3- fui tão longe para mantê-lo perto

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  Eu mandei Abraham ficar no carro, não quero ter um humano que salvar ele, já que eu estou em dívida por ele não ter me deixado na rua.

— você vai deixar o garoto viver? — Blake indagou.

— por hora sim, ele não parece ser uma ameaça.

  Continuamos na direção, o cheiro que eu senti está muito mais forte agora.
Sempre quando eu estou rastreando alguma coisa eu paro na floresta, nunca em um bar, não que eu seja alcoólatra, mas eu preferia um lugar com menos árvores.
O solo está mais úmido e um fedor podre no ar está insuportável. A medida que avançamos fica mais difícil respirar. Meu pé começou a afundar na terra solta e os arbustos não ajudam nem um pouco.  Eu pisei em falso e o chão cedeu, escorreguei e desci rolando até caí em algum tipo de caverna.

— que droga! — ralhei.

  Estou no meio de uma gosma, não sei o que é exatamente mas o cheiro é bem pior daqui. Olhei para cima e pelo que parece isso é dentro de alguma árvore enorme.
Está tudo muito escuro e meu celular ficou no carro. Minha visão não permite que eu veja tudo claramente, só silhuetas e sombras.

— Blake?! — comecei a gritar — Blake?!

— estou aqui! — ele gritou pelo buraco onde eu passei — você está bem?

— óbvio que não. — respondi — o cheiro tá vindo daqui.

— não é difícil deduzir isso. Espera um pouco que eu vou descer.

  Em poucos segundos Blake pulou no buraco. Ele ligou a lanterna do celular e nós dois pudemos ver o que realmente está causando esse fedor todo. É claro que eu poderia ter usado o meu poder, mas a lanterna também não é a pior de todas.

— isso é...?

— os humanos e vampiros desaparecidos. — eu confirmei o pensamento dele — quem me atacou foi o responsável por todas essas mortes.

— e quem será essa pessoa?

— se eu soubesse já estaria indo atrás dela. — respondi — vamos sair daqui antes que ela pense em voltar.

  Pulei e saí do buraco, Blake fez o mesmo. Voltamos para o carro e Abraham continua sentado no banco traseiro. Que bom que ele não pensou em fugir, não seria a melhor opção com um assassino sobrenatural a solta.

— vocês estão péssimos. — ele comentou — o que aconteceu?

— não interessa, humano. — Blake respondeu entrando no carro.

  Voltamos para a cidade, deixamos Abraham no lugar onde ele pediu e fomos para casa.
Eu ainda não vou ameaçar Abraham Van Helsing, ele parece ser uma boa pessoa. Não sei como ele trabalha no dagblod, deve usar um outro sobrenome. Infelizmente boas pessoas não duram muito perto de mim. É melhor eu deixar o garoto longe da minha vida. Ele é novo e não apresenta preocupações para o nosso mundo, ele também não daria um bom caçador na minha opinião.

— tá sentindo esse perfume? — Blake perguntou quando descemos do carro.

  Eu senti uma fragrância suave, mas não me recordo de onde senti ela antes.
Entramos em nossa casa e vimos os nossos convidados, agora sei de quem é o perfume.

— o atraso é uma virtude sua— Kallie Eastey falou revirando os olhos.

  Não sabia que Oliver, Jacqueline e ela já tinham chegado, pelo visto Blake também não sabia.
A expressão dele agora é um misto de raiva, dúvida e decepção. Acho que ele não está bem ainda. O passado é bem fácil de se lembrar quando ele aparece na sua sala.

Crônicas de Louise Onde histórias criam vida. Descubra agora