Acordei no quarto azul bebê que eu já reconheço. Levantei e percebi que estou vestida com uma camisa branca, provavelmente de Abraham. Ela é grande e em mim parece um vestido. Saí a procura de Blake, encontrei ele na cozinha com gelo na cabeça. É até engraçado ver um vampiro segurando gelo para passar a dor já que somos um pouco mais frio.
— Abraham foi trabalhar — ele se apressou em dizer — ele contou que você nos salvou, mas eu não vejo o Alie aqui. Ele está morto, não é?
— Blake, ele não era quem dizia. Eu vi uma foto dele com Gabriella, ele não te contou o motivo?
— não importa o que você diz, Louise! — ele jogou o gelo no chão — você podia ter salvado ele também! Ele ficou lá desacordado pegando fogo — Blake começou a chorar — por que você foi atrás de mim afinal? As coisas ditas na outra noite foram bem esclarecedoras.
Blake levantou da cadeira e saiu. Provavelmente ele foi para casa.
Eu sei que eu não deixei Alie García queimando, mas talvez eu me sinta bem com Blake descontando tudo em mim e não no resto do mundo. Eu disse coisas terríveis, como se já não bastasse o sofrimento dele por causa de Kallie Eastey.Tranquei a casa de Abraham e fui caminhando até a minha, é cedo ainda. As pessoas devem estar se perguntando o porquê de uma garota está andando descalça e quase pelada nas ruas de Tarragona. Talvez liguem para a polícia.
Eu não quero usar minha velocidade e chegar mais rápido, na verdade eu não quero ir para casa.
Um carro parou do meu lado, é Mike. Ele deve ter ido no hospital pegar sangue com o contato dele.— você está bem? — ele perguntou.
— não, eu só quero minha cama.
Mike abriu a porta do carro e eu entrei, ele dirigiu até nossa casa. Quando chegamos eu fui direto para meu quarto e me joguei em minha cama. Se eu pudesse desaparecer no meio desses travesseiros eu juro que faria, mas eu não posso. É tanta coisa em minha mente que fica difícil administrar. Descontrole, cansaço, culpa. Tudo em uma bola de neve. Eu não perco o controle porque eu quero, é mais difícil de lidar quando você é uma bomba prestes a explodir com magia. Eu bebo para manter aquele poder de ontem preso, eu não consigo distinguir ele do resto de mim. Isso me faz perder o controle. A magia dos elementos correndo em minhas veias. As bruxas diriam que ela se comporta desse jeito porque eu não posso liberar com feitiços simples já que eu sou vampira. Que bela vida eu ganhei.
Levantei quando minha cama ficou deprimente e fui tomar um banho, quando terminei vesti uma roupa casual e desci para a sala onde os outros estão reunidos.
É difícil ter que olhar para Wendy, ela parece ser tão... perfeita. Isso dá até raiva. Até o poder dela é mais controlado que o meu.
Vamos agora nos reunir com o grande conselho, a senhora perfeitinha recebeu uma carta a poucas horas. Los especiales parecem não saber o que é um celular.Saímos de casa, fomos Mike, Penélope e eu no meu carro. Blake ficou trancado no quarto com a solidão e a bipolaridade dele. Ele deve estar procurando formas de me punir, ele adora fazer isso.
Paramos no circo romano, a ruína onde o conselho espanhol se reúne.— onde estão? — Wendy perguntou quando saiu do carro.
— abaixo dele — Mike respondeu — a sala do grande conselho é no subsolo, abaixo do circ romà.
Quatro vampiros vieram ao nosso encontro, são os soldados do conselho espanhol. Eu nunca entrei na sala do conselho e nunca tive vontade. Foi difícil manter esse lugar escondido dos humanos, a curiosidade deles atravessa barreiras... E pedras.
O corredor está iluminado por tochas, é uma longa trilha delas até chegar na porta arqueada do hall do conselho.
Os vampiros abriram a porta e permitiram nossa passagem. Diferente dos corredores, o salão é iluminado por um lustre grande cheio de velas grossas e mais algumas pequenas. Eu reconheço vários rostos na platéia, dois deles me chamam atenção. Niels também veio, acho que ele tem que manter a boa aparência se quiser continuar com o dagblod.
