur - Livro 1 - Série ImortalOnde histórias criam vida. Descubra agora