Dias antes...
500Km a leste de Moscou
Que merda é essa?
Cass pensava enquanto erguia a clava cheia de espinhos de aço e o acertava bem no meio da cabeça. A criatura de três olhos, corpo monstruoso e quatro braços musculosos ao estilo Hulk, cambaleou com o choque, a arma ainda cravada no crânio. Mas a mulher não parou por aí, com uma sequência de chutes que acertaram a região do abdômen e dos joelhos, derrubou a coisa que jorrava um sangue negro e fétido para todos os lados. Quando a criatura morreu, Cass seguiu para o próximo.
Não muito longe, Luke defendia-se do porrete imenso de uma coisa para a qual não conseguiu dar nome. O inimigo tinha pelo menos dois metros, e braços que poderiam tirar um carro do chão, não um carro qualquer, talvez até um daqueles utilitários com tração em todas as rodas. E o porrete ia e vinha em espetacular movimentação, como se o peso dos braços ou da arma não dificultassem a agilidade do grandalhão. A besta abriu bem os três olhos vermelhos e partiu novamente para um ataque frenético. Como se fosse um cachorro furioso rosnou, mostrando dentes sujos de sangue e deixando escapar um hálito nauseabundo.
Quando deu por si, Luke estava de costas para Cass, que também se empenhava em escapar de uma fera que era quase tão feia e fedorenta quanto a anterior. Os monstros lutavam como se a sede os impelisse. Queriam sangue. Mas Cass não estava com paciência para aquilo e tratou de ganhar algum espaço e começar a recitar um encanto de congelamento.
— O que você está fazendo? — Luke grunhiu ao esquivar-se de um golpe que teria lhe arrancado o braço esquerdo, tamanha a força empenhada.
— Vou transformar isso aqui numa aventura Congelante!
— Mas do que diabos você está falan... — Luke arfou quando sentiu o gelo deslizar sob seus pés e se lançar para os monstros, que não paravam de surgir de uma caverna ao longe.
O local aonde estavam era parte de uma região montanhosa e fria, pouco habitada e muito propícia para esconderijos de criaturas medonhas que tentavam se enfiar no mundo terreno. Luke odiava o frio. Como se lutar todo encasacado já não fosse ruim o bastante, Cass ainda tinha que transformar tudo ao redor num maldito rinque de patinação. Escorregando, buscou apoio numa árvore congelada e esperou até que o último grunhido bestial cessasse para, só então, altear as sobrancelhas e lançar seu olhar de cowboy para a caçadora de monstros e aberrações do inferno.
— Já que terminei o serviço, você limpa. — a mulher de um metro e sessenta disse, sorrindo.
— Claro. — resmungou Luke. — Sempre tenho que ficar com a pior parte.
— Não resmungue ou congelo você também.
— Uma típica tirana! — o rapaz deu de ombros, voltando para o carro na estrada.
— Aonde você vai?
— Buscar uns sacos de lixo. — Luke resmungou.
— Acho melhor incinerarmos.
— Fique à vontade para tentar com todo esse gelo.
Cass suspirou, Luke estava mesmo ficando rabugento e preguiçoso. Estalou os músculos dos ombros e murmurou algumas palavras numa língua antiga que nenhum mortal comum conheceria. Rapidamente as criaturas começaram a se mover, mas não com vida ou raiva, e sim mecanicamente, como zombies. Tão logo ela disse as últimas palavras os monstros congelados se empilharam uns sobre os outros, totalizando nove ou dez feras enormes e fedorentas. Uma chama azul brotou dos dedos da imortal e voou na direção daquelas criaturas. Logo estavam derretendo no calor do fogo mágico.
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A maldição de Arthur - Livro 1 - Série Imortal
Fantasy"Cass fechou os olhos e cochilou, queria falar com Arthur, dizer o que sentia, despedir-se de Gael, desculpar-se com Toruk, elogiar Terian, agradecer ao senhor Myagui dos goldlins, Karhystrs e perdoar Lancelot. Eram muitas palavras a serem ditas e e...