"Chorar sobre as desgraças passadas é a maneira mais
segura de atrair outras."Willian Shakespeare.
Estou sentado em meio a um pomar, tão feliz por estar aqui e sozinho ainda por cima, olho ao longe e vejo varias e varias arvores frondosas e cheias de frutos, se eu esticar as minhas mãozinhas até poço colher algumas, pego uma e a levo a boca o sabor é delicioso, se Anita estivesse aqui e me visse fazendo isso me mataria, que bom que o que os olhos não veem o coração não sente.
Vejo uma borboleta linda voando baixinho e vou correr atrás dela, é difícil me ver ou imaginar eu mesmo fazendo coisas como essas, mas por um momento me sinto a criança mais feliz do mundo!.
Continuo correndo e até estou sorrindo, de repente ouço passos apressados me alcançando, outra
pessoa também está correndo, ouço risadinhas de criança, estranho por que não me lembro de ter visto mais alguém onde vim me esconder, as risadas continuam e quando olho para trás minhas pernas congelam no lugar, meu coração dispara e eu não
sinto ar nos meus pulmões, é ela, a menina, ela está toda ensanguentada e continua gargalhando, ela
está pálida o sangue continua saindo, não para e então ela aponta para algo atrás de mim, me viro para olhar do que se trata e quando vejo é meu pai,
e então volto a olha-la mas ela já não está mais ali, nada está mais ali nem as maçãs nem o verde da grama nem a alegria momentânea que eu estava
sentindo.Acordo dos meus sonhos arfando, suado e buscando por ar, já se passaram tantos anos e eu
continuo na mesma, sonhando todos os dias da minha vida com a garotinha que eu não pude salvar,
minha cabeça arquiteta lugares paisagens para me levar em sonhos e ela sempre aparece para
lembrar-me do que eu faço parte.
— Inferno. Levanto e olho no relógio, ainda não são nem cinco da manhã.
Decido ir correr um pouco para espantar esses demônios da minha cabeça.
— Como se adiantasse.
A vozinha na minha cabeça que eu conheço bem me fala, e realmente não
adianta o que quer que eu faça, isso não me deixa, não sai da minha cabeça aquilo que vi, marcou a
minha vida, se ao menos eu tivesse falado com ela se tivesse perguntado seu nome... __Não adiantaria de nada você nunca vai ficar em paz.
Mas que se foda essa merda visto minha roupa de correr e coloco uma musica agitada para as corridas.
Saio de casa e ainda está tudo escuro, decido correr hoje pelos vinhedos da fazenda, esse lugar de alguma forma me acalma.
Vou correndo sem destino não dando chance para pensamentos, mas paro quando o cansaço me vence bebo um gole de água, meu telefone começa
a vibrar e tocar sem parar, o pego e vejo que é Dominic, só pode ser castigo!.
— Mas o que merda você quer comigo seis horas da manhã, Dominic? Você não tem nada melhor para fazer da sua vida não?.
Pergunto e ele gargalha, idiota.
— Bom dia para você também mano, e sim eu tenho, estou o fazendo agora mesmo.
Mais gargalhadas, as vezes eu acho que Dominic gosta de me ver fora do serio.
— Cospe logo.
— Certo, estou ligando para falar que estamos tendo problemas com aquele carregamento que foi para a Rússia, você sabe aqueles caras se acham os
donos do mundo, prenderam a nossa carga lá como se tivessem autoridade para isso.
— Uma merda que são, mas isso é problema seu Dominic você ficou encarregado de fazer com que a
nossa carga chegasse ao destino sem nenhum problema, tipo esse. Eu acho muito bom você mexer seu traseiro e ir resolver isso antes que a merda venha a baixo, e acabe em problemas
maiores, você sabe tiros, fuzis, guerras, sangue, essas coisas que você sabe que eu adoro, mas que no momento não são necessárias, já temos problemas suficientes para lidar por agora, leve Viviane com você e fique longe de mais problemas.
— Ok, ok irei dar meu jeito, mas avise logo a Vivi que ela ira comigo, por que ela acata suas ordens, se eu falar, vai achar que estou blefando e não vai
me levar a serio.
— Eu fico me perguntando o por que ela não te leva a serio Dominic, ninguém realmente leva, mas da
Viviane eu cuido ela não ousaria desacatar uma ordem minha.
