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Gabriel

- Você consegue respirar? - Daniele estava preocupada.

- Estou de boa princesa, foi só uma fisgada. - tentei acalma-la. Mas na verdade meu peito ainda doía.

- Pode ficar de pé. Preciso ligar o outro aparelho em você. - obedeci. - Se estiver com dor ainda, ele vai mostrar.

Ela ligou o aparelho que começou a apitar. Na tela apareceram milhares de pontos vermelhos e alguns laranjas.

- o que significa essas pontos?

- São os lugares comprometidos do seu coração. - ela me olhou preocupada. Seu semblante era triste. - Gabriel, por que não me disse que estava assim?

- Mas nem mesmo eu sabia disso. - olhei incrédulo para a tela.

- O médico que te atendeu fora do clube foi tão incompetente assim? Não fez um exame essencial em um paciente com histórico de problemas cardiovasculares? Pelo menos suas vezes na semana?

- Ele disse que minhas fisgadas podiam ser musculares e não no coração.

- Gabriel, você teve mais dores? Ou só depois dos jogos? - ela me olhou querendo a resposta. E eu tinha que responder a verdade a ela.

- Não... - suspirei. - Suas mesmas depois que demiti o Fabinho, fui pra emergência com a Dhiovanna, minha irmã mais nova. O médico disse que o tratamento era feito por um cardiologista e me passou paliativos pra dor.

Daniele apertou os olhos. E ficou um tempo em silêncio.

- Dani?

- Você sabia sim que estava doente. - ela levantou o olhar e me encarou. - Caso contrário não estaria fazendo dieta.

- Como sabe que estou de dieta?

- Eu vi sua comida hoje no almoço. Quando estava na sua casa outro dia, você não comeu a pizza. Disse que estava sem fome. Além disso, está bebendo mais água que o normal.

- Nossa você me observa mesmo.

- Independente da relação que nos temos, eu sou sua medica. Preciso prestar atenção na sua saúde. - ela levantou e pegou alguns papéis.

- O médico disse que por precaução deveria comer menos gordura e beber bastante água.

- Dieta básica para pacientes com CI. - ela colocou alguma papéis em cima da maca. - Esse aqui é o atestado de óbito do Everton.

- Atestado de Óbito???? - a olhei incrédulo.

- Não precisa se assustar. - ela riu. - Quando Everton descobriu a doença, ela já estava em estágio 5. Suas artérias estavam obstruídas demais e era muito risco operar. Depois de 24hra internado, Everton teve uma parada cardíaca e não acordou mais. O hospital criou um atestado de óbito "provisório" para que eu pudesse opera-lo com o auxílio dos aparelhos. Assim a ventilação do coração continuaria funcionando. 8 horas de cirurgia. E no dia seguinte ele estava de pé.

- Caralho!

- Você deve estar em estado 4/4.5. A sorte de vocês dois são que não infataram. Se isso tivesse acontecido, talvez o coração ficasse comprometido demais e não tivesse mais volta. - ela deixou os papéis de lado e me olhou. - Gabi, você podia ter morrido. Por que não me contou antes que tinha algo errado?

- Eu... - bufei. - Eu tive medo. E tudo muito novo. Estar doente sabe? Nunca fui nem de pegar resfriado e agora estou assim. Eu não queria assumir.

- Está tudo bem. Vai ficar tudo bem. Everton já teve entre a vida e a morte e mesmo assim está ótimo. Você ainda tá em tempo de fazer diferente, em vez de esperar complicar e tornar tudo mais difícil.

- Ok... E quando vamos resolver isso?

- O mais rápido possível. Seu filho quer você vivo e forte. - ela sorriu e eu também.

Depois de mais alguma exames e muitos puxões de orelha. Deixei Daniele em casa.

- Está entregue.

- obrigada. - sorriu. - Até amanhã?

- Não vai me dar nem um beijinho? - diz bico e ela riu.

Ela me deu um selinho demorado que logo se transformou em beijo. Pedi passagem com a língua e ela permitiu. E aí que o bagulho ficou doido. Puxei Daniele para meu colo e coloquei minhas mãos por dentro de sua blusa.

- Gabi...- ela disse abafada. E me empurrou de leve. - esqueceu da que conversamos?

- Já sei, já seu. O auto controle. Revirei os olhos. Ela saiu só meu colo e meu deu um selinho.

- Até amanhã.

- Até.



É você - GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora