Hasu No Hana

Nana

Seus cílios tremularam antes de se abrirem, havia árvores floridas ao seu redor e as pétalas das flores caíam suavemente no que parecia ser uma delicada e gentil chuva, colorindo o chão de branco. Era muito bonito de se ver, mas ao mesmo tempo tão estranho, pois a estação em que estavam era outono e ali claramente parecia ser uma graciosa primavera. Yusuke desconhecia que tipo de árvores eram aquelas, suas flores pareciam brilhar em um branco levemente rosado e iluminar tudo. Verdadeiramente bonito.

Ele então percebeu que Hikaru não estava ao seu lado.

“Raposinha!” Alguém o chamou.

Ele se virou, procurando a origem da voz, esta que lhe parecia familiar de alguma forma, mas Yusuke não sabia dizer se pertencia a uma mulher ou a um homem.

— Quem está aí? — Perguntou.

“Faz tanto tempo que eu não te vejo, pequena raposa. Não se lembra mais de mim?”

Yusuke mordeu o lábio inferior. Ele não gostava da sensação de não se lembrar de seu próprio passado, aquilo lhe irritava e o fazia se sentir frustrado.

Com a falta de resposta, a pessoa pareceu perder sua animação inicial.

“… Ah…” A voz suspirou, parecendo um pouco triste. “Eu me esqueci que você não me reconhece... Antes do inverno começar, venha me ver, por favor.”

— … Quem é você?

Houve uma leve risadinha.

“Mesmo que eu diga quem sou eu, você pode não ser capaz de se lembrar.”

“Eu me chamo Inari.”

Em um sobressalto, Yusuke acordou. Ele sentiu que estava deitado em uma carroça devido à agitação dela ao se movimentar pela estrada. Hikaru estava ao seu lado, contando as moedas que tinha, mas ao perceber que Yusuke tinha acordado, ele guardou tudo e voltou sua atenção para a raposa.

— Teve algum pesadelo? — Perguntou.

— Não sei... Não pareceu um.

Hikaru abriu a boca para dizer alguma coisa, mas o que quer que fosse, ele desistiu de falar antes mesmo de verbalizar suas palavras.

— … Bem, chegamos em Yamashiro.

Yusuke se sentou e, de fato, eles estavam em uma cidade um pouco movimentada com uma bela paisagem de outono e comerciantes seguindo com a vida. Ele mesmo estava com seu corpo feminino, então as pessoas lançavam olhares curiosos em sua direção.

Ele se lembrou que, após terem andado por vários dias, haviam conseguido a gentil ajuda de um velho senhor que lhes deu uma carona até Yamashiro, graças a isso chegaram ao seu destino um pouco mais rápido do que seria se tivessem continuado a pé.

Os dois desceram da carroça assim que ela parou e agradeceram seu anfitrião, o tratando com dinheiro e se despedindo dele em seguida, assim foram andar pela cidade.

O estômago de Yusuke roncou.

— Estou com fome. — Reclamou.

— Vai ter que aguentar um pouco até conseguirmos dinheiro.

A raposa fez uma careta.

— Não temos o suficiente para nada?

— Apenas algumas moedas. Usamos o resto para pagar a carona.

— Afinal, por que você pagou aquele senhor? Ele mesmo disse que não precisava. — Resmungou.

— Quando alguém demonstrar gentileza, sempre retribua.