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Daniele
Perinatal
Jacarepaguá, Rj

Meu olhos marejaram é meu coração acelerou. Ouvir aquele som pela primeira vez, era mágico pra mim. As batidinhas compassadas e rápidas do meu inesperado bebê, me fizeram querer ele em meus braços o mais rápido possível.

Olhei para Marília que segurava minha mão e fungava frenéticamente.

— vai um lencinho aí? - brinquei.

— Me deixa. - ela passou a mão no rosto. — Não é todo dia que ouvimos um coração de um bebê bater.

Eu e a doutora rimos.

— Por hoje é só Dani. - ela passou o papel em minha barriga para limpar o gel. — Espero que saiba que aqui no nosso hospital guardamos as gravações dos coraçõezinhos, caso queira levar só esperar algumas minutos pra eu poder te passar ok?

— Ok!

[...]

— Já faz 20 minutos que não diz uma palavra... - Marília disse.

— Sabe Ma, eu decidi que vou contar ao Gabriel sobre o bebê hoje. - falei decidida para minha amiga no banco do carona.

— O que fez mudar de ideia tão rápido?

Parei o carro em frente a casa do Ribeiros.

— Ele pode ser fruto de uma irresponsabilidade. Mas não tem culpa de nada. - tirei as mão do volante e levei até a barriga. — Nada do que aconteceu é culpa dele e ele merece que o pai acompanhe seu crescimento dentro e fora da barriga.

— Nossa amiga. Admiro sua coragem. você é incrível. - me abraçou. — Assim que estiver com ele na nada uma mensagem, quero saber do babado do começo ao fim. - ela riu.

— Obrigada amiga!

— Te espero em Angra hein! - ela disse e se despediu.

Sai com o carro e meu único destino no momento era a casa do Gabriel. Estacionei de frente para o prédio. Levando em conta os minutos que ficaria no elevador até chegar a cobertura, seria tempo o suficiente para eu procurar a coragem que até 30 segundos atrás eu tinha. Uma notícia como essa é vir sem avisar iria assusta-lo com certeza, mas ou eu vinha hoje ou não vinha nunca. O elevador parou no andar da cobertura. Respirei 59 vezes antes de bater na porta e mesmo assim quase tive um treco quando ele abriu a porta.

— Dani? O que faz aqui? - ele estava sem camisa e com um shortinho mole de futebol.

— Oi Gabi é... Preciso falar com você. - sorri sem graça

— Ah! Tudo bem... Entra!  - ele me deu espaço. — Fica a vontade.  - ele sorriu e fechou a porta. — É muito urgente? É que cheguei do treino agora e precisava...

—euestougrávida - me perdoem, mas se eu não disse logo eu ia travar e minha viagem até aqui seria perdida.

— Pera aí, o que?! - ele arregou os olhos.

— Eu disse que eu estou...- ele me interrompeu.

— Não, eu entendi eu só... Meu Deus! - Gabriel colocou as duas mãos no rosto e se sentou lentamente no sofá. — Usamos camisinha, como isso é possível?

— Na verdade, naquela noite, você tirou a camisinha um pouco depois de... você sabe...

- Eu não me lembro...

— Você quer ouvir o coração dele? É a coisa mais... fui interrompida

— Quem sabe disso? - ele disse seco e frio.

Pisquei algumas vezes pela atitude.

— Só eu a Marília e ágora você.

— Ótimo! Quantos menos souber melhor...

— Pera aí, como assim?

— Quanto você quer? - ele se levantou e pegou o celular.

— Oi? Quanto eu quero? Gabriel eu não tô te entendendo.

— Quanto você quer pra não dizer a ninguém que esse filho é meu? E principalmente negar qualquer tipo de envolvimento comigo.

— Eu não acredito que tô ouvindo isso Gabriel! - meu olhos marejaram, minha garganta queimava e um choro sofrido de decepção estava pronto para sair. Ele continuou ali parado com o celular me olhando como se eu tivesse avisado que ia chover e não que estava grávida de um filho dele. Sequei as duas lágrimas que insistiram em cair com toda a força do mundo.

— Pode deixar Gabriel Barbosa. Sei que está fazendo isso por causa da sua carreira e sua reputação. Eu e meu filho não vamos incomodar você nunca mais. - me virei para ir até a porta.

— Ah e antes que eu me esqueça, enfia esse seu dinheiro no olho do seu cu tá ok? Meu filho não precisa dele e nem de você! - e sai batendo a porta com tudo.

É você - GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora