Horas haviam se passado e Cass já sentia-se totalmente recuperada. Sua mente pensando com agilidade analisava cada nova informação que Gael deixava escapar. Comparando-o ao passado, quando era Merlim da Bretanha, continuava quase o mesmo e Cass concluiu que provavelmente teria envelhecido uns dez anos, quando muito. A personalidade, os modos e a maneira de pensar, no entanto, pareciam exatamente iguais, como se mil anos não fossem capaz de transformar um homem. Talvez fosse de sua natureza guardar as coisas para si. Continuou acompanhando a conversa, enquanto esquentava os pés perto da fogueira. Trocando esporádicos olhares com Arthur.
— Quer dizer então que no dia em que fomos amaldiçoados, um portal sugou você? — Lancelot perguntou, os olhos azuis vincados de curiosidade.
— É o que parece. —Gael disse simplesmente.
— Se você não é imortal, como ainda pode estar vivo?
— Isso ainda é um mistério pra mim. Provavelmente por causa dos mundos aonde estive, ou algo com o portal. Não faço ideia.
Cass mirou Gael diretamente nos olhos. Sabia que ele não estava dizendo tudo, mas também sabia que o que dizia era verdade. Precisava descobrir o que ele escondia, só não sabia como. Ainda.
— Como foi que descobriram que eu estava aqui?
— Uma assombração xereta! — Lancelot resmungou.
— Antígona. — Cass falou, vendo a expressão impassível de Gael se transformar em um olhar de mágoa.
— Entendo. E como aconteceu?
— Ela entrou dentro de mim. — Lancelot falou, bufando e cruzando os braços diante do peito. — Revirou tudo.
— E de mim. — Luke repetiu o gesto.
— E vocês se falam muito?
— Não. — Cass respondeu simplesmente.
— Ela não é uma pessoa confiável.
— Então vocês se conhecem?
— Digamos que temos algumas contas a acertar.
— Que tipos de contas?
— Coisas do passado.
— Gael, nós precisamos mesmo da sua ajuda. É urgente.
— Infelizmente seja o que for, terá de esperar. — Gael falou, os olhos vincados na expressão tensa de Toruk.
— Claro, toda aquela parada de sou imortal, o sangue da Bretanha, blá blá e blá pra chegar aqui e acabar voltando com as mãos vazias... — Luke começou a resmungar. — Como se não bastasse aturar dois vikings metidos a Highlander...
Luke levantou-se a saiu para caminhar, deixando Lancelot gargalhando e Arthur com uma expressão divertida no rosto.
— Um pouco nervoso o seu mortal... — Merlim falou, olhando para Cass com expectativa.
— Ele não é MEU mortal! — Cass rebateu. — É meu amigo!
— Compreendo.
— É o seguinte, sua amiga Antígona, ou seja lá quem aquela maluca for, andou bisbilhotando dentro do meu amigo e desse daí... — Falou apontando para Lancelot que empertigou-se no lugar. — Além disso, ela garantiu que você poderia nos ajudar. Conhecendo você como eu conheço, posso apostar que deve ter alguma ideia de como tirar o medalhão da pele de Arthur.
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A maldição de Arthur - Livro 1 - Série Imortal
Fantasy"Cass fechou os olhos e cochilou, queria falar com Arthur, dizer o que sentia, despedir-se de Gael, desculpar-se com Toruk, elogiar Terian, agradecer ao senhor Myagui dos goldlins, Karhystrs e perdoar Lancelot. Eram muitas palavras a serem ditas e e...