Sanjyuu Ni

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Hikaru olhou para a pílula entre seus dedos, ela tinha uma coloração negra puxada para o vermelho e sua superfície era lisa, o cheiro parecia ser de plantas e ervas medicinais, mas ele não se atreveu a tentar sentir melhor o odor daquela coisa. Ele não era do tipo que confiava cegamente em um estranho no primeiro encontro.

— Tem certeza de que esta coisa vai funcionar? — Perguntou, ainda olhando a bolinha com certa desconfiança. — Não é um veneno, certo?

— Está duvidando das minhas habilidades, pirralho?! Eu tenho mais de quinhentos anos produzindo coisas assim!

Mesmo com certas suspeitas, Hikaru guardou a pílula com cuidado em uma bolsa de couro e se curvou de forma respeitosa em direção a velha.

— Muito obrigado por sua ajuda, Tomoko-san.

— Hmph... Você ao menos possui um pouco de boas maneiras ainda.

Ele se fingiu de surdo e se despediu de forma respeitosa antes de se dirigir a porta de entrada da casa para sair.

"... Será uma pena quando ele se libertar de suas correntes."

Hikaru olhou para o lado de dentro novamente de forma imediata, estava prestes a perguntar se Tomoko havia dito alguma coisa quando o questionamento morreu em sua garganta. Ela estava parada, como se realmente fosse um cadáver sem vida, e parecia lhe encarar diretamente. Aquilo acabou despertando lembranças que não deveriam ser lembradas e que fizeram um calafrio percorrer sua coluna, ele imediatamente se retirou de dentro da casa. No fim, o humano acabou se assustando com os dois youkai que o esperavam do lado de fora, pois eles avançaram em sua direção imediatamente.

— O que aconteceu para você demorar tanto para sair?! — Yusuke perguntou.

— Ela fez alguma coisa estranha? — Hayato também questionou com visível preocupação.

— Quando você começou a demorar demais tentamos entrar, mas assim que fomos abrir a porta era como se tivesse uma parede invisível!

O humano olhou para os dois calmamente após o susto passar, ele já sabia sobre aquilo, mas achava que não era preciso explicar nada do que fez com Tomoko. Sua mente então vagou, pensando no murmúrio que parecia pertencer à velha, ele não pôde deixar de se sentir preocupado ao olhar para Yusuke, mas logo se livrou daqueles tipos de pensamentos.

Nada iria acontecer com a raposa. Ele não era mais um monstro sedento por sangue, não mais. E caso ele viesse a se tornar um monstro novamente, Hikaru o faria voltar ao normal. Nem que para isso tivesse que morrer no processo.

— Afinal, o que vocês fizeram lá dentro? — Hayato perguntou.

— Nada demais, apenas tentei conseguir informações a mais.

— Alguma novidade importante, Hikkin?

Hikaru negou com a cabeça.

— Nada demais, ela apenas ficou falando besteiras.

Ele puxou o talismã que estava usando para marcar a hora até o nascer do sol e o checou, metade dele havia sido queimado até o momento atual. Foi um alívio saber que ainda havia bastante tempo para eles voltarem para Sekai, mas já estava na hora de retornar para casa. Hikaru não sabia por quanto mais tempo o omamori poderia o proteger da energia demoníaca e muito menos desejava saber o que ela poderia fazer com seu corpo. Um humano em Ikai era como pisar em ovos, até mesmo para um exorcista poderoso. Não, pensando melhor, era mais perigoso ainda para quem sabia usar energia espiritual.

Quando pegou um talismã para abrir o portal, seu pulso foi segurado por Yusuke. O semblante da raposa parecia sério, um tanto diferente do seu eu habitual sorridente e infantil.

Hasu No HanaOnde histórias criam vida. Descubra agora