— Tudo bem senhor, Parti Nostru.
Ri e debocha de mim.
— Sinceramente ainda não sei por que não enfiei uma bala no meio da sua cabeça seu filho da...
— Ainda bem que não acabou essa frase, Mamma iria ficar decepcionada com você!
— Ah, me faz um favor e cala essa boca.
— Tchau Heros.
Desligo em sua cara, se tem uma pessoa que me tira do serio essa pessoa é meu irmão.Vou andando mas devagar e acabo parado em frente a maldita gaiola que meu pai fez para nos torturar, lembranças dos dias de frio me invadem, ainda posso ouvir meus próprios gritos de dor, as chicotadas, sentir o cheiro do sangue saindo de
minhas costas, e o frio avassalador é tão agoniante que começo a correr de novo dessa vez só paro quando entro em casa, Anita já está com a mesa
posta.
— Estava só te esperando para por seu café filho.
— Obrigada Anita, você fez?
Pergunto já sabendo sua resposta, ela sempre faz desde que eu era pequeno, café e torta de uva, é um ritual para mim todos os dias.
— É claro que sim, meu menino.
— Ótimo.
Anita é ótima sempre organizada e atenta a tudo, o marido dela era um dos seguranças do meu pai, que
morreu o protegendo, se eu não soubesse como a máfia é, teria dito para ele se safar e deixar meu pai
na merda, mas o segurança principal de um Dom se necessário, morre por ele, e então ela ficou viúva e como ninguém quis mata-la por ser eficiente sempre, aqui está ela me fazendo sobremesa de
uvas.Enquanto tomo meu café mando uma mensagem para Viviane avisando que ela irá com Dominic para a Rússia, ela obviamente não vai gostar muito disso mais que bom que não me importo, aqui se faz o que eu mando.
Acabo o café e subo para o meu quarto, tomo um banho demorado para tirar toda a sujeira e suor da
corrida, acabo o banho pego um de meus ternos, o visto e desço para o escritório, tenho muito trabalho a fazer hoje assinar papéis e mais papéis, fico distraído até ouvir passos apressados de saltos altos e a porta logo se abre, não preciso de uma
bola de cristal e nem olhar, para saber quem é.
— O que você.... Por que eu tenho que ir com ele?
— Porque eu quero.
Digo o óbvio.
— Mas Heros eu tenho que ficar aqui com você, não tenho nada para fazer lá, ele pode resolver sozinho.
— Ah Viviane até parece que você não o conhece, você vai para ficar de olho nele e me contar tudo, é isso que você tem para fazer lá.
— Você não pode fazer isso!
Saio do lugar onde estou e vou até ela, chego tão perto que vejo ela prendendo a respiração, passo as mãos pelos cabelos ruivos dela, da para ver que ela me teme, aliás quem não.
— Eu posso tudo o que eu quiser, e se eu estou falando que você vai, você vai e não se fala mais nisso está me ouvindo? As passagens já estão
compradas e vocês embarcam ainda hoje.
— Sim, chefe. Mais porque não podemos ir no seu jato.
— Você acha que eu sou burro de mandar vocês para território inimigo no meu jato particular? Você nao acha que seria a mesma coisa que colocar um alvo no meio da testa de vocês Viviane?
— É verdade.
Ela solta a respiração se afasta e sai batendo a porta, em todos esses anos Viviane sempre se mostrou muito apegada a mim quase nunca sou tão
grosso com ela, mas as vezes é preciso para que entenda que mesmo sendo próxima ainda me deve
obediência .Acho que o que esses dois mais gostam de fazer na vida é me irritar, vou até o bar e coloco uma boa
quantidade de Bourbon em um copo e o bebo puro sem gelo, e o ardor que fica na minha garganta me ajuda a manter a calma que insistem em me tirar.Vou até a minha poltrona, sento abro uma das gavetas procurando meus charutos cubanos e não é possível, não os acho, o que um homem tem que fazer para achar seus charutos cubanos onde os guarda e fuma-los. O telefone do escritório começa
a tocar e minha cabeça está a mil.
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Destinos Entrelaçados
Romance❌Alerta❌ Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência, Atenção Romance dark. Esse livro conté...