capitulo cinco, Lua.

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"A diferença entre feridas incuráveis e lembranças, é que feridas incuráveis não mutilam sua alma; Já as lembranças, não só mutilam sua alma como também te bloqueiam."

As feridas da alma são sempre curadas com carinho, atenção e paz, nunca com sexo, violência e dor, eu
nunca soube o que é carinho muito menos paz e as feridas que existem no mais profundo da minha alma nunca sumirão, nem ao menos recebem
tempo suficiente para criar uma casquinha sequer, e assim pararem de sangrar, são como uma bola de
neve só aumentam a cada dia.

Já faz uma semana que saí dos domínios cruéis do meu pai para vir parar nas mãos do meu irmão o
que da no mesmo, os dois agem com a mesma brutalidade e crueldade de sempre comigo, nunca tive uma palavra amiga nem mesmo um abraço
amigável de nenhum dos dois, tudo o que eu conheço é o peso de suas mãos sob meu corpo, as marcas que deixam tanto no corpo como na alma.

Nicolau está louco se acha que nosso pai não vai procurar por mim, que vai deixar sua obsessão por mim de lado para realizar só mais um de seus
caprichos, Nicolau me droga sempre que tem chance, já o meu pai nunca o faz, sente prazer ao ver minha dor, não sei o que é pior ser drogada e perder completamente o controle dos meus atos, ou ficar sobria e passar por toda a dor e o caos que me cerca, hoje Nicolau me chamou de querida e
disse que ia ser diferente que não ia judiar tanto de mim, confesso que me peguei tentando acreditar,
mas passe tantos anos vivendo em meio aos demônios, que você perde a fé nos anjos se é que exista algum, e se eles existirem mesmo fui jogada
pro mundo do esquecimento.

Mesmo dizendo que seria diferente dessa vez, aqui estava a famosa pontadinha no pescoço me levando
rumo à escuridão, acordei em uma sala não sei onde, eu nunca sei onde estou ou para onde vou, ao abrir os olhos meio zonza percebo uma mulher
pendurada igual a mim, é estranho ver outra mulher ocupando a minha posição, ela sangra, está pálida e seus labios estão trêmulos, mais não emite
nenhum som, queria ter a capacidade para sentir pena, mas até isso foi arrancado de mim parece que
nao sou mais humana, aliás não me sinto assim, ninguém nunca me fez sentir assim.
- Um objeto sexual.
É assim que meu pai me chama, estou também vestida em umas roupas
estranhas que só ficam meus olhos de fora, as vezes eu penso que até ser impossibilitada de ver tudo à
minha volta vou ser, talvez até seria melhor, assim não teria nenhuma lembrança ruim além das
sensações e do medo.

Não sei o por que disso tudo, mais vindo dele coisa boa não deve ser.
Nicolau entra em meu campo de visão ainda meio turvo.
- Veja meu luar, acredita em mim agora? Eu nao disse que seria diferente desta vez, hum?.
Ele abre um sorriso para mim, como eu queria poder um dia sorrir dessa forma que ele faz.
- Você está vendo está mulher, querida?.
Ela fez algo terrivel e está ali pagando pelos seus atos horriveis, mas antes que ela desapareça, dê a ela um pouco de prazer, creio que não terá nunca
mais.

Ele está mesmo fazendo cara de tristeza? Está sim, nem sei o por que ainda me surpreendo com eles. Como eu não falo e nem me mexo, ele arqueia uma de suas sobrancelhas ordenando que eu faça o que
me foi dito.

Nunca gostei de usar as mulheres, como eles fazem, mas sempre me obrigam eu prefiro quando é ao
contrário o prazer que elas me proporcionam sempre me tiram da realidade por uma fração de
segundos. Pelo meu canto de olho consigo ver varios homens sentados em uma mesa muito grande, e como se dissesse só com um olhar que
tudo aquilo não era de minha conta, ele me olha ferozmente, o que me faz temer que ele resolva fazer alguma maldade comigo, então volto a olhar
para a mulher e resolvo me concentrar em fazer o que ele me mandou.

Me aproximo dela e a olho novamente como se tivesse a pedindo desculpas pelo que irei fazer. Começo alizando suas pernas, descendo e subindo
ela parece desconfortável começa a gemer mas não de prazer, e sim de dor e agonia eu conheco bem
esse tipo de gemido.

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