9- estou de volta na minha besteira

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  Faz um tempo que Marie Jane voltou para casa. Já passou metade do dia e eu estou tentando encontrar uma forma de resgatar minha família, mas está sendo difícil.

— veio me matar outra vez? — perguntei quando percebi Tomas ao meu lado.

— não. Eu não devia ter feito aquilo — ele sentou ao meu lado — qual o seu plano para salvar sua irmã?

— Acho que para tentar salvar Wendy eu deveria saber onde ela está — falei. Frustrada — já teve a sensação de inutilidade? Como se o mundo não precisasse de você e que ninguém sentiria sua falta caso desaparecesse?

— tive essa sensação ontem quando descobri sobre a morte do meu irmão — Tomas contou — ele era a única coisa que eu tinha e agora é apenas um punhado de cinzas.

— essa conversa está indo num caminho deprimente — fiquei de pé num pulo — só podemos continuar em um bar.

— concordo.

  Tomas ficou de pé, nós caminhamos em silêncio até o bar mais próximo.
O estabelecimento está quase vazio, além de nós há mais dois homens perto do balcão. Sentamos em uma mesa perto das janelas e uma moça com um olhar gentil veio nos atender, Bella está escrito no crachá dela.

— o que vão querer? — ela perguntou com um caderninho.

— sangria e... — Tomas olhou para mim.

— e uma garrafa de vodca — falei.

— ok... — a garota se virou em direção ao balcão.

  Eu olhei para fora, as pessoas indo e vindo com um propósito pra vida. Os humanos sempre pensam no que farão depois, o próximo passo. Eu não me preocupo com isso porque tenho todo o tempo do mundo... ou tinha há uns dois dias atrás.
Bella trouxe nossos pedidos. Eu coloquei uma dose de vodca e bebi. Tomas está me encarando, eu não consigo decifrar a expressão dele. Será que ele sente pena? Eu que deveria sentir isso, ele perdeu o irmão e a minha ainda está viva.

— eu não preciso da sua pena. — falei.

— eu não tenho pena de você — ele falou e bebeu a bebida dele — por que você não pede pra uma bruxa localizar sua irmã?

— Gabriella?

— não, ela não pode.

— então estamos ferrados porque nenhuma bruxa concordaria em me ajudar... sem eu pagar o valor certo. — lembrei-me de uma conhecida — obrigada pela sugestão, Tomas. — levantei da cadeira.

— você está sóbria o suficiente? — Tomas perguntou.

— graças a Deus não.

  Saí do bar e caminhei até o endereço que eu visitei muitas e muitas vezes.
Bati na porta e ela foi aberta pela garota que eu me lembro muito bem.
Aya, uma "amiga" que eu conheço a longo prazo. Ela tem a pele negra e cabelos longos com os cachos mais bonitos que eu já vi. O corpo dela é perfeito e a voz parece de anjo.
Aya talvez seja uma das pessoas mais bonitas que eu conheço.

— veja se não é a realeza — ela falou com um sorriso de canto — saudades de mim, amor?

— vamos considerar essa ideia.

  Aya me puxou pra dentro e fechou a porta. Ela me beijou com voracidade e eu retribuí.
Aya me ergueu e me colocou sentada em uma mesa da sala, facilitando para mim, já que eu preciso ficar na ponta dos pés para beija-la.
Ela rasgou minha blusa e depois tirou a dela. Mas eu não vi aqui para isso, então por que eu não paro?

— não, não, não — Aya se afastou de mim com um movimento — é sempre assim, você chega aqui, me seduz e pede para eu fazer algo absurdo.

— eu nunca te seduzi, sua bruxa — eu falei — e eu nunca te forcei a fazer nada, só paguei. — Aya revirou os olhos.

Crônicas de Louise Onde histórias criam vida. Descubra agora