Go

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Ele estava contando o dinheiro, enquanto o senhor que foi seu último oponente se lamentava por perder tudo o que tinha apostado. Ele havia jogado três partidas com três pessoas diferentes e havia conseguido juntar uma boa quantia, derrotá-los jogando go havia sido mais fácil do que ele esperava. Apesar disso, Hikaru não ficou muito tempo por lá, visto que tinha experiência com maus perdedores. Embora soubesse como se defender de pessoas comuns, ele não gostava de entrar em conflitos, ainda mais quando isso poderia atrair atenção desnecessária.

Ele se perguntou quanto tempo levaria para Yusuke voltar ou onde ele teria ido, mas Hikaru não pôde pensar sobre isso por muito tempo, pois notou a aproximação de um guerreiro que parecia estar fazendo uma patrulha rotineira, ele imediatamente se apressou em fingir ser um civil comum que estava apenas olhando as mercadorias e se misturou entre outras pessoas. Ele não era perseguido com a mesma intensidade dos anos iniciais, mas ainda assim não haviam desistido de procurar por ele, e somado com a morte daqueles guerreiros, deviam estar mais atentos do que antes.

Hikaru até mesmo se perguntou quais novos boatos sobre ele passaram a circular pela boca das pessoas. "O demônio havia voltado a ativa após matar um grupo de guerreiros habilidosos"?

— Ei, você aí!

O corpo de Hikaru tencionou, ele havia prendido a respiração inconscientemente, mas continuou fingindo que não tinha nada haver com ele. A pessoa ao seu lado, entretanto, saiu correndo, deixando algumas frutas caírem de suas mãos e o samurai imediatamente a perseguiu. Quando percebeu que tinha ido embora, Hikaru suspirou aliviado.

— Hikkin!

Ele sentiu seu coração parar por um instante e voltar a bater acelerado com o susto que tomou. Até mesmo sentiu sua alma deixando seu corpo por um instante.

— Yusuke! — Repreendeu.

— Eu consegui dinheiro, podemos comer bem agora!

Hikaru franziu o cenho ao ver a bolsa de dinheiro, bem mais pesada do que a que tinha conseguido. Ele ergueu o olhar para Yusuke, seus olhos tinham um quê de indagação enquanto a kitsune tinha um sorriso travesso em seus lábios.

— Onde você conseguiu isso?

— Se-gre-do! — Soletrou.

Hikaru revirou os olhos.

— Vamos comer.

Os dois foram até uma loja que vendia udon e pediram três pratos. Quando o senhor os trouxe, ele olhou desconfiado para Hikaru.

— Aqui é proibido usar chapéu! Tire, tire!

Hikaru se perguntou se valia a pena fingir-se de cego, mas sentia que era muito arriscado visto a região em que estavam. Ele engoliu em seco e ergueu uma mão hesitante para tirar o chapéu de bambu de sua cabeça, mas Yusuke o impediu. Ele sorriu sedutoramente para o senhor.

— Poderia fazer uma exceção para ele? Hikkin tem um problema no rosto e não gosta de mostrar para as pessoas. Na verdade, talvez até deixe os outros desconfortáveis e acabaria espantando os clientes! Você gostaria que isso acontecesse?

— Bem...

— Por favor, podemos pagar a mais se quiser!

Hikaru olhou incrédulo para ele.

Acabamos de conseguir um pouco de dinheiro e você já pensa que temos o suficiente para extravagâncias como "pagar a mais"?!

— Tsc... Hoje passa, mas só porque a mocinha pediu! Tratem de não desperdiçar comida!

— Não faremos isso. — Hikaru respondeu.

O senhor se afastou, e Yusuke imediatamente agarrou o braço do maior, encostando a cabeça no ombro dele.

Hasu No HanaOnde histórias criam vida. Descubra agora