Em algum lugar da Grã-Bretanha
— Mas afinal de contas, quantos anos você tem?
— Não é da sua conta!
— É sim.
— Não, não é.
— Você me diz que vamos encontrar um cara que teoricamente deveria ser apenas uma lenda e nem para me dizer a sua idade. Você sabe o quanto isso parece loucura? Pois é, e mesmo assim não me diz quantos anos tem, sério?
— Nós não precisaríamos estar aqui, se você não tivesse inventado de ir àquela maldita cidade.
— Eles precisavam de ajuda.
— Eles e mais meio mundo. Droga!
— O que foi?
— Acho que o GPS quebrou. Tanta tecnologia às vezes é irritante.
— Não está quebrado, olha... você precisa parar de me enrolar e começar a me contar as coisas. Estamos juntos nessa.
— E poderíamos muito bem estar numa praia paradisíaca ou enchendo a cara num boteco em Amsterdam, mas estamos aqui, procurando uma coisa que provavelmente vai nos matar.
— Você está muito dramática hoje.
— Estou falando sério, nós vamos acabar morrendo aqui.
— Ah! Você não vai morrer. Eu, talvez, mas você não... e sabe por quê? Porque você é uma linda, irritante e velha, muito velha, imortal.
— Eu não sou velha.
— Até que você não parece mesmo, mas desconfio que seja pré-histórica. Você estava lá quando o meteoro caiu e acabou com os dinossauros, não estava? Os coitadinhos sofreram muito...? Ai, isso doeu.
— Vou fazer pior da próxima vez.
— O quê? Vai me transformar num sapo por acaso?
— Não seria uma má ideia.
— Ah! Não, nem pense nisso... pare de me olhar assim...
— O maldito GPS de novo.
— É essa sua energia negativa.
— Não tem nada a ver com energia negativa, é uma porcaria barata, isso sim.
— Então...
— Então, o quê?
— Como o quê? Quantos anos você tem?
— Eu não sei.
— De novo essa desculpa?
— Não é desculpa, eu não sei mesmo.
— Droga, como alguém consegue viver sem saber quantos anos tem?
— Vivendo. Além do mais, tive muito tempo para me acostumar com isso... o que é agora?
— O quê?
— Você está fazendo aquela cara de novo.
— Que cara?
— Não se faça de desentendido... a cara de quem está remoendo alguma bobagem aí nessa cabeça oca.
— Você teve alguma coisa com ele, não foi?
— Eu jamais teria alguma coisa com aquele imbecil.
— Então, por que você fica tão nervosa com esse assunto? Você o amava e ele a magoou?
— Queria que fosse tão simples assim.
— Mas você o amava?
— Não. Eu amava o irmão dele. O irmão gêmeo, mas ele morreu. Satisfeito agora?
— Desculpe.
— A única coisa que você precisa saber é que ele não é de confiança. Então vamos entrar, pegar o medalhão e dar o fora de lá o mais rápido possível.
— Tudo bem. Entrar, pegar o medalhão e dar o fora. Registrado.
— O que foi agora?
— Só é difícil acreditar que vou conhecer o Lancelot, sabe, o grande cavaleiro da Távola Redonda.
— Ah! Pelo amor de Deus... ele não é nenhum grande cavaleiro. Não passava de um mulherengo na época e posso apostar que não mudou nada.
— Lancelot, um mulherengo, nossa. E Arthur? Ele também existiu, não é? Porque se existe um Lancelot, obviamente tem também um Rei Arthur...não tem?
— Sim.
— E... Arthur...
— O que tem ele?
— Também era um mulherengo?
— Não.
— E como ele era?
— Bom.
— E onde ele está agora?
— Morto.
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A maldição de Arthur - Livro 1 - Série Imortal
Fantasy"Cass fechou os olhos e cochilou, queria falar com Arthur, dizer o que sentia, despedir-se de Gael, desculpar-se com Toruk, elogiar Terian, agradecer ao senhor Myagui dos goldlins, Karhystrs e perdoar Lancelot. Eram muitas palavras a serem ditas e e...