8- tudo está nebuloso

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  O apartamento de Tomas não foi o lugar mais agradável para se dormir, só é mais organizado do que o da minha tia porque não tem muitos móveis.
Olhei no relógio, ainda é muito cedo mas eu não vou voltar a dormir nessa cama horrível, ela com colchão e sem não tem diferença.
Levantei sem acordar Marie Jane. A cama de Tomas está vazia e eu estou escutando um barulho vindo do terraço, se eu não tivesse usado minha audição talvez não tivesse percebido.
Subi até o terraço e encontrei o jovem Tomas com uma lança, aparentemente ele está treinando.
A camisa branca dele é um pouco transparente, Tomas pode até ser magro, mas tem um físico bem definido. Os movimentos dele são graciosos, como em uma dança.

— posso me juntar a você? — perguntei e Tomas jogou uma lança para mim — quantos anos você tem?

— vou completar 103 em novembro— ele respondeu entre os golpes— e você, Louise Aiken?

— vou completar 970... Na verdade falta pouco tempo pra isso acontecer.

  Tomas ficou em silêncio. Confesso que treinar com ele está sendo uma boa distração, onde ele guarda essas lanças que é o mistério, já que eu não vi um lugar sequer que caiba elas.
Os golpes dele começaram a ficar mais intenso e confesso que não parece mais um treino. Tomas está tentando me acertar de qualquer maneira, se eu não fosse muito boa já estaria no chão.
Com a minha lança eu desarmei Tomas. A lança dele saiu voando e eu escutei quando ela pousou na rua lá embaixo. Espero que ninguém tenha visto ela caindo.

— qual o seu problema? Sabe que não pode me ferir, não é? — perguntei olhando nos olhos dele.

— é, mas eu posso tentar. — Tomas falou e tirou uma faca da cintura.

  Ele atirou e acertou a lâmina no meu coração. Eu sinto a prata se espalhando pelo meu sistema e então...
Quando acordei tive dificuldade para abrir meus olhos. O sol está alto, já deve ser 10h da manhã. Retirei a faca do meu peito porque nem isso Tomas teve a decência de fazer. O que ele pensou que estava fazendo?

— garoto estúpido! — gritei do alto do prédio.

  Voltei para o apartamento de Tomas e encontrei ele sentado no sofá lendo o mesmo livro de ontem. Arranquei o livro das mãos dele e joguei no chão.

— o que você pensa que está fazendo? — ele perguntou ficando de pé.

— você me atacou, seu babaca!

— é só isso? — ele abaixou e pegou o livro — eu estava fazendo só um teste, todos dizem que nada te mata. E além disso, eu tenho razões pra ficar bravo mais do que você. Meu irmão está morto. — Tomas falou e sentou novamente.

— eu não matei ele... Calma, Alie era seu irmão? — perguntei. A aparência entre os dois é realmente nítida.

— eu sei que você não matou ele, escutei sua conversa com Gabriella. — ele folheou o livro — a culpa disso tudo é dela na verdade.

— como assim?

— Gabriella mandou meu irmão para Tarragona para investigar alguém, eu não sei exatamente. — Tomas contou — ela foi irresponsável, Alie era inocente demais para esse papel.

   Investigando? O que Gabriella sabe que eu não sei?
Essa bruxa vai ter que se explicar agora.

— acorde Marie Jane, por favor. — pedi a Tomas.

  Saí do apartamento de Tomas e bati na porta do de Gabriella, ela permitiu minha entrada.
Sentei no sofá ficando de frente com ela.

— podemos conversar agora? — perguntei e ela assentiu — por que Alie García estava em Tarragona? Que diabos você está tramando?

Crônicas de Louise Onde histórias criam vida. Descubra agora