Jyuu Go

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O homem em frente a eles era alto, mesma altura que Hayato, mas na verdade, se olhasse bem, ele com certeza parecia ser alguns poucos centímetros maior. Era velho, tinha barba longa e um nariz comprido, mas com os mesmos olhos do tengu que seguia com o trio, e a mesma estrutura corporal. O tengu mais jovem prontamente se ajoelhou na neve e abaixou a cabeça, demonstrando respeito ao seu progenitor.

— O que te traz aqui, pai? — Perguntou com cautela.

— Você estava demorando muito para voltar ao monte Kurama, sem justificativas prestadas.... — Sua voz era imponente. Era difícil se segurar para não se ajoelhar ou chamá-lo de "majestade". — Alguns tengus o viram viajando com um espírito de raposa e um humano, eu não conseguia acreditar então vim ver a situação com meus próprios olhos.

Hayato imediatamente ergueu a cabeça.

— Desculpe, pai, mas é um assunto importante! Não posso voltar para o monte Kurama ainda, eu prometo que voltarei o mais rápido possível assim que tudo terminar! — Suspirou. — O monte está desprotegido sem o senhor por lá, é melhor não se incomodar conosco e voltar o quanto antes.

— Não acredita no potencial de seus irmãos? Humanos não são páreos para tengus de qualquer forma, então não há com o que se preocupar de verdade. — Na cabeça de Hikaru, as palavras "não existem só humanos com interesses em tengus..." rodopiavam claramente, mas ele não se atreveria a abrir a boca e atrair atenção desnecessária para si mesmo.

O tengu mais velho mudou a direção de seu olhar para Yusuke, o encarando fixamente. A raposa se sentiu congelar com aquele olhar, suor frio brotou em sua têmpora, seus instintos gritavam perigo e sua cauda começou a balançar de forma ansiosa. A sensação de se sentir ameaçado estava sendo muito maior do que quando tinha enfrentado Hayato na primeira vez em que se encontraram. Apenas um olhar daquele tengu e Yusuke já se sentia congelar.

— Vamos conversar sobre o fato de você ainda não ter arrancado a cabeça dessa besta demoníaca, Hayato...

O tengu mais jovem ergueu a cabeça rapidamente, os olhos se arregalando de modo automático.

— Ele não é uma ameaça, pai! Se ele se tornar algo que ameace a vida de inocentes, eu tomarei a responsabilidade, mas Yusuke-san não é ruim! Mesmo!

— Não quero saber de desculpas, Hayato.

Em um piscar de olhos, houve um ataque. Havia sido tão rápido quanto um raio cortando o céu, mas Hayato havia se colocado na frente deles e segurou o punho de seu oponente. Hikaru arregalou os olhos, nem mesmo conseguiu compreender o que havia acontecido. Ele percebeu que tinha algo de errado nisso tudo, Yusuke era facilmente suprimido por Hayato devido a sua falta de conhecimento sobre artes marciais, talvez por não se lembrar ou talvez por não saber mesmo, mas era óbvio que o tengu mais novo não era páreo para bater de frente contra seu superior. Os dentes estavam cerrados com rigidez e era óbvio que ele fazia um grande esforço para aguentar a força que seu pai impunha contra ele.

Quando Yusuke fez menção de fazer um movimento, Hikaru segurou seu pulso.

— Esqueça, se fizer alguma coisa, vai acabar morto. — Murmurou em voz baixa, não querendo atrair atenção desnecessária.

— Mas nós temos que ajudá-lo! — Respondeu também em voz baixa.

— Às vezes, a melhor ajuda é simplesmente não ajudar.

A raposa franziu o cenho, claramente insatisfeita por não poder fazer nada.

Hikaru sabia que ele mesmo e Yusuke apenas iriam atrapalhar se ficassem no fogo cruzado. Uma vez que Hayato estava tendo problemas com aquele youkai, então eles não tinham chance alguma de sair vivos caso recebessem um golpe direto como aquele, ou até mesmo os resquícios deste. Ele fez o que achou que seria mais sensato: puxou Yusuke junto com ele e se afastaram da forma mais silenciosa o possível, o suficiente para não se envolver naquilo e apenas observar de longe.

Hasu No HanaOnde histórias criam vida. Descubra agora