Décimo Quinto Capítulo - Polícia

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- Espero que não tenha trago a polícia junto com você - Zulema fala olhando pra fora da casa, em todos os cantos procurando algum carro de polícia e puxando Macarena para dentro da casa o mais rápido possível. 

- Eu sou a polícia ou você se esqueceu.

- É verdade, você é a polícia; Inspetor Castillo - Zulema fala fechando a porta e dando ênfase no nome.

- Castillo? O que você faz por aqui? - Macarena pergunta ao lado de Zulema. 

- "Nada de armas Zahir" - Zulema repete a frase dita por Macarena em tom de ironia.

Macarena dá um leve tapa no braço de Zulema e abraça Castillo.

- Quanto tempo Maca! - O inspetor inicia a conversa.

- Sim, como você está? - Macarena pergunta educadamente.

- Já tive dias melhores.

Zulema observava com as mãos no bolso da calça com o leve biquinho pra frente, pensando o porque e como Castillo havia conseguido chegar até aqui.

- Vocês já se apresentaram? Se não eu faço de novo; Saray mas essa você já a conhece a bastante tempo e não ligue pra ela.

Saray mostra o dedo do meio para Macarena, que sorri.

- Mala, sua esposa, Estrella, sua filha, agora já bem maior e essa é Rosa, minha filha - Macarena apresentava animada.

- Nossa filha - Zulema diz, deixando uma Macarena sorridente e uma Saray de boca aberta - A menina é a minha cara, como você pode ver.

- Como? Eu imaginava que vocês estavam juntas, mas não como um casal. Se vocês estão felizes e não se matando, tudo bem! - Castillo fala de coração.

- E a que devemos a honra de sua visita, querido inspetor? - Zulema pergunta.

- Aconteceu um novo caso sobre o narcotraficante Victor Ramala, a polícia nunca conseguiu o pegar mas parece que ontem, ele e seus seguranças foram encontrados mortos em um galpão distante da cidade e ninguém sabe quem o matou. - Castillo falava alternando olhares entre Zulema e Macarena. - Mas há um ano atrás, aconteceu um assalto a uma tiara de diamantes, com um grupo formado por seis pessoas e só duas delas ficaram vivas e estão na prisão. Achávamos que as chefes do assalto tinham sido mortas porque simplesmente sumiram do mapa mas eu percebi que não havia corpos e o casal novo da prisão, abriu o jogo e disse que as duas fugiram mas não sabia o que tinha acontecido depois, era eu quem estava no caso de Ramala ontem, atrasei os carros para que pudessem fugir, então liguei as peças e encontrei vocês. 

- Bingo! - Zulema ri e bate palmas - Como você é incrível Castillo e agora você vai nos prender?

- Porra Zulema… Queria sim, seria mais uma vez eu prendendo e ganhando de você mas eu não posso fazer isso.

- E o que você vai fazer? - Macarena pergunta preocupada.

Castillo suspira e diz.

- O que vocês querem que eu faça?

- Dez milhões de euros na minha mão e negócio fechado - Zulema brinca.

- Não me foda Zulema.

- Bom, não sei, você poderia encerrar o caso e limpar nossos nomes né? Assim poderíamos andar na rua tranquilamente sem sermos procuradas- Macarena sugere.

- Mas isso seria crime - Castillo explica.

- O que até hoje a gente fez que não é crime? - Zulema diz.

- Cuidar de uma criança - Saray sussurra para Mala.

- Mas você tem boa influência e sairia ileso disso - Macarena insiste.

- Se fosse o inspetor sim, mas o Castillo de agora - O inspetor pensa e repensa - Então isso é a última coisa que vou fazer por vocês e pela menina.

- E com os dez milhões ainda dá pra cuidar da criança - Zulema diz brincando.

- Porra, ai você já quer demais, te dou a mão e já quer o braço inteiro. Eu tenho que ir antes que eles desconfiem de algo.

Macarena abraça Castillo pela última vez e Zulema o acompanha até o carro fora de casa. Eles saíram, deixando todas as mulheres respirarem aliviadas.

- Quem quer sorvete? - Macarena pergunta animada, levantando a sacola nas mãos. 

Do lado de fora, Zulema e Castillo caminham até o carro.

- Como estão as duas da prisão? - Zulema pergunta se referindo a Goya e Triana.

- Bem na medida do possível, elas tem uma a outra, por isso vivem grudadas andando para todo o lado da prisão. 

- Em Cruz del Sur ou Cruz del Norte?

- Por que quer saber Zulema? Não me diga que quer tirá-las de algumas dessas prisões que eu não vou te falar onde elas estão - Castillo diz cruzando os braços.

- Ai que você se engana, não vou arriscar a minha liberdade pra me estressar aqui fora com um unicórnio ambulante, que agora usa amarelo.

- Você arriscou morrer pela Macarena.

- Com ela é diferente - Zulema se apoia no carro acendendo um cigarro - Que carrão hein Castillo.

- Vai pedir o carro também?

- Eu não pediria se tivesse dez milhões. - Zulema começa a se movimentar, contando mentalmente um passo.

- Você nunca vai superar os quase dez milhões da Yolanda - Dois passos.

- Você não aceitou metade e me prendeu - Três passos.

- Se eu não te prendesse, você não estaria com a Macarena agora. Cuida delas - Quatro passos.

- Eu farei isso. - Cinco passos.

- Se cuida Zahir - Seis passos.

- Não vai morrer velho. - Zulema ri - Sete passos.

- Você que não pode e eu muito próximo. - Oito passos.

- Que história é essa? - Nove passos.

- Estou com uma doença terminal. - Dez passos.

A expressão de alegria de Zulema se torna séria. Tudo se encaixava, os exames trocados, o hospital, só precisava confirmar a teoria de sua cabeça. 

- Conta mais.

- Ora ora Zulema Zahir interessada com a minha vida.

- Eu sempre me importei com você.

- Bom, eu sentia muita dor de cabeça e minha visão ficava embaçada, fui no médico e na primeira vez eles falaram que não tinha nada, estranhei porque mesmo depois disso eu ainda sentia esses sintomas, mas não dei importância.

- Meses atrás, o hospital me ligou dizendo que trocaram os meus exames com uma paciente. Que sorte essa filha da puta tem.

- Joder, muita sorte ela tem.

- Então logo avisando que se souberem algo sobre a minha morte, conforte Macarena. Só você sabe disso e prefiro que seja assim.

- Claro, vá em paz Castillo.

- E você fique em paz.

Castillo entra no carro, dirigindo de volta a caminho de sua casa, onde passaria seus dias de vida, depois de limpar os nomes das ex-assaltantes.

Deixando Zahir entristecida pelo que foi revelado por Castillo.

"Morrer é a consequência de uma vida cheia de aprendizados. Fica a seu critério decidir se quer viver, ou apenas sobreviver."

Cuando Te VayasOnde histórias criam vida. Descubra agora