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Quando os dois voltaram para a estrada, Hikaru continuou a andar de cabeça baixa. Ele mancava muito devido ao ferimento na coxa, mas não reclamava de dor ou sequer fazia um único barulho enquanto se apoiava no youkai, mas havia suor frio em sua têmpora, seu lábio inferior estava machucado de tanto morder e seu rosto estava tenso.

— ... Por que vieram tantos guerreiros atrás de você? Você não parece ser alguém que sabe se defender. — Yusuke perguntou após um tempo.

— Pergunte aos homens que você matou, um deles provavelmente falaria alguma coisa. — Alfinetou.

— Você não parece tão perigoso para mim.

Hikaru o olhou de canto de olho, mas não disse nada.

— Então, o que aconteceu para você ser considerado um criminoso?

— Vamos procurar um lugar para ficar. Não tenho dinheiro comigo no momento, então terá que ser algum tipo de caverna ou o que vier primeiro.

— Ei, não mude de assunto.

— Então não fale de assuntos impertinentes.

— Tsc. Você me força a servi-lo por toda a sua vida e agora eu não posso nem sequer ter minhas perguntas respondidas? Que ridículo... — Resmungou. — Certo, pra mim já chega! Suba nas minhas costas!

— Do que está falando?

— Não se faça! Eu sei que cada passo seu dói e é extremamente irritante sentir isso! Além de que você está andando devagar!

— Bem, não é minha culpa se você não cumpriu a sua parte de me proteger.

— Tsc... Você é ridículo.

— E você não tem honra.

O youkai sorriu.

— Até parece que eu me importo com isso.

— Bem, se você tivesse honra, não estaríamos compartilhando essa ligação estúpida.

— ... Apenas suba logo nas minhas costas.

Hikaru deu de ombros.

— Já que insiste.

Yusuke se inclinou um pouco, e embora fosse mais baixo que Hikaru, ele conseguiu o carregar em suas costas sem muitas dificuldades.

Caminhando pela estrada de terra, eles acabaram encontrando uma velha casa abandonada, onde se abrigaram e recolheram-se. Hikaru também tratou melhor seu próprio ferimento com o que tinha e ao notar quão sujo Yusuke estava, ele recomendou que a raposa fosse se lavar antes de dormir, mas não houve resposta. Após um tempo, ele foi o primeiro a cair no sono e Yusuke apenas o observou dormir por um tempo. Ele desejava poder rasgar a garganta de Hikaru naquele exato momento, mas sabia que seria o mesmo que cometer suicídio, não podia fazer nada além de aceitar sua condição atual e esperar o momento certo para assassinar aquele humano.

Yusuke não sabia dizer quando tinha adormecido, mas quando acordou, seu olhar foi atraído para a fisionomia de Hikaru. O mais alto tinha colocado o chapéu em seu rosto, o que escondia completamente sua fisionomia facial. Sem perceber, ele se aproximou mais e tirou o chapéu de bambu de cima do rosto de Hikaru.

Até então, Yusuke não havia se incomodado em prestar atenção na aparência de Hikaru, mas agora que as coisas estavam tranquilas e ele estava entediado, resolveu analisar melhor as feições do humano. Hikaru era mais alto do que ele por alguns bons centímetros, também era mais magro, os cabelos eram de um castanho escuro quase preto e a pele era um pouco pálida. Seu rosto tinha feições bonitas, uma boca fina, mandíbula demarcada e havia um sinal de beleza na sua bochecha direita. Ele era bonito, o tipo de beleza que poderia fazer você querer olhar para o rosto dele sem desviar o olhar. Haviam também coisas estranhas nas orelhas de Hikaru que a raposa não sabia nomear, mas era feito de pérola e jades esculpidas em formato de borboletas.

Hasu No HanaOnde histórias criam vida. Descubra agora