Nijyuu San

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Se o reflexo de Hayato não fosse rápido, seu pescoço teria sido cortado.

Ele estava assustado com a agressividade e o olhar frio de Hikaru. Ele nunca tinha sido assim, havia sempre um traço de gentileza e tristeza em seus olhos, mas agora estava cheio de intenção assassina.

— M-Masamune-san?

Ele não escutou e atacou mais algumas vezes. Hikaru era incrivelmente rápido com a ko-wakizashi, mas seu forte era o ataque surpresa, uma vez que tinha perdido a oportunidade de matar alguém em apenas um movimento, sua postura se tornava fragilizada. Ele poderia se virar com alguns humanos e até escapar vivo talvez, mas com alguém mais habilidoso que ele, não havia muitas chances. Hayato era mais proficiente, mas estava tão chocado que havia recebido alguns cortes superficiais enquanto desviava.

Não é possível, será que ele foi possuído? Ele ainda está com o omamori? Ou será que algum monstro assumiu a aparência dele?

Ele descartou a última possibilidade. Se fosse mesmo um monstro, já teria assumido sua forma verdadeira. Ou melhor, não havia como um monstro atacar usando uma espada.

Hayato tentou se afastar e se concentrar em fazer um talismã de purificação, mas era difícil com Hikaru tão determinado em matá-lo e com uma mão ocupada por segurar a vela. O tengu sabia que precisava fazer alguma coisa, ele não podia continuar naquela situação para sempre, o tempo estava passando e ainda tinham que encontrar Yusuke.

Quando conseguiu a oportunidade, Hayato desarmou Hikaru, mas ele lhe socou com força, o deixando desorientado o suficiente para afrouxar o aperto no pulso alheio. Hikaru balançou a mão que havia usado para lhe socar para aliviar a dor que ele mesmo tinha sentido em seu punho e usou aquela oportunidade para passar as contas do juzu em seu pescoço, começando a sufocá-lo. Na primeira vez em que tinha sido enforcado por aquela coisa, não havia nada de muito diferente de uma corda, mas agora as contas pareciam queimar e apertar pescoço dolosamente como se fosse uma píton viva se enrolando em sua presa. Havia intensão assassina dessa vez e mesmo que Hayato afastasse Hikaru, o juzu continuaria o sufocando até que realmente morresse.

— Ma...samune...san! — Engasgou, tentando trazer um pouco de consciência a ele, mas parecia em vão ao ver a frieza em seu olhar.

Como se estivesse impaciente ao vê-lo ainda vivo.

Ele estava com falta de ar, havia pontos pretos em sua visão, ele estava começando a perder os sentidos lentamente, sua mão soltou a vela que tinha em mãos. Hayato rangeu os dentes e levou sua mão livre até o rosário, mas não havia brecha para tentar aliviar o aperto, pelo contrário, parecia que havia ficado ainda mais difícil e doloroso de respirar. Usando as duas com todas as forças que tinha, o tengu arrebentou o objeto, fazendo com que Hikaru arregalasse os olhos. As contas todas se soltaram e voaram para todos os lados e Hayato finalmente pôde arfar e respirar grandes quantidades de ar para recuperar o fôlego, o juzu que antes costumava ficar enrolado na mão e pulso do humano também se desfez, fazendo com que ele olhasse com incredulidade para o objeto mágico agora destruído.

Hayato se aproveitou do seu momento de distração e se apressou em fazer um talismã de purificação, colocando na testa do humano. Os caracteres brilharam e o papel queimou em uma chama de cor azul, sumindo sem nem mesmo deixar as cinzas para trás. Foi preciso segurar Hikaru para que ele não caísse, visto que aquilo pareceu o deixar um pouco desorientado e tonto. Hayato ficou muito aliviado em ver que ele estava bem e suspirou pesado, finalmente podendo respirar direito. O humano piscou e olhou ao redor, as sobrancelhas franzidas.

— ... O que foi que aconteceu? — Murmurou.

— Parecia que você tinha sido possuído... Foi muito assustador. — Hayato suspirou. — Eu estava com muito medo de você ter se machucado ou algo do tipo. Foi muito angustiante andar de um lado para o outro nessa casa e não conseguir encontrar você ou Yusuke-san.

Hasu No HanaOnde histórias criam vida. Descubra agora