Os três líderes, Los especiales, estão sentados numa espécie de trono no centro do lado oposto ao nosso. Estou deduzindo que o que está sentado no meio seja o criado por Matthew, com o sangue puro do clã Noctem.
Seguimos para os lugares vazios e nos sentamos. Eu escuto os sussurros deles, é uma mistura de surpresa com medo. O medo é por minha causa é óbvio. Minha fama nunca foi a melhor, mas outra pessoa os deixam assustados também, esta é Kallie Eastey.— tem um tempo que uma reunião assim não é feita — Wendy falou com a voz autoritária — o que vocês querem exatamente?
— aqui em Tarragona está tendo uma série de assassinatos — a escória espanhola começou a falar — humanos desaparecidos e centenas de vampiros mortos, sem contar que recebemos uma espada com uma fita vermelha amarrada.
Sussurros no auditório foram ouvidos. A fita vermelha para os vampiros representa ameaça, guerra e morte. Quando dissecaram Froy, o primeiro vampiro, amarraram ele com uma fita vermelha. Quando acabaram com o meu clã nove séculos atrás os malditos lobos deixaram uma fita vermelha como sinal que nosso clã pereceu, assim como Froy e os outros seis clãs. Não é surpreendente se os lobos estiverem tramando novamente, aqueles fedorentos ainda vão me pagar. Pela vida do meu pai.
— foram os lobisomens! — Dimitri, um dos rostos conhecidos, gritou.
— não podemos nos precipitar, guerrear com lobisomens não será a melhor forma de resolver tudo isso. — minha irmã falou.
— pelo contrário — eu fiquei de pé e olhei de relance para Wendy — quem mais mandaria uma fita? Os lobisomens estão sedentos para nos tirar de Tarragona. Eu apoio em tirar a dúvida agora. — os vampiros gritaram concordando comigo.
É inconclusivo dizer o que fez aquilo, mas os lobisomens estão sempre atrás de confusão, são como a peste. Eles vão pagar por tudo.
Levantei da cadeira desconfortável e saí do salão, essa reunião patética foi longe demais. Andei a passos largos para chegar logo até a escada que dá para fora desse buraco.— Louise! — alguém gritou — espere um segundo.
Parei no corredor empoeirado e esperei por ninguém mais ninguém menos que Niels.
— você viu Abraham hoje? Estou perguntando porque sei que ele anda com você ultimamente.
— não vi Abraham, pergunte para algum amigo dele.
— você pode pedir para Blake me ligar?
— Niels — eu pousei a mão no ombro dele — sugiro que fique longe do Blake, porque nem dez amigos seus no conselho poderá me impedir de te esfolar vivo e depois dá a sua carne para os lobos.
Deixei Niels no corredor com a expressão congelada e saí do circo romano. Fui para o bar da Macarena e fiquei bebendo numa mesa esquecida no canto do bar. Mas isso não durou, quarenta minutos depois Kallie Eastey chegou e veio em minha direção.
— tortura é a base da minha existência. — murmurei
— eu vim te buscar porque Blake está um pouco mal. — ela falou.
— cuide dele, você sempre fala que ele prefere você.
— não tenho tempo para drama, Louise. Chegamos em casa e encontramos Blake sem os olhos, Penélope precisa de você.
Deixei o bar e voltei para casa com Kallie Eastey.
Chegando subi logo para o quarto de Blake. Ele está deitado na cama sem camisa e desacordado. Penélope está limpando o sangue do rosto dele.
O par de olhos castanhos do Blake está em cima da escrivaninha. Quem fez isso? Uma coisa cruel e específica.Eu voltei para a sala e tentei identificar algum cheiro, e eu consegui. É o mesmo cheiro da pessoa que me atacou.
Alguém bateu na porta, fui atender. Quando abri a maldita porta não havia ninguém, fechei a porta com raiva.
Quando me virei dei de cara com Dallas, o vampiro russo que estava na reunião do conselho. Se bem me lembro, ele é irmão do Dimitri.
Ele enfiou uma estaca de prata no meu coração e me deixou para morrer na sala.
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Crônicas de Louise
FantasíaEm revisão Louise é uma vampira vivendo numa cidade esquecida. Quando uma nova ameaça surge ela se ver obrigada a recorrer a uma ajuda que preferia evitar. No meio de conflitos, vingança e paranóia, Louise se ver perdida e sem esperança. Além das p...