Os olhos da jovem amazona estavam aterrorizados, mas ela continuava a manter o silencio. Cass passou a ponta da adaga pelo pescoço da guerreira e sorriu com maldade. Não era seu estilo usar a tortura, principalmente para salvar alguém como Lancelot, mas ele ainda era irmão de Arthur e mesmo que ela não fizesse nada, o Pendragon moreno com certeza faria.
— Sabe, isso não está dando certo... — Cass falou, depois de algum tempo ameaçando a jovem com a adaga afiada.
Luke, percebendo que Cass tornava a guardar a adaga numa bainha na cintura, arqueou as sobrancelhas castanhas. Estava preocupado, nunca vira Cass agir de forma tão maléfica, sempre fora do tipo que se tivesse de lutar, o faria, mas daí a torturar uma menina... Ele jamais imaginaria que Cass seria capaz de algo tão desumano.
Cass pegou Excalibur das mãos de Arthur e sorriu. Luke saltou na direção da imortal.
— Mas que diabos você pensa que vai fazer?
— Matá-la!
— Você enlouqueceu?
— Ela não tem utilidade nenhuma, se não fala então não serve.
— E só por isso você se acha no direito de matar. Cass, ela é praticamente uma criança.
— Crianças não saem por aí atacando pessoas, Luke.
— Não posso permitir que você faça isso.
— Melhor não se meter!
— Droga, Cass.
— Droga, Luke!
— Faça o que tem de fazer. — A voz de Arthur trovejou nas costas de Cass.
Com um sorrisinho provocante a imortal lançou um olhar de vitória para Luke que fechou o cenho e se afastou, furioso.
— Então garota, última chance.
A menina continuou em silencio.
Cass rodopiou Excalibur no ar, era pesada e difícil de manusear. O sol refletiu na espada imponente e fez com que a menina se encolhesse ainda mais. Estava de joelhos, as mãos amarradas às costas e com a espada de Toruk apontada para sua garganta. Não tinha para onde correr, e estava diante da morte certa. Era uma garota determinada.
— Droga garota, comece a falar. — Luke berrou, segurando-a pelos braços e sacudindo-a até começar a tremer. — Eles vão matar você, fale, por favor, fale!
A menina sorriu. Estava disposta a morrer.
Luke saiu cambaleando. Matar numa batalha quando a adrenalina corre por suas veias e o instinto de sobrevivência faz a maior parte do trabalho era uma coisa, assassinar uma adolescente, amarrada e sem defesa, era outra bem diferente. Difícil de engolir. Provavelmente ele jamais perdoaria nenhum deles, inclusive a si mesmo por permitir aquilo.
— Ela não vai falar. — Cass crispou, os olhos furiosos para Luke. — E sendo assim...
— É melhor você não olhar se acha que não consegue. — Arthur provocou, um sorriso quase imperceptível nos lábios.
Somente nesse momento o americano se dera conta. É claro que Cass não pretendia matar a garota, não era de sua natureza usar violência desnecessária, ainda mais contra uma pessoa indefesa, uma criança. Aquilo não passava de um jogo, uma maldita armação para assustar a refém e fazê-la falar. Estivera tão furioso e assustado que nem mesmo se dera ao trabalho de cogitar a hipótese. Sua reação com toda certeza ajudara a enfatizar o plano, mas agora não tinha certeza se conseguiria continuar. De costas para a garota, Luke chacoalhou a cabeça em negativa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A maldição de Arthur - Livro 1 - Série Imortal
Fantasy"Cass fechou os olhos e cochilou, queria falar com Arthur, dizer o que sentia, despedir-se de Gael, desculpar-se com Toruk, elogiar Terian, agradecer ao senhor Myagui dos goldlins, Karhystrs e perdoar Lancelot. Eram muitas palavras a serem ditas e e...