MENTE DE WENDY AIKEN
Abri meus olhos e inspirei o ar gelado. Olhei em volta e me encontrei no meio de um cenário branco, gelo. Apenas gelo. Fiquei de pé e comecei a correr na minha velocidade, mas não encontrei nada além de gelo. A roupa que eu estou usando é um vestido surrado com uma cor creme opaca. Costumava usar ele quando eu tinha quatorze anos. Muitos e muitos anos atrás. Eu sentei na neve e fiquei encolhida, abraçando minhas pernas. Eu não sinto frio mesmo com o vento forte bagunçando meus cabelos longos.
Talvez esse lugar seja o meu castigo por concordar em dá a vida de Abraham Van Helsing. Eu não tinha o direito de sacrificar ele, mas mesmo assim o fiz.
Eu apenas concordei porque quero o extermínio daquela garota mais que qualquer um. Nunca contei a ninguém, mas a primeira vez que eu escutei o sobrenome Helsing foi na Rússia. Um andarilho que viajava sozinho, ele sabia muito sobre mim... Sobre Matthew. Enquanto Louise se vingava de uma garota qualquer, Van Helsing matou o amor da minha vida em minha frente. Após aquele dia eu não consegui suportar mais nada e escolhi ser covarde, escolhi dormir por sete séculos do que encarar a triste verdade. Não somos imortais, nós apenas temos um pouco mais de tempo. Eu não contei a Louise porque sei que ela não entenderia, mas o homem que ela encontrou não foi o primeiro caçador Helsing. Essa família vive há gerações, caçando bestas sobrenaturais. Eu até diria que eles tem um tipo de proteção divina.
Eu sei que Abraham não tem nada haver com isso, mas eu não me curei ainda dá perda de Matthew. E como eu poderia? Escolhi fugir da realidade. Ele estaria decepcionado agora, assim como o papai.— eu sinto muito — sussurrei quase chorando — eu aceito se esse for o meu fim.
Essa com certeza é a cena mais melancólica da minha vida. Sozinha na neve, como nos anos que eu fiquei adormecida. Apenas eu e meus pensamentos.
Eu não pensei em como as pessoas se sentiriam. Kallie Eastey, Jacqueline e Oliver, eu tinha um compromisso com eles e escolhi o mais fácil.
Louise... Eu sei que ela amava Matthew tanto quanto eu, mas não pensei em como ela se sentiria com mais uma perda. Ela precisava de mim e tudo que ela já fez, todas as pessoas que ela machucou... também é culpa minha. Eu nunca a ajudei superar. Ela amava nosso pai e quando ele partiu eu deveria ter feito o meu papel de irmã.
Louise nunca me deixaria na mão, mas eu a deixei sem pensar duas vezes.
Talvez eu não seja a boazinha.
Eu mereço tudo que eu tenho. Mereço o desprezo e a dor. Eu nunca pensei que me chamaria de egoísta, mas é isso. Eu mereço a solidão.
Passos se aproximam. O barulho da neve é irritante, a única coisa que quebra o silêncio.
Olhei para trás e vi quem eu menos esperaria ver. Talvez eu esteja delirando. A solidão e o silêncio as vezes é difícil de suportar e a nossa mente produz o que queremos ver. Mas parece real demais, os cabelos loiros brilhando na luz do sol que fogem pelo meio das nuvens, os olhos azuis como duas estrelas.— você não está aqui.
— eu estou. — Matthew falou.
Como eu pude esquecer do som da voz dele? É a coisa mais melodiosa que eu escutei desde que levantei da minha sepultura. Mas não é real, eu lembro muito bem do lugar onde enterrei ele. Londres, junto do antigo clã noctem. Era o lugar de direito dele.
— eu vim te ajudar.
— você não pode me ajudar! — fiquei de pé — como poderia se você está morto?
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Crônicas de Louise
FantasyEm revisão Louise é uma vampira vivendo numa cidade esquecida. Quando uma nova ameaça surge ela se ver obrigada a recorrer a uma ajuda que preferia evitar. No meio de conflitos, vingança e paranóia, Louise se ver perdida e sem esperança. Além das p...