A maldição de Arthur - Livro 1 - Série Imortal

Capítulo 22

O clima tenso havia tomado conta do acampamento. Luke, estava chateado com Cass, Lancelot não conseguia desviar os olhos azuis da imensa guerreira ruiva que além de linda parecia extremamente simpática, o que muito irritava Cass que não gostava de sorrisos forçados. Arthur, silencioso, assistia as discussões sobre estratégias de guerras do rei Toruk e seus conterrâneos, falando somente quando convocado. Gael, por sua vez, participava ativamente da reunião, enquanto Lizard apenas descansava as imensas asas perto da fogueira crepitante, participando esporadicamente da conversa. Theodor fazia o melhor possível para transmitir altivez e tecer comentários inteligentes e astutos. Tinha uma performance razoável, saindo-se bem no decorrer da reunião.

— Na certa, a criatura já sabe que estamos aqui. — Disse Toruk lá pelas tantas, sobressaindo sua voz. — Não podemos contar com o elemento surpresa e precisamos reforçar nossa proteção. Gael, você acha que pode aumentar o alcance desses amuletos? — Inquiriu ao merlim, levando a mão ao peito e exibindo o medalhão anti-magia que quase matara Cass.

— Infelizmente poderia ser muito perigoso para nossos aliados, temos muitos seres que dependem da magia pra viver...

— E o que faremos então?

— Vou criar um escudo protetor, mas não posso garantir quanto tempo vai durar...

— Majestade, se me permite... — Theodor curvou-se teatralmente. Toruk assentiu achando graça e ele continuou. — Posso colocar minhas sentinelas camufladas em pontos estratégicos, eles protegerão este acampamento com sua vida.

— Faça isso.

— Só tem um porém, preciso que Cass me devolva... — balançou a cabeça envergonhado. — Minha camuflagem.

— Isso não será problema, vou ajuda-los ainda esta noite com isso. — Ash anunciou, um meio sorriso nos lábios.

Aliviado, Theodor soltou um longo e pesado suspiro, depois sorriu na direção da irmã de Ash que parecia enxergar apenas Arthur. O belo bretão de cabelos negros e olhos azuis cintilantes que permanecia em silêncio, o olhar perdido em algum ponto do universo verde que se estendia a perder de vista.

— Devo lembrar que outros nos encontrarão no campo de guerra. Deixamos muitos a caminho quando partimos em busca de novos aliados — Lizard falou tranquilamente, espanando com as mãos a fuligem que grudava na plumagem negra das asas.

— Por eles não devemos demorar nesta clareira. Partiremos assim que o dia raiar. Viajar à noite, tão perto do inimigo é muito arriscado. — Asseverou Toruk, com a sabedoria de um grande líder.

Cass começava a cochilar, recostada no ombro de Lizard quando finalmente a reunião de guerra encerrou-se e Ash foi tratar do assunto pendente entre os dois. Sobressaltada, levou algum tempo para se situar e rememorar que ele havia prometido ajudá-la a se livrar do problema em que havia se metido quando roubara, sem querer, a camuflagem de Theodor, o camaleão assanhado.

Animado, Theodor, começou a preparar um círculo sagrado, conforme pediu o rei dos leões. Espalhando pedras abrilhantadas de dourado ao redor da fogueira e tagarelando com os interessados e curiosos.

— Isso é mesmo necessário? — Cass murmurou para o grandalhão que retribuiu com um meio sorriso maroto.

— É uma distração, ele nem vai saber o que o atingiu.

— O que você quer dizer?

— Pequena Cass, o poder do homenzinho da floresta, está preso a sua aura, tirá-lo de você será fácil, nem deverá doer muito, mas devolver a ele será uma verdadeira missão de guerra.