Capítulo 13

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Os dias que se seguiram passaram como um borrão para o grupo. De povoado em povoado, de acampamento em acampamento, recrutando e convocando guerreiros, soldados e cidadãos dispostos a empunhar uma espada ou um arco e flechas pela liberdade. Arthur esteve mais radiante do que nunca. Seus discursos eram aclamados com palmas e urros de satisfação por todos os lados. E o grupo só crescia.

Naquele início de tarde caminhavam por uma estrada de terra ladeada por nada mais do que campo. Cass andava lado a lado com Arthur. Seus pensamentos agitados escondiam o quanto ela sentia medo de uma conversa mais profunda, ou melhor, qualquer conversa. Súbito a imortal estaqueou. Os olhos oscilaram rapidamente de cor. Arthur, a observou em silencio. Gael não demorou a juntar-se aos dois, seus olhos escuros estavam tensos.

— Você sentiu isso? — Cass inquiriu Gael que assentiu com um balançar suave de cabeça.

— Sentiram o que? — Arthur perguntou.

Luke e Toruk que caminhavam mais atrás surgiram logo em seguida, numa conversa animada que só foi interrompida pelos olhares preocupados dos outros.

— Magia.

— Magia? — Luke perguntou um pouco confuso, intrometendo-se na conversa.

— E não é das boas. — Gael concluiu.

— Estamos perto da cidade. É a última ainda habitada. Uma das poucas que conseguiu resistir as investidas do... Não. Não pode ser... — Toruk mesmo interrompeu-se ao ver Lizard pousar e vir em sua direção com um tremor incontrolável e um rosto afogueado de dor.

Alarmado o rei lagarto correu na direção de um guerreiro que puxava um cavalo de carga e desamarrou tudo que estava no lombo do animal, deixando cair ruidosamente no chão. Montou-o sem sela mesmo. Atiçou o animal com os calcanhares e partiu em disparada.

— O que você viu? — Cass perguntou para Lizard.

— Nem em um único dia da minha vida eu seria capaz de imaginar... — Ele falou, deixando-se tombar de joelhos e cobrindo o rosto com as mãos tremulas.

— É melhor nós irmos atrás do garoto. — Lancelot vinha da frente do grupo, os olhos um pouco perdidos na confusão. — Passou feito um furacão...

O irmão Pendragon ruivo parou, olhou para o grupo e pressentiu o pior.

— O que está acontecendo?

— Não sei, mas Cass e Gael sentiram a presença de uma magia maligna e Lizard está assim, catatônico.

— Estamos muito longe da cidade? — Lancelot perguntou para um jovem soldado que passava naquele instante.

— Bem perto agora, senhor.

O grupo se pôs a caminhar com pressa.

Uma muralha de pedregulhos circundava a cidade. Torres altas deveriam ser os postos de observação, mas não havia ninguém nas guaritas altas e o imenso portão levadiço de madeira estava tombado. Havia um grande rombo no meio que dava para um poço escuro e lamacento e fendas por toda sua extensão. O grupo aproximou-se bem devagar da construção silenciosa. Um grupo de arqueiros montou formação de ataque, com seus arcos empunhados e suas flechas preparadas. Mas nenhum movimento lá de dentro surgiu.

Cass circulou os arredores com seus olhos verdes taciturnos. Ela sentia uma presença maligna e surpreendeu-se ao perceber que Gael a observava com o mesmo olhar assombrado. Arthur caminhou sobre o portão de madeira desgastado e cheio de buracos, testando-o para garantir a passagem de todos. Toruk apareceu do outro lado da passagem no mesmo instante, os olhos dourados arregalados, o rosto muito pálido e o corpo atordoado. Caminhou cambaleante na direção de Gael e caiu de joelhos aos seus pés, enfiando as mãos no rosto e começando um choro ruidoso de assombrar. Em segundos estava deitado em posição fetal, em estado de choque.

A maldição de Arthur - Livro 1 - Série ImortalOnde histórias criam vida. Descubra agora