A água envolveu-a com a força de um martelo e os ouvidos de Cass zuniram. Não imaginara que àquela hora do dia e com aquele calor ainda poderia estar tão gelada, quando saíra sorrateiramente de sua barraca e se jogara com força no lago. O rio ficava embrenhado na mata que cercava o acampamento e era ladeado por rochas de vários tamanhos. Aparentemente um lugar seguro para tomar banho, boiar ao ritmo suave da corrente e tentar esquecer tudo por que vinha passando nos últimos dias. Arthur estava vivo e isso por si só já era um maldito baque em sua alma. Luke deixava transparecer cada vez mais seus sentimentos, outro baque. Lancelot metia-os em confusões e era ainda o mesmo mulherengo de sempre, não, isso não era um baque, mas era enervante. Gael, por outro lado, era um baque do tamanho de um calombo deixado por um taco de beisebol na cabeça de um coitado. Era agora um líder revolucionário, tinha algum tipo de relacionamento com uma espirita do plano astral e ainda escondia coisas que provavelmente seriam importantes para Cass saber. Era mesmo um baque dos maiores.
Com os pensamentos ancorando no lago e impedindo Cass de relaxar os músculos do corpo miúdo, ela deixou-se dar algumas braçadas. Ainda com os olhos fechados mergulhou, impulsionando-se para o fundo. Tocou o leito rochoso, sentido uma mistura de cascalhos e lama roçando os dedos. Depois emergiu ruidosamente. Ofegante, abriu os olhos e irritou-se. Lancelot, sentado em um pequeno aglomerado de rochas, olhando-a, com satisfação e deleite, falou:
- Não pare por minha causa.
- Mas o que diabos você pensa que está fazendo aqui?
- Eu já estava aqui quando você chegou, não tenho culpa se não me viu.
- Provavelmente não vi porque você é sempre sorrateiro, feito uma cobra prestes a dar o bote. - Ela crispou, os olhos verdes furiosos.
- Se você tivesse olhado para os lados teria me visto, acho que não sou tão pequeno quanto uma cobra pra ser sorrateiro e dar o bote em você, ainda que seja tentador.
- Eu precisava de um banho. - Cass resmungou, vencida.
- Uma ótima ideia por sinal. - Ele falou, começando a tirar a blusa e exibindo um peitoral talhado pelos treinos da era da Bretanha.
- Nem pense nisso!
Lancelot jogou-se na água fazendo estardalhaço. Cass bufou e começou a nadar de volta para a margem, resmungando sobre se arrepender amargamente de ter conhecido a família Pendragon. Saiu da água apenas de calcinha e sutiã. Bufou novamente quando Lancelot assoviou provocando-a.
- Você está bem? - A voz de trovão de Arthur fez Cass virar-se imediatamente na direção da estradinha, ainda com o dedo do meio erguido.
Arthur sorriu com a cena.
- Estava, até um certo alguém resolver dar as caras.
- Tudo isso por que você tem medo de se divertir um pouquinho que seja... - Lancelot gritou, mergulhando e submergindo logo em seguida. - Ou será que você tem medo de se apaixonar por mim?
Arthur tirou a calça e a camiseta, exibindo o mesmo peitoral definido do irmão. Gêmeos, idênticos. Ela pensou ao vê-lo correr para água e agarrar-se ao pescoço de Lancelot, obrigando-o a afundar com força. Aos berros, os dois Pendragon começaram uma batalha. Cass virou-se, pegou sua toalha que deixara ali com suas roupas e começou a recolher tudo quando, feito um furacão, Luke passou por ela, arrancando botas, calça, camiseta e jogando tudo em sua direção. Aos berros o americano jogou-se na água:
- É guerra!
Juntos, Luke e Arthur, dominaram Lancelot, fazendo-o submergir sempre que subia à superfície.
- É o único rio perto do acampamento. - Gael falou, despertando a atenção de Cass que ainda estava com o olhar rabugento.
- Tudo bem, já terminei.
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A maldição de Arthur - Livro 1 - Série Imortal
Fantasy"Cass fechou os olhos e cochilou, queria falar com Arthur, dizer o que sentia, despedir-se de Gael, desculpar-se com Toruk, elogiar Terian, agradecer ao senhor Myagui dos goldlins, Karhystrs e perdoar Lancelot. Eram muitas palavras a serem ditas e e...