Capítulo 5

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Uma dor latejante nas têmporas despertou Cass. Ao seu lado, dormindo sentado em uma cadeira dura, com uma das mãos segurando-a pelo pulso estava Luke, a cabeça sobre o lençol macio e a respiração cansada. A imortal saiu da cama pé ante pé para não o acordar, mas antes de chegar à porta o americano já se lançava em sua direção.

— Como você está? — Luke perguntou com a voz sonolenta.

— Com fome.

— Isso é um ótimo sinal.

Desceram juntos e encontraram os gêmeos na sala principal, sentados no tapete, com pelo menos vinte livros ao seu redor. Quando ouviu os passos leves de Cass e Luke, Arthur ergueu os olhos da página de um livro amarelado. Ao vê-la, com os cabelos bagunçados e olheiras profundas sobressaltou-se.

— Você está bem?

Cass assentiu mecanicamente.

— Nunca pensei que alguém podia dormir tanto, principalmente alguém tão pequena como você. — Lancelot provocou-a.

— Por quanto tempo eu dormi?

— Três dias. — a voz de Luke soou aliviada.

— O que significa tudo isso? — Cass olhou alarmada para a montoeira de livros, pergaminhos e folhas com rabiscos.

— Quando você tocou no desenho do medalhão, acho que senti uma coisa.— Arthur levou os dedos ao desenho da relíquia grudada em sua pele.

Lancelot insuflou o ar consternado.

— Isso não é hora para essas coisas...

Arthur olhou-o de soslaio, mas não disse nada.

— Não é um desenho, é o próprio medalhão que está em você. — Cass resmungou.

— Eu sabia, eu senti. — Arthur animou-se, levantando em seguida. Abraçou-a, fazendo Cass tirar os pés do chão. — Agora só precisamos arrancá-lo daqui.

Luke pigarreou e Lancelot abriu uma carranca.

— E como faremos isso? — Cass perguntou, desvencilhando-se do irmão Pendragon moreno e apoiando-se em uma cadeira.

— Não faço ideia. — Arthur ainda sorria.

— Então por que você está rindo feito um idiota? — Luke provocou.

Arthur deu de ombros, ignorando os olhares enviesados dos demais.

— E o que você descobriu até agora, Arthur?

— Não muita coisa. — Ele deu de ombros.

— Precisamos quebrar a maldição, só assim conseguiremos o medalhão para salvar o povo lemuriano. Não consigo deixar de pensar que algo terrível deve estar acontecendo para que o merlim me enviasse um recado através de um espírito. Bom, se é que enviou realmente. — Cass bufou.

Todos olharam-na com curiosidade.

— Eu vi como o medalhão foi parar aí... tem café? — virou-se para a cozinha. Tudo o que menos queria naquele momento era ver novamente o peito definido de Arthur ou lembrar-se do momento em que ele se tornara imortal.

— Você bebe café demais, por isso está sempre de mau humor. — Lancelot provocou, levantando do tapete e indo para a cozinha. — Vou fazer um chá e alguma coisa saudável para você comer.

— E desde quando você virou o senhor natureba? — Cass saiu ao encalço de Lancelot, resmungando.

Arthur e Luke seguiram logo atrás.

A maldição de Arthur - Livro 1 - Série ImortalOnde histórias criam vida. Descubra agora