P.O.V Castillo:
Senti meus dedos cada vez mais gelados, as luzes brancas em contraste dos sons do aparelho respiratório me fizeram suspirar. Me forcei a buscar por alguém naquele imenso e pacato quarto de hospital mas falhei na minha busca, estava sozinho e pela primeira vez não me incomodava.
O barulho leve e um pouco irritante do monitor cardíaco me traziam a realidade. Ficando cada vez mais baixo e agudo não demorei muito pra descobrir seu significado
Bip... - Minha história iria chegar ao fim.
Bip... - Não enxergo mais nada além de uma imensidão preta
Bip... - Meus sentidos se perdem aos poucos
Bip... - Fui consumido pela mais dolorosa doença, aquela que nos faz perder todas as esperanças e mesmo sem ela lutamos até o fim pra acreditar que podemos nos curar; o câncer ganhou mais uma vez
Bip... - Meu coração parou de bombear - Bip...
Quando a morte vem chegando, parece que as pessoas ficam em paz. Param de lutar contra ela e se entregam com uma docilidade quase incompreensível.
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- Está é a vida Maca, um ciclo se fecha enquanto outro se inicia - Zulema diz após Maca descobrir o rosto de Castillo com o lençol branco, onde estava deitado na cama do hospital - Não há mais dor.
Flashback On:
Estava amanhecendo, o sol aparecia no horizonte com seus primeiros raios, extremamente brilhantes, cintilando por todos os cantos de um magnífico céu azul, quando o celular de Macarena tocou diretamente do hospital.
Zulema resmungou desfazendo a posição que abraçava Maca por trás, virando para o outro lado, quando o som do estridente celular ecoou pelo quarto em que dormiam e Macarena ainda de olhos fechados, estendeu o braço até a cômoda do lado da cama, batendo três vezes até finalmente achar o celular.
Cerrou os olhos quando viu a tela clara do celular e deslizou para o lado atendendo, sem ao menos ler o número.
- Alô? - Macarena diz com a voz sonolenta, ainda processando e tentando se manter acordada.
Zulema estava acordada apenas de olhos fechados, desconfiada como sempre e se perguntando quem ligaria, rapidamente olhou ao relógio digital da cômoda do seu lado, às 06:21 da manhã.
- Não - A voz trêmula de Macarena saiu num sussurro tão baixo que quase Zulema não conseguiu ouvir, que rapidamente se virou preocupada e viu Macarena abaixar a cabeça ainda com o celular no ouvido, balançando a cabeça em negação.
Zulema engoliu seco esperando Macarena encerrar a ligação, quando o fez, não conseguindo mais segurar a dor para dentro de si, soltou um choro angustiado. A mais velha prontamente se aproximou e abraçou a Rubia fortemente, sentindo seu coração quebrar aos poucos a cada soluços e fluídos que a mais nova dava, não precisou Macarena contar a Zulema sobre o que havia acontecido, ela já sabia.
Quando Macarena finalmente conseguiu se acalmar, ela juntou as forças que restava para contar a Zulema.
- É do hospital...
Zulema apenas acenou e lhe dando um pequeno sorriso levantando só um canto dos lábios, para lhe tranquilizar e que prosseguisse.
- Castillo... Ele... faleceu - Macarena disse em um sussurro a última frase, sentindo seu corpo estremecer e se segurar novamente ao corpo de Zulema.
Não precisava de lágrimas para que Zulema demonstrasse sua dor, mas ela estava sentindo por dentro e o que mais lhe importava agora, era apoiar Macarena nesse momento tão difícil.
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Cuando Te Vayas
Fiksi PenggemarO fim era apenas um recomeço, eu não tinha nada a perder, já ela tinha uma vida dentro da mesma para cuidar e ser feliz, sem nada para interferir no seu destino. Ela já tinha apontado uma arma para mim e não disparou, não sei se por medo ou por amo...