Crônicas de Louise

22- como se a escuridão fosse luz

  Eu me espreguicei e me alimentei com duas bolsas de sangue. Annie fez questão de nos acordar bem cedinho, antes do sol nascer. O poder de um híbrido vai fazer diferença na mágica dela. Wendy está com a cara amarrada, decepção é evidente nela. Eu sei que nossa mãe não deveria ganhar esse poder, mas é o único jeito.

— nós estaremos lutando enquanto Abraham e Marie Jane sequestra um vampiro qualquer — eu adverti — a minha mãe tem que estar próxima de Allison para fazer o feitiço, então nós vamos ter que prolongar a luta.

— todos os híbridos estão mortos, né? Só estou perguntando porque não quero explodir ou seja lá o que a toxina faz nos vampiros.

— sim — esclareci a Kallie Eastey — a única viva é Allison, Wendy e eu cuidaremos dela.

  Todos saíram para fora, menos Wendy. Ela se aproximou e olhou no fundo dos meus olhos.

— você vai deixar nossa mãe com o poder? — ela perguntou.

— não, mas ela tem que pensar isso por enquanto.

— espero que saiba o que está fazendo, Louise.

  Nós duas saímos. Abraham e Marie Jane já acompanharam minha mãe de carro, Rafael vai ficar e cuidar de Clarissa com a ajuda de Steiner.

— vamos terminar com isso.

  Corremos em direção ao norte na maior velocidade que um ser humano poderia ter presenciado. Em direção a guerra eminente. Allison tem muita conta a pagar, humanos mortos, os olhos do Blake, a vida de Alie García e Dana Santiago... No lugar dela eu fugiria. Foi fácil acabar com os híbridos, vampiros serão ainda mais fáceis. Chegamos no lugar determinado por Rafael.

— segundo Rafael, Allison tem uma bruxa protegendo ela.

— por que uma bruxa ajudaria ela? — Mike me perguntou.

— a chance de acabar com a minha vida é única — falei e ele balançou a cabeça como se fosse óbvio — vamos matar a bruxa e qualquer feitiço em volta do prédio irá sumir, então é a vez de vocês entrarem.

  Wendy e eu entramos no prédio. Subimos até o último andar pelas escadas, nem foi preciso chegar tão perto para senti o cheiro da vadia desgraçada.
Nós caminhamos por um lance de corredores até chegar numa curva que dá em um auditório. Wendy olhou sem chamar atenção e depois olhou para mim.

— a bruxa está no centro, tem muitos vampiros.

— então que comece o show — peguei a adaga na minha cintura e apareci no corredor.

  Atirei a adaga na bruxa antes que os vampiros pudessem reagir. Avistei Allison sentada numa poltrona, ela se levantou quando me viu. A garota loira com olhos azuis claros, alta e magra no estilo modelo da Victoria's Secret. Como eu esqueceria deste rosto, foi uma das minhas melhores amigas no passado.

— oi, Allison, creio que você não esperava por isso.

— você acha que pode me vencer, Louise? — ela gargalhou — tenta a sorte. Eu esperava por isso, no momento que deixei Steiner ir eu soube.

  Os outros nos alcançaram, Tomas ficou do meu lado e Wendy no outro. Blake olhou com raiva para Allison, ela acenou de volta. Eles nunca se deram bem no passado.

— que vença a melhor. — eu falei.

  Corremos em direção a multidão de vampiros, eu na direção de Allison especificamente. Ela me recebeu com um soco, mas eu não demorei a retribuir.
Allison fez as garras e as presas surgirem, os olhos dela são vermelhos como o sangue. Ela me atacou, mas eu consegui me esquivar e evitar que as garras dela cortassem todo o meu rosto. Puxei ela pelo braço e lhe dei uma joelhada certeira na barriga, Allison perdeu o fôlego por um momento.
A minha volta está o maior banho de sangue presenciado por mim até hoje. Jovens que não me conheciam, mas que aceitaram comprar briga em troca de poder. Os humanos são previsíveis, é só fazer uma proposta que pareça boa o bastante para eles se tornarem os seus piões, mas eles não contavam com a morte instantânea. Não contavam com o que virá depois dessa noite.
Allison atirou uma estaca de prata que acertou minha barriga. Doeu. Eu devolvi a estaca, mas a híbrida desviou. Ela correu em minha direção, mas eu antecipei o golpe e a abracei.
Abracei Allison até escutar a coluna dela se partindo, isso vai demorar muito para curar. Soltei-a e seu corpo caiu no chão como se não houvesse ossos.