Tomas adormeceu há um tempo. Eu chequei se ele está respirando cinco vezes, agora estou na minha poltrona observando. A respiração dele está fraca e além disso o fantasma de Alie García usando jaleco está sentado no chão do quarto de frente para mim.
Eu tento ignorar ele, mas as vezes fica difícil. O pior é que agora ele está com aquela prancheta e não fez questão de me insultar ou fazer algum comentário irrelevante. Eu estou ficando irritada com ele, mas quem acreditaria que eu estou vendo o irmão morto do meu amigo que está prestes a morrer?
Como se não bastasse, Annie já me questionou três vezes o que faremos com Allison. Ela poderia ter um pingo de respeito pelo momento, não é fácil perder um amigo.
Nesse pouco tempo eu aprendi muito com Tomas, poucos viram mas nós dois tivemos muitos momentos. Ele me contou histórias e cantou músicas em espanhol. Deu conselhos e me ajudou com alguns surtos. Enfim, ele é um garoto divino.
Alie psiquiatra está me encarando, vou sustentar o olhar dele até ele cansar desse jogo de quem fica mais tempo em silêncio.— e com todas as perdas você ainda não age como adulta. Essa luta é sua, por que envolver outros? — ele quebrou o silêncio.
— perdi apenas Dana e... — olhei para Tomas na cama e desistir de falar.
— tecnicamente eu fui uma perda também — ele fez questão de lembrar — mas tem outra coisa que você perdeu, Louise, o resto da sua saúde mental — eu ri. Alie ficou de pé — seja uma adulta, Louise! Deixe a adolescente de quinze anos para trás, ela deixou de existir há nove séculos. Vá encarar o seu problema.
— como? — eu perguntei.
— você que é a louca, faça um plano!
Alie fantasma resolveu me dá sermão?
Pensando bem, eu devo encarar isso de frente. Allison não tem mais exército. Isso tem que ser resolvido entre nós.
Levantei da poltrona e saí do quarto, chamei a minha mãe na cozinha e reuni todos na sala.— eu vim pedir desculpas — comecei falando — ninguém deveria passar por isso, nós estamos escondidos por um problema meu.
— não é só seu. — Wendy falou.
— é sim, Wendy.
— o que tem em mente? — minha mãe perguntou.
— eu vou terminar essa bagunça.
Saí e fui para a praia onde eu me descontrolei e quase destruir Tarragona. O mar está calmo e livre de ondas muito grandes.
Eu sei que Allison monitora tudo o que eu faço, sei que ela sabe que eu estou aqui.— eu estou aqui, Allison — gritei, sabendo que ela me escuta — vamos terminar isso, eu e você, sem mais pessoas feridas.
Um vulto passou ao meu lado, virei para trás e dei de cara com a híbrida loira. Ela está com um sorriso malicioso no rosto, talvez ache que finalmente vai me matar.
— você fez uma bagunça e tanto. — eu falei, cansada da situação.
— você fez uma bagunça maior quando ferrou com a minha cabeça — ela disse com uma mão na cintura — agora o garoto deve estar morto, como era para eu estar.
— ainda não. Por que você demorou tanto para arquitetar uma vingança que nem deu certo?
— foi difícil encontrar Adalberto, os outros Van Helsing não aceitaram me ajudar, na verdade eles me caçaram — ela contou — mas eu demorei porque queria encontrar você num lugar estável, esquecida de tudo. A ideia de acordar Wendy não foi minha, mas eu concordei porque ela me deve também.
— você foi estúpida. — cuspi as palavras.
— eu era a sua amiga, Louise! Blake Wylie só pensava em Kallie Eastey, eu te ajudei a superar.
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Crônicas de Louise
FantasyEm revisão Louise é uma vampira vivendo numa cidade esquecida. Quando uma nova ameaça surge ela se ver obrigada a recorrer a uma ajuda que preferia evitar. No meio de conflitos, vingança e paranóia, Louise se ver perdida e sem esperança. Além das p...