Nijyuu Ni

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Yusuke andava pela casa em passos lentos, procurando pelos outros enquanto chamava seus nomes. O cheiro pútrido era horrível, então de vez em quando ele tapava o próprio nariz para se livrar um pouco do odor desagradável. Quanto mais avançava, mais escutava claramente os sussurros das vozes que tinham começado exatamente quando o grupo havia se separado. Ele fingia não escutar nada, mas estava começando a ficar mais e mais alto, consequentemente, estava se tornando mais difícil de ignorá-las.

"Ainda está vivo? Por que esse monstro ainda está vivo?!"

"Mate, mate, mate!"

"Você está cometendo um terrível erro ao mantê-lo vivo!"

Yusuke franziu o cenho. Ele sentia que aquelas vozes eram familiares, mas não conseguia se lembrar exatamente de ter escutado elas nenhuma vez. Pensar nisso o fez se sentir amargo, ele detestava ser o último a saber das coisas, e não saber seu próprio passado o deixava mais irritado ainda. Todos pareciam desejar sua morte, mas ninguém lhe explicava o motivo. O que ele tinha feito, afinal? O que foi tão horrível ao ponto de todos estarem ansiosos em arrancar sua cabeça?

"Ele nem ao menos se lembra do que fez."

Ele parou de andar.

— E o que você sabe...? — Perguntou cautelosamente.

Entretanto, não houve uma resposta para sua pergunta. Pelo contrário, tudo tinha ficado em silêncio, e ele estava se sentindo irritado com isso.

"Shi? Não, não. Esse nome não é muito bom para você, é um mau agouro[1]!"

Aquela voz parecia terrivelmente familiar para ele, ouvir o seu tom tinha feito a raposa paralisar e seu coração se apertar. Entretanto, ele não conseguia lembrar quem era aquela pessoa, era como se a resposta estivesse na sua frente, mas ele não conseguia alcançá-la.

"Como Shi é um péssimo nome, eu vou te chamar de... Kioshi! É um bom nome, não é? Você gosta?"

— Quem é você? Está... Está falando comigo?

"Kioshi-chan, você é realmente tão bonita! Eu gosto muito do tom da sua pele!"

— Kioshi...? É esse o nome que você... Me deu? — A voz não respondeu, Yusuke se sentiu em pânico. — Espera! Não vai embora! Por que você me apelidou como Kioshi?! Quem é você?! De onde nós nos conhecemos?!

Ele correu em direção à voz, como se assim pudesse alcançar aquela pessoa, mas foi impedido de correr por uma mão que segurou seu tornozelo, ele gemeu de dor ao cair no chão. De repente, outras mãos surgiram da escuridão e viraram seu corpo, começando a agarrar seus braços e pernas, o forçando contra o chão. Seu coração pareceu parar de bater quando notou a silhueta do que pareciam ser vários homens, ele se sentiu petrificado, queria fazer alguma coisa, mas estava paralisado de medo. Quando um par de mãos o forçou a abrir as pernas, Yusuke imediatamente entendeu o que estava acontecendo, ele começou a gritar e se debater, tentando se soltar de suas mãos.

— ME SOLTEM!! POR FAVOR, POR FAVOR, ME SOLTEM!! ME DEIXEM EM PAZ!!

Ele sentiu uma mão dar um tapa em seu rosto e segurar suas bochechas com força.

— Cala a boca, imunda! Eu não estou me sentindo muito paciente hoje, acho que ninguém aqui está, então apenas seja uma vadia obediente e fique quieta enquanto faz seu serviço!

Ele mordeu a mão que tentou o impedir de gritar e recebeu um soco dessa vez, alguém então o amordaçou com um pedaço de pano e seus gritos e pedidos de ajuda se tornaram abafados. Mesmo que se debatesse, a pressão não diminuía, como se aquelas mãos fossem feitas de ferro. Yusuke estava em pânico, igual a quando aquele velho monge o restringiu com um juzu, embora não houvesse cachorros por perto, seu medo e desespero não diminuíram.

Hasu No HanaOnde histórias criam vida. Descubra agora