XX - O Golpe

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A sala estava em silêncio depois que Alec proferiu aquelas palavras, todos perdidos em seus próprios pensamentos. Agora, analisando a ideia do primo, Jace conseguiu ver um motivo pelo qual Jordan recusava-se a dizer qualquer coisa.

O filho da puta tinha alguém o protegendo, e alguém forte. Alguém que conseguiria suportar o poder tanto do pai, quanto dos Morgenstern. E isso não era pouco, diga-se de passagem.

Mas afinal, quem seria?

Havia várias gangues na cidade, pequenos grupos armados e até mesmo mafiosos experientes, mas nenhum deles tinha tanto poder quanto as duas famílias que comandavam a cidade, isso era óbvio. Eles tinham tomado cuidado de riscar do mapa qualquer idiota que ousasse interferir nos negócios, e só não tinham riscado Valentim Morgenstern e sua família ainda porque eram tão poderosos quanto, o Herondale mais novo sabia isso.

Quem seria o imbecil que entraria entre duas famílias que estavam em guerra desde sempre? Porque era isso que a pessoa devia ser: imbecil.

— Essa suposição... – Robert começou, mas foi interrompido por Stephen, que agora encarava o filho e o sobrinho, os olhos azuis do mais velho faiscando na direção deles.

— Não faz sentido algum, e ao mesmo tempo, faz todo o sentido do mundo.

— Dessa vez eu não entendi. – Isabelle bufou. – Como assim não faz sentido e ao mesmo tempo faz todo o sentido do mundo, tio?

— O que ele quis dizer Isabelle é que a ideia é absurda, mas ao mesmo tempo, justifica o porquê de Jordan não estar falando nada conosco. – Robert explicou à filha.

— Ele tem alguém para protege-lo, e está segurando essas informações com esperança de ser resgatado. – Alec disse, ainda com os olhos grudados no melhor amigo à sua frente – Mas quem seria o idiota que se oporia as duas maiores famílias de Nova York? Quem estaria disposto a correr o risco de se expor por causa de Jordan? – o desprezo na voz do Lightwood ao dizer o nome do policial ficou evidente para todos no local.

— Ele realmente deve ser muito valioso para que se arrisquem desse jeito mesmo – Jace concordou.

Alguma coisa não estava certa, disso o loiro sabia. Eles estavam perdendo alguma informação, algo estava passando porque não fazia sentido algum arriscar-se para resgatar Jordan da casa deles, ainda mais sabendo quem estava de posse do policial imbecil duas caras.

Algo estava passando, Jace tinha certeza disso.

Levou o lápis que segurava em suas mãos aos lábios, mordendo-o, enquanto seu cérebro ainda maquinava o que poderia estar acontecendo. Era uma droga estar no escuro daquele jeito, ainda para ele, que sempre precisava estar agindo, que necessitava estar por dentro de tudo a todo momento.

— Estamos perdendo algo... – Alec quebrou o silêncio novamente, olhando para o primo. A expressão que via no loiro era a mesma da sua: frustração.

— Eu estou pensando em uma coisa – Isabelle mencionou, olhando para os homens a sua volta. – Já que estamos considerando o fato de que Jordan não está sozinho nesta jogada e que alguém poderia vir resgatá-lo, eu estava maquinando aqui...

— Maquinando? – Jace perguntou com um mini sorriso. Só mesmo Isabelle para usar umas palavras deste modo.

— Cala a boca – a prima o respondeu com um olhar cortante – Então, eu estava lembrando, na verdade, do dia em que fomos até a delegacia de polícia pegá-lo, para tentar lembrar de alguém ou alguma coisa que possa ter passado despercebido, e reparei em algo: foi tão fácil entrar naquele lugar, não foi?

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