4- atitude tóxica e autocontrole

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  Acordei com uma dor de cabeça horrível, parece que já é de manhã. Eu tenho que parar de perder tanto tempo assim.

— você está bem? — Penélope perguntou, ela está de pé na porta.

— eu... não me lembro de nada. — menti.

— Blake trouxe você ontem no fim da tarde, o cheiro de álcool estava bem forte. — Penélope contou — você tem meia hora para ficar pronta, Mike conseguiu passagens para Londres de última hora.

— mas eu estou de ressaca!

— você supera isso. — Penélope saiu.

  Levantei e senti minha cabeça latejar. Eu falei o que não devia.
Fui até o banheiro, escovei os dentes, tomei banho e arrumei meus cabelos. Depois de vestida desci até a cozinha e peguei uma bolsa de sangue.
Kallie Eastey está sentada na mesa tomando uma xícara de café, já vi ela fazendo isso antes, treino para andar com os humanos. Vou ter que me acostumar a ver a cara dela todos os dias por um tempo.

— perdeu alguma coisa? — Kallie Eastey perguntou quando me viu encarando.

— não.

— está arrependida? Blake quando te trouxe ontem parecia triste, eu perguntaria a ele o que aconteceu se ele tivesse ficado. — ela falou como se estivesse se divertindo com tudo — você está tão sensível assim? Não aguenta mais beber, Louise?

— beber talvez não, mas eu posso arrebentar sua cara com facilidade. — respondi.

— calma aí vocês duas — Mike entrou na cozinha — essa rivalidade não vai dá em nada.

— se eu matasse ela a rivalidade terminava. — Kallie murmurou.

— tenta a sorte, otária. — rebati.

— vamos, falta pouco para nosso vôo. — Mike disse tentando mudar o foco das coisas.

  Ele nos deixou sozinhas, Kallie Eastey ficou me encarando com o olhar de vadiazinha​ dela, eu rosnei e ela mostrou as presas. Mataria ela se isso não me causasse problemas mais tarde.
Peguei minha bolsa e fui para o carro. Mike dirigiu até o aeroporto, que bom que não era tão longe porque não sei se aguentaria mais um segundo sentada ao lado de Kallie Eastey, como ela pode ser irritante em silêncio?

  Coloquei o cinto e respirei fundo, Inglaterra não é bem meu lugar preferido. Meu parceiro de poltrona é Oliver, ele costuma ser bem quieto. Um vampiro elegante, olhos azuis e cabelos dourados. Ele é britânico e confesso que é um dos melhores que Wendy já teve como amigo. A realeza francesa, Jacqueline, tem sempre a mesma expressão de julgamento. Ela consegue ser chata sem fazer esforço. Sempre com os cabelos loiros presos num coque chique, os olhos verdes vagando por pessoas procurando defeitos. Ugh. Jacqueline parece aquelas top models, é irritante ficar perto. Kallie Eastey é mais alta que eu, cabelos pretos longos, olhos castanhos, lábios carnudos e bochechas perfeitas. O ego dela é grande, ela se acha perfeita.
Nas seis horas de viagem tentei me lembrar do que fiz em Colchester, mas parei de fazer isso quando lembranças ruins retornaram.
Eu não sei como vou reagir quando ver minha irmã na minha frente. Ela me deixou sem um mísero adeus, nunca irei perdoar isso.
Se não fosse pela crise em Tarragona e pelo desejo de Los especiales em ver minha irmã, ela ficaria mais setecentos anos mofando seja lá em que cova rasa que ela está.
Los especiales nunca confiaram em mim, ninguém do conselho nunca confiou. Depois que Matthew morreu os vampiros que ele criou se isolaram em algum lugar, eles não queriam se arriscar sem um protetor. Os vampiros que vieram depois de Wendy e eu são mais fortes que os com o sangue original, talvez seja por conta da mistura estranhamente louca em nosso sangue. Nos tornou forte e mágicas.
Depois das seis horas mais demoradas da minha vida pousamos em Londres.

Crônicas de Louise Onde histórias criam vida. Descubra agora