Chapter 1.

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Sextas-feira, 23:02 da noite, 21 de Janeiro de 2017.

As ruas da cidade estavam vazias em um completo silêncio. Por causa do mal tempo, estava um dia de chuva, um friozinho bem gostosinho. Enquanto a chuva caía lá fora, eu conversava com Isabel, minha amiga desde que me mudei para a Coréia, onde vim fazer faculdade de medicina, mas infelizmente tive que acabar parando na última fase pelo simples motivo de que não dava para eu trabalhar como secretária e ao mesmo tempo estudar. Eu virava a noite estudando e sempre chegava com uma aparência deplorável no trabalho, e por isso
decidi dar um tempo. Estávamos conversando sobre uma cerimônia de casamento que fomos semana passada, que inclusive era o casamento da minha irmã.

- Mas me diga, Lucy, você não pensa em se casar não? - Fala Isabel, com sua xicara de chá na mão, me observando.

- Não, muito obrigada, mas essa eu passo. - Falo calmamente enquanto viro minha atenção para a janela que tinha uma vista incrível da chuva que estava a cair.

- Sério? Nunca pensou nisso? - Ela me olha perplexa, como se eu tivesse dito a pior coisa do mundo.

- Sinceramente? Nunca nem tive interesse. - Falo, voltando minha atenção a ela, que me olhava abismada.

- Não consigo acreditar que você nunca nem sequer pensou nisso. - Diz, me olhando desconfiada.

- Já pensei em namoro ou um caso de um dia, mas casar já é demais, né. - Desvio o olhar dela, voltando a observar a chuva calma que estava tomando conta da cidade agora.

- Mas vamos supôr você casada e com dez filhos. - Pensa um pouco e logo fala, soltando uma gargalhada com sua própria fala.
- Eu não, credo! - Falo rindo e a olhando incrédula, mas logo levantando e indo em direção às cozinha, sendo seguida pela mesma. Minha casa era simples mas bem confortável; a cozinha era bem decorada com alguns detalhes bem delicados por parte de minha mãe assim como a sala, com apenas três sofás, uma mesa de centro e um painel com a televisão. Nunca gostei muito de uma casa com muitos móveis. Ao meu ver, só atrapalha e gasta espaço. Já no meu quarto, as paredes são pintadas em um tom branco bem clarinho e o piso é todo de madeira vinílica.
- Hum, então se imagine casada há uns quatro anos, seu marido com uns vinte e seis anos ou vinte e oito e dois filhos e perfeito. - Isabel finaliza sua, fala toda eufórica.
- Não, nunca me casaria com um cara com uma idade dessas. Sem preconceito, só gosto de caras mais novos que eu, com uns vinte e um. E nunca vou ter filhos, passo essa, nunca mesmo! - Falo totalmente decidida, indo em direção ao meu quarto.
- Lucy, Lucy, nunca diga nunca, você pode pagar o preço. Tudo é possivel, o destino pode te pregar uma peça ou você pagar por suas palavras. Eu sei que esse é seu maior sonho - Diz Isabel, me acompanhando até o quarto, mas logo que termina de falar dá a volta, indo em direção ao quarto de hóspedes, e eu fico parada na porta, pensativa.
- Nunca que esse seria meu maior sonho. Eu casada? Marido? Filhos? Não, nunca mesmo! - Falo para mim mesma, entrando no quarto e logo deitando na cama. Olho para janela e vejo uma velha me observando e sorrindo, na mesma hora fecho meu olho com força e olho de novo, mas não tem nada lá. Deve ser coisa da minha cabeça, quem em consciência plena sairia nessa chuva, ainda mais para observar uma pessoa? Ninguém é louco a esse ponto, pelo menos eu acho. Volto minha atenção para meus pensamentos e fico praticamente uns vinte minutos só pensando nas palavras de Isabel, com um certo receio de acontecer. Não, mas isso é bobagem da minha cabeça, nunca aconteceria isso, não acredito nessas bobagens. Logo sinto minhas vistas pesarem e acabo dormindo com esses pensamentos martelando em minha mente.

Manhã de segunda, 08:14 da manhã de 21 de Janeiro de 2021.

Vou acordando aos poucos e sinto uma dor no corpo e um peso em cima da minha cintura. Olho por baixo e eu estou completamente nua, como assim? O que está acontecendo aqui? Não me lembro de dormir sem roupa. Estava tão assustada e ao mesmo tempo confusa que nem tinha reparado um braço na minha cintura, tento ficar calma e não me desesperar antes da hora. Começo a me virar lentamente para ver quem está do meu lado e logo vejo um homem de cabelos negros meio compridos dormindo serenamente, começo a olhar ao redor e percebo que não estou na minha casa. As paredes eram cinzas e o quarto bem moderno com detalhes delicados. Parece que mora uma mulher aqui, tem algumas coisas de mulher pelo quarto... ai meu Deus, será que dormi com um homem casado? Me levanto rapidamente, me enrolando em um lençol que estava jogado no chão, mas para meu azar o homem acorda também e logo sorri para mim. Como assim, ele é doido? Nem conheço ele, trai a mulher e sorri assim de bem com a vida? Esse é louco mesmo.

- Bom dia, meu amor. - O homem diz calmo. Ele acaba de trair a esposa dele e está assim, ele tem problemas? Nem sei o nome dele, o que eu fiz da minha vida? E onde eu estou? Estava tão perdida nos meus pensamentos que nem percebo que o homem estava sentado na cama me olhando - olhos negros e um corpo bem definido de um verdadeiro pedaço de mau caminho - e aí que percebo que ele está nu e que estou olhando demais. Desvio meu olhar meio envergonhada.
- Você é doido? Nem te conheço, fica longe de mim. - Digo um pouco alto quando ele se aproxima, agora coberto por uma calça de moletom que ele pegou que estava perto da cama. Logo vejo duas crianças entrarem no quarto, uma menina e um menino, supostamente de uns três e quatro anos. Os dois estavam esfregando as mãozinhas no olho, mostrando o sono ainda presente.
- Appa, a omma está bem? - O menino diz, sentando do lado do homem que agora estava sentado na cama. Meu Deus, viram o pai com a amante (no caso eu).
- Está sim, bebê. Ela só deve estar confusa e com sono ainda, não é, amor? - Diz, olhando para as crianças e logo me olhando. Por que ele me olhou? Nem conheço esse doido.
Ok, o que está acontecendo aqui?
- Amor o caralho, eu nem te conheço, trai a esposa na própria casa. - Falo, sem me importar com as duas crianças e o homem me olha confuso.
- Do que você está falando? Amor, está tudo bem? - Levanta, com um semblante preocupado, vindo até mim, mas logo me afasto e vou em direção às porta, enrolada no lençol ainda. Passo por um corredor e logo desço umas escadas e ao longo do caminho vejo vários retratos meus com aquele homem e as duas crianças, ele é um psicopata? Fotos minhas e inclusive uma comigo vestida de noiva... Ok, não lembro de ter bebido ontem, então só pode ser um sonho.
- Isso só pode ser uma pegadinha. - Murmuro para mim mesma, procurando as câmeras, mas não acho nenhuma e logo entro em um cômodo qualquer, fechando a porta e trancando. Suspiro aliviada, olhando ao redor e vendo que se trata de uma biblioteca.
- Perdida, minha jovem? - Olho em direção à voz, encontrando uma senhora de meia idade me observando. O rosto dela me parece familiar.
- Quem é você?
- Vim te ajudar a entender o que está acontecendo. Lembra das palavras da sua amiga? Nunca diga nunca? Pois bem, ela estava certa. Suas palavras se viraram contra você porque no fundo você queria isso.
- Como assim? Você é macumbeira? - Digo com um certo medo.
- Não! Mas tudo que você fala ou faz tem consequências e essa é a sua.
- Agora lembro de você, é aquela velha que ontem estava me olhando na janela e sorrindo. Sua velha macumbeira, desfaça isso.
- Não posso, enfrente as consequências. Um último aviso: você tem que se encaixar na história, não pode deixar ninguém descobrir sobre isso, se não terá graves consequências.
- E a Isabel?
- Nem ela pode saber, todos pensam que você está casada e com dois filhos. Estamos em 21 de abril de 2021. - Disse a senhora. - Agora tenho que ir, caso você comece a estragar as coisas ou tentar convencer alguém aqui que você não é quem eles pensam ser, você poderá pagar até com a própria vida. Aguente as consequências do que você fala, ninguém vai acreditar que isso aconteceu de uma hora para outra, vão te internar em uma clínica para doidos. Não se esqueça de agir normal, quem sabe assim tem sua vida de volta. - Fala com uma expressão bem séria, logo sumindo, bem na minha frente.
- Não acredito nisso, maldita hora que falei aquilo. - Digo me abaixando e sentando no chão, ainda enrolada no lençol, e solto um longo suspiro.
- Amor, você está ai? - Escuto o homem se aproximando, tentando abrir a porta mas falhando por estar trancada.

"Pronto, agora mais essa."

Penso, suspirando mais uma vez e logo me levantando.

De Repente Casada ( Jeon Jungkook ) "Atualização Lenta"Onde histórias criam vida. Descubra